Os EUA reconheceram na terça-feira (18) que a venda dos sistemas de mísseis terra-ar russos S-300 para o Irã não viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e nem o plano de ação acordado pela República Islâmica com o sexteto. No entanto, se mostrou contrário ao negócio.
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O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse em entrevista coletiva que os EUA têm objeções. Ele explicou que o governo norte-americano concorda que o sistema é defensivo, mas disse que “não é uma capacidade militar insignificante”. O assessor acusou o Irã de realizar “atividades nefastas e apoiar o terrorismo em torno da região”.
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Quando foi lembrado que o Irã, no contexto do acordo nuclear realizado com o sexteto – Rússia, China, EUA, França, Alemanha e Reino Unido – tem o direito legítimo de se dotar de armas defensivas, Kirby respondeu que o governo norte-americano “tem preocupações legítimas de que esses tipos de sistemas poderiam acabar por serem utilizados para outros fins ou nas mãos de outras pessoas”.
Nota do editor: exatamente como ocorre com os fuzis .50 das forças armadas norte-americanas que estão nas mãos de traficantes brasileiros?
Embora Kirby concorde que a transferência do sistema defensivo para o Irã não é proibido sob as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, ele afirmou que os EUA “precisam saber mais sobre as especificidades desta transferência para determinar se os programas de sanções nacionais dos EUA podem estar sendo implicados no prosseguimento desta venda”.
Um funcionário do Departamento de Defesa norte-americano, a pedido da mídia do país, explicou os temores da Casa Branca devido à capacidade de defesa aérea do S-300. “Este é um sistema de armas muito capaz, que pode derrubar caças dos EUA ou israelenses”, frisou o analista.
O presidente russo, Vladimir Putin, assinou no dia 13 de abril um decreto permitindo a venda dos sistemas S-300 ao Irã e anulando um documento anterior, datado de 2010, com a assinatura do então presidente russo, Dmitry Medvedev, suspendendo a entrega. Esse decreto foi aprovado na sequência de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.
“Hoje, os nossos parceiros iranianos demonstram uma grande flexibilidade e desejo de chegar a um compromisso… É por isso que tomamos essa decisão”, explicou Putin em abril.
Comentando sobre o levantamento da proibição, o chanceler russo, Sergei Lavrov afirmou que era preciso “levar em conta o aspecto comercial e de reputação”, lembrando que com “a interrupção do contrato, a Rússia não recebeu uma grande quantidade de recursos devidos”.
Rússia e Irã haviam negociado a venda de cinco dos sistemas de defesa aérea de longo alcance, em 2007, a um custo de, aproximadamente, US$ 900 milhões. Como resultado da decisão de Moscou de não concluir o negócio, Teerã entrou com uma ação US$ 4 bilhões no Tribunal Internacional de Arbitragem em Genebra.
Na terça-feira, o ministro da Defesa iraniano, Hossein Dehghan, disse que um novo contrato de quatro sistemas S-300 está previsto para ser assinado pelos dois países até a próxima semana. Uma fonte da pasta do Irã afirmou à Sputnik que, assim que o documento for finalizado, Teerã vai retirar a ação internacional contra Moscou. Ela destacou que a entrega possibilitará outros acordos militares.