Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa
As restrições orçamentárias que se abateram sobre a Marinha do Brasil também estão causando impacto negativo no programa de modernização de 12 caças AF-1 (ex-A-4KU e TA-4KU) da Força Aeronaval, que serão modificados por um pool de empresas liderado pela Embraer Defesa & Segurança, para o padrão AF-1B.
A primeira aeronave remodelada, de numeral 1001, foi entregue à Marinha nesta terça-feira (26.05) – com um ano de atraso em relação ao previsto em 2013 pela própria corporação –, durante cerimônia que contou com a presença do almirante-de-esquadra Eduardo Leal Ferreira, comandante da Força, e do presidente da Embraer Defesa, Jackson Schneider. Mas o segundo avião a ser modernizado não ficará pronto antes do primeiro (ou do segundo) semestre de 2016.
Isso não é, necessariamente, ruim, já que o próprio programa de modernização precisa ser reavaliado, e ter os seus conceitos confirmados (ou ratificados).
E isso só será obtido com o AF-1B 1001 em voo, por meio da validação das várias alterações introduzidas na aviônica do jato, que recebeu sistemas de navegação, RWR (Receptor de Alerta Radar na sigla em inglês), gerador de energia, computadores, comunicação tática e um radar multimodo Elta 2032, de procedência israelense.
E, sobretudo, ainda é preciso fazer com que todos os novos equipamentos instalados nocockpit do AF-1B “conversem” entre si. Uma das principais dificuldades é estabelecer a compatibilidade do radar Elta, de controle de tiro, com os demais sensores da aeronave (como o RWR).
Limitações
Os novos equipamentos permitirão aos pilotos de caça da Marinha se familiarizar com recursos técnicos (sensores e tecnologias) muito mais avançados que os instalados no A-4KU durante as décadas de 1970 e 1980. A partir de agora, os aviadores brasileiros poderão detectar e engajar possíveis ameaças aéreas e de superfície em consideravelmente distâncias maiores do que faziam (ou fazem atualmente).
Contudo, a grande crítica ao programa de modernização repousa no fato de que, por uma estrita falta de recursos da Marinha, ele não inclui os equipamentos que permitiriam a integração à aeronave de mísseis BVR (Beyond Visual Range) ou mesmo de vetores ar-superfície.
Com o modelo AF-1B da maneira que está, a Força Aeronaval terá, portanto, uma aeronave somente capacitada a disparar mísseis para o chamado dogfight – combate aéreo a curta distância.
De forma resumida pode-se dizer que faltam aos AF-1 equipamentos como os pods de designação/reconhecimento de alvos tipo LANTIRN (Low Altitude Navigation and Targeting Infrared for Night) e LITENING III, de 206 kg e projeto americano-israelense.
Também estão ausentes no AF-1B sistemas de guiagem de bombas como LIZARD (Laser–Guided Bomb Adapter) ou o Rafael SPICE (Israel).
Ou seja, os caças da Marinha vão detectar o possível alvo, mas não poderão combate-lo além do alcance visual, e nem na superfície do mar…
Para que não haja dúvidas: no que se refere ao combate (função principal de qualquer equipamento militar), apesar da festejada modernização conduzida pela Embraer e da notável ampliação de sua acuracidade (precisão de informações), o avião fará exatamente o mesmo que já fazia antes de ser modernizado…
Os aviadores navais poderão empregar seu aparelho para treinar a aproximação e o ataque a um barco na superfície, por exemplo, mas não irão dispor das tecnologias que lhes permitiriam conferir o resultado dos seus procedimentos. E isso nada tem a ver com a competência técnica da Embraer ou de suas associadas no projeto, mas, tão somente, com a falta de fundos na Força Naval.
Estudo
Contudo, a grande crítica ao programa de modernização repousa no fato de que, por uma estrita falta de recursos da Marinha, ele não inclui os equipamentos que permitiriam a integração à aeronave de mísseis BVR (Beyond Visual Range) ou mesmo de vetores ar-superfície.
Com o modelo AF-1B da maneira que está, a Força Aeronaval terá, portanto, uma aeronave somente capacitada a disparar mísseis para o chamado dogfight – combate aéreo a curta distância.
De forma resumida pode-se dizer que faltam aos AF-1 equipamentos como os pods de designação/reconhecimento de alvos tipo LANTIRN (Low Altitude Navigation and Targeting Infrared for Night) e LITENING III, de 206 kg e projeto americano-israelense.
Também estão ausentes no AF-1B sistemas de guiagem de bombas como LIZARD (Laser–Guided Bomb Adapter) ou o Rafael SPICE (Israel).
Ou seja, os caças da Marinha vão detectar o possível alvo, mas não poderão combate-lo além do alcance visual, e nem na superfície do mar…
Para que não haja dúvidas: no que se refere ao combate (função principal de qualquer equipamento militar), apesar da festejada modernização conduzida pela Embraer e da notável ampliação de sua acuracidade (precisão de informações), o avião fará exatamente o mesmo que já fazia antes de ser modernizado…
Os aviadores navais poderão empregar seu aparelho para treinar a aproximação e o ataque a um barco na superfície, por exemplo, mas não irão dispor das tecnologias que lhes permitiriam conferir o resultado dos seus procedimentos. E isso nada tem a ver com a competência técnica da Embraer ou de suas associadas no projeto, mas, tão somente, com a falta de fundos na Força Naval.
Estudo
A partir de 2010 a Marinha começou a preparar laudos técnicos sobre o estado de conservação de 20 dos 23 caças recebidos, no final da década de 1990, da Força Aérea do Kuwait. O objetivo era selecionar o primeiro lote de aviões que seria submetido ao programa de modernização contratado à Embraer Defesa e Segurança.
Em 2013, o então comandante da Marinha, almirante Moura Neto, encomendou um estudo de viabilidade para a modernização de outras células de Skyhawk.
A conclusão foi de que havia oito, ainda, merecedoras de atualização. Mas antevendo as limitações financeiras de sua corporação – e a necessidade de recursos para os programas de renovação e modernização das unidades de asas rotativas da Força Aeronaval –, Moura Neto achou mais prudente, de início, tentar viabilizar o serviço em apenas uma dúzia dessas aeronaves.
Hoje, essa postura cautelosa não mudou. Mergulhada em uma dramática escassez de verbas, a Marinha não mandará novas células de AF-1 ao programa de modernização.
Em 2013, o então comandante da Marinha, almirante Moura Neto, encomendou um estudo de viabilidade para a modernização de outras células de Skyhawk.
A conclusão foi de que havia oito, ainda, merecedoras de atualização. Mas antevendo as limitações financeiras de sua corporação – e a necessidade de recursos para os programas de renovação e modernização das unidades de asas rotativas da Força Aeronaval –, Moura Neto achou mais prudente, de início, tentar viabilizar o serviço em apenas uma dúzia dessas aeronaves.
Hoje, essa postura cautelosa não mudou. Mergulhada em uma dramática escassez de verbas, a Marinha não mandará novas células de AF-1 ao programa de modernização.