O pior pesadelo da Marinha dos EUA está prestes a se tornar realidade: as novas tecnologias irão aplicar um duro golpe na capacidade dos submarinos furtivos americanos em desaparecer sob as águas sem deixar vestígios, disse o professor de Estratégia do Colégio de Guerra Naval americano James Holmes.
Sputnik
Os submarinos atômicos furtivos dos EUA têm apreciado por muito tempo a sua vantagem imbatível de permanecer sem serem detectados sob as águas dos oceanos, no entanto, uma nova revolução tecnológica está prestes a anular esta vantagem, minando a capacidade norte americana para executar sua ambiciosa política externa em águas distantes, ressaltou o professor de Estratégia do Colégio de Guerra Naval James Holmes.
USS Alabama © flickr.com/ Official U.S. Navy Page |
"A menos que as forças dos EUA se adaptem e liderem a nova competição, a era do incomparável domínio submarino norte americano pode chegar a um fim abrupto surpreendentemente," Bryan Clark, analista do Centro de Avaliação Estratégica e Orçamentária (CSBA na sigla em inglês) e comandante aposentado da Marinha dos Estados Unidos, declarou, citado pelo professor.
Há quase 60 anos atrás os submarinos furtivos norte americanos começaram a se tornar elementos de vantagem no jogo de forças da guerra submarina, enquanto o advento da propulsão nuclear permitiu que esta embarcação permanecesse abaixo das ondas por períodos prolongados de tempo. Não era mais possível para forças anti-submarino dependerem de rádio ou radares para detectar os furtivos submarinos dos EUA.
No entanto, um novo salto tecnológico está prestes a virar a mesa da Marinha dos EUA. Detecção não-acústica, grandes bancos de informação e tecnologia de controle de fogo permitirão que forças anti-submarino hostis (ASW na sigla em inglês) detectem os vestígios das embarcações de tipo Stealth do país, convertendo essas informações em rastreamento e segmentação de dados.
"Isso é um prognóstico sombrio em si. Mudanças abruptas geram grandes traumas em grandes instituições como as marinhas. É difícil permanecer à frente do processo," admitiu o Professor Holmes.
No entanto, a situação para os submarinos dos EUA não é totalmente desesperadora, lembrou o especialista. Holmes sugeriu que os submarinos devem agora estudar ambos os paradigmas de defesa passiva e ativa. Eles podem agir como a aviação naval, nomeadamente, os últimos jatos de combate da força aérea F-22 e F-35, que se baseiam mais em "contramedidas ativas", tais como a guerra eletrônica, do que em Stealth (tecnologia furtiva). "Aviadores navais derrotam ou enganam as defesas em vez de se evadirem delas," comentou o professor.
Por outro lado, as frotas de veículos submarinos não tripulados (UUVs na sigla em inglês) podem estender a capacidade dos submarinos para combater os ASW, enquanto os novos mísseis anti-navios Tomahawk "ajudariam a corrigir o desequilíbrio entre submarinos e denegadores de acesso", referindo-se a estas tecnologias de neutralização de dados.
De qualquer forma, os submarinos furtivos dos EUA não serão mais capazes de desaparecer das vistas dos seus adversários com impunidade, o professor destacou, acrescentando que o mais provável é que o teatro subaquático vá se assemelhar em muito e cada vez mais aos teatros aéreos e de superfície.
"Em suma, submarinistas já não serão tão excepcionais como antes… E submarinos não serão mais solitários, enviados para fazer grandes coisas em operações independentes. Em suma, não é apenas uma [revolução] tecnológica, mas uma revolução cultural que está acontecendo. Abrace-a," concluiu o Professor Holmes.