Na sequência da recente expansão da OTAN e do aumento de sua atividade na Europa Oriental, especulações sugerem que a aliança militar pode expandir ainda mais sua influência na Ásia, com relatos de que o Japão está considerando colaborar com a organização ocidental em um consórcio multinacional de mísseis de última geração.
Sputnik
De acordo com a agência Reuters, autoridades japonesas estão considerando a possibilidade de tomar parte em um consórcio de construção de mísseis conhecido como NATO Sea Sparrow, composto por 12 países da OTAN. Se o relato for confirmado, este seria o primeiro projeto internacional de defesa do país asiático.
O consórcio da OTAN gere a produção e o desenvolvimento de mísseis superfície-ar Sea Sparrow, usados para proteger navios de guerra do ataque de mísseis e aeronaves.
O projeto é compartilhado entre Bélgica, Canadá, Dinamarca, Alemanha, Grécia, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Turquia, EUA e Austrália – que atualmente é a única do grupo que não faz parte da OTAN.
Citando uma fonte oficial norte-americana, a Reuters informou que dois oficiais navais japoneses discutiram a possível participação de seu país no consórcio durante uma viagem a Haia, em maio passado.
Embora a inclusão do Japão no grupo pudesse distribuir os custos do projeto, a ânsia de autoridades norte-americanas para trazer Tóquio a bordo pode ser creditada a objetivos geopolíticos maiores, segundo apontam alguns analistas.
Como um aliado estratégico de Washington, os EUA acreditam que o Japão pode desempenhar um papel significativo em uma série de parcerias militares multinacionais na Ásia, especialmente com a China despontando como uma potência capaz de desbancar a pretensão de hegemonia norte-americana na região, modernizando suas forças militares e expandindo sua influência política na vizinhança.
“Acreditamos que este projeto vai permitir ao Japão lançar as bases para outros programas de exportação [na área] de defesa no futuro", disse a fonte dos EUA citada pela Reuters. "Receberíamos bem este tipo de atividade de cooperação de segurança por parte do Japão na região", completou.
Os relatos sugerindo que o Japão pode estar pensando em tomar parte no consórcio da OTAN são entendidos por muitos analistas como mais um passo na política do primeiro-ministro Shinzo Abe de aumentar a cooperação internacional em matéria de defesa.
Desde que assumiu o cargo de premiê no final de 2012, Abe tem supervisionado uma série de projetos de pesquisa e desenvolvimento e de produção cooperativa com países como EUA, Reino Unido, França e Austrália, depois de levantar um embargo auto-imposto que proibia há décadas a exportação de armas pelo Japão.
A proibição, com base em três princípios, anteriormente proibia o país de exportar armas para Estados comunistas, nações envolvidas em conflitos ou países sujeitos a embargos da ONU.
Se o Japão de fato aderir ao consórcio de produção de mísseis da OTAN, a influência da aliança militar se fortaleceria em territórios além da Europa Ocidental e da América do Norte.
Neste quadro, Moscou reitera que a recente expansão dos recursos militares da OTAN no Leste Europeu – em um esforço para supostamente combater uma alegada “agressão russa” na Ucrânia – representa, de fato, uma ameaça à segurança nacional da Rússia, à medida que a aliança ocidental se aproxima das fronteiras do país.