A Missão Especial de Monitoramento (SMM, na sigla em inglês) da Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) confirmou o movimento de armamentos pesados no Sudeste da Ucrânia.
Sputnik
Ontem, o Estado-Maior general ucraniano tinha reconhecido o uso de armamentos proibidos no território do conflito pelos Acordos de Minsk.
"Às 15h00 [9h00 em Brasília] da quarta-feira, a SMM recebeu uma carta do Ministério da Defesa da Ucrânia, em que se afirmava que armamentos pesados das Forças Armadas da Ucrânia iriam ser deslocados à linha de frente para lidar com uma "ameaça real" representada pelo combate em Marinka, que, segundo esta fonte, tinha começado às 6h00 da manhã", reza o relatório da OSCE divulgado nesta quinta-feira (4).
O povoado de Marinka, situado nas imediações de Donetsk, é controlado pela Ucrânia.
"Os oficiais ucranianos reconheceram depois publicamente que os armamentos foram usados, justificando este fato pela necessidade de repelir um ataque da RPD", conta o relatório da OSCE.
No entanto, a liderança da República Popular de Donetsk (RPD) afirmou que as suas forças não pretendiam tomar Marinka, portanto não houve nenhuma "ameaça".
Kiev também confirma isso, dizendo que Marinka permanece sob controle das autoridades da Ucrânia.
O tiroteio deu-se durante mais uma trégua entre Kiev e as Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk.
Eduard Basurin, ministro da Defesa da RPD, informou que 19 pessoas, entre elas cinco civis, foram mortas na república autoproclamada nas últimas 24 horas.
"Na noite [da quarta para a quinta-feira] voltou a calma", disse a OSCE.
Os Acordos de Minsk, que são o principal documento internacional regulador do processo da pacificação na Ucrânia, não só proíbem expressamente o uso de armamentos pesados, senão que também ordenam a retirada desses armamentos da linha de combate.
O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, já tinha comentado que o Ocidente sabe que as autoridades de Kiev minam o processo pacífico na Ucrânia. Comentou na TV russa Rossiya 24:
"Eu acredito que agora, todas as maiores potências ocidentais que acompanham a situação e têm acesso aos fatos compreendem com muita clareza que, por várias razões, as autoridades ucranianas são o obstáculo principal ao cumprimento total dos Acordos de Minsk".
E mesmo sabendo das violações dos acordos alcançados, o Ocidente não faz nada, frisa Lavrov.
Em finais de maio, o presidente ucraniano, Pyotr Poroshenko, tinha declarado que só iria negociar com as autoridades de Donbass depois das eleições locais, convocadas para finais de outubro do ano em curso.
Nesta quinta-feira, Sergei Lavrov voltou a afirmar que a Ucrânia está prejudicando os Acordos de Minsk.
"Os Acordos de Minsk de 12 de fevereiro estão sob constante ameaça de suspensão por causa das ações das autoridades de Kiev que tentam abandonar as suas obrigações de estabelecer o diálogo direto com Donbass", disse Lavrov hoje, durante uma conferência dedicada à segurança regional da Organização de Cooperação de Xangai.