A OTAN instrumentalizou a crise ucraniana para demonstrar a seus integrantes que a Aliança ainda segue sendo relevante, declarou nesta terça-feira o representante russo permanente para a OTAN, Alexander Grushko.
Sputnik
"A crise ucraniana foi utilizada para que a OTAN voltasse a seu objetivo original e para mostrar aos países da Europa Ocidental que a Aliança continua sendo necessária e útil na questão da segurança", disse o diplomata russo em entrevista ao canal Lifenews.
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Grushko afirmou que a organização foi criada no contexto da Guerra Fria como oposição à União Soviética "e se sente incomodada sem um adversário."
O diplomata acredita que a atividade militar da OTAN procura confrontos inclusive em regiões tranquilas da Europa, como o Báltico.
"Temos como exemplo o que aconteceu na Europa Central e no Báltico. A OTAN não é capaz de dar segurança a esses países membros. Um exemplo evidente é a região do Báltico, que nunca foi alvo de ameaças militares clássicas", ressaltou Grushko.
Os jogos políticos que têm como objetivo a expansão da OTAN rumo à Geórgia e à Ucrânia, alertou o diplomata, poderiam ter consequências catastróficas para toda Europa.
"Qualquer jogo político em torno da expansão da OTAN na direção de Geórgia e Ucrânia levaria profundas e graves consequências geopolíticas para toda Europa. (…) Em Bruxelas e outras capitais entendem que é um jogo perigoso", disse.
Grushko questionou ainda o benefício que esses novos esforços podem trazer aos países membros. Para o diplomata, só agora o Ocidente vem percebendo que os planos para formar um acordo se segurança que exclua ou se oponha à Rússia são impraticáveis.
"Os países da Europa devem entender que esta tendência não responde a seus interesses nem fomenta relações saudáveis e pragmáticas com a Rússia", afirmou Grushko.