Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa
A desativação da fragata Bosísio (F48), marcada para o próximo dia 15 de julho, aliviará um pouco a situação crítica de falta de suprimentos para os diferentes sistemas dos navios Tipo 22 que integram a frota brasileira.
A baixa da F48 irá convertê-la em “paiol” para a Greenhalgh (F46) e para a Rademaker (F49), mas, claro, isso não irá resolver todos os problemas de desgaste experimentados pelos navios.
Nesse momento, a questão que mais preocupa o setor de logística da Esquadra é a manutenção das turbinas a gás Tyne e Olympus que equipam as embarcações.
A F49 foi devolvida ao setor operativo da Esquadra em 2013, depois de passar por seu Período Manutenção Geral (PMG).
Está com suas duas turbinas a gás Tyne e suas duas Olympus em operação. Entretanto, estes são propulsores antigos, que precisam funcionar a despeito dos poucos sobressalentes disponíveis no mercado.
A questão é agravada pelo fato de que, desde que começou a empenhar seus navios em comissões longe da costa brasileira – especialmente no litoral africano e no Oriente Médio –, a Esquadra precisa que seus navios aceitem um combustível de qualidade duvidosa, muito distante do Diesel-Mar-C refinado pela Petrobras para a Marinha do Brasil.
Desgaste
Cinco anos atrás, em sua monografia de conclusão do curso de pós-graduação lato sensu em Engenharia de Produção na Universidade Cândido Mendes, intitulada “Implementação e Aperfeiçoamento do Processo de Reparo e Testes de Queimadores das Turbinas a Gás de Propulsão Rolls-Royce Olympus e Tyne das Fragatas da Marinha do Brasil” (www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/k213957.pdf), o engenheiro Claudio Vaz já advertia sobre os fatores que influenciavam o estado de forte desgaste das turbinas das fragatas brasileiras.
“Embora a turbina a gás seja amplamente utilizada em diversos segmentos, o seu emprego nas Fragatas apresenta algumas desvantagens”, escreveu ele. “No decorrer dos últimos anos”, prosseguiu Vaz – em 2010 – “são relacionados 3 (três) problemas referentes à utilização dos queimadores nas turbinas: seu baixo perfil de utilização, curto tempo de disponibilidade operativa entre os reparos/manutenções e o alto custo envolvido no reparo/manutenção”.
As turbinas Olympus possuem potência de 18 megawatts e consomem até 6 toneladas de óleo combustível por hora. Seu projeto original, desenvolvido para o setor aeronáutico, data de 1946. Em 1960 ela foi adaptada à propulsão de navios. As turbinas Tyne possuem potência de 4 megawatts e consomem até 1,5 toneladas de óleo/hora. Sua concepção original data de 1954.
“A palavra gás não se refere à queima de gases combustíveis”, observa o autor da monografia, “mas, sim, ao fluido de trabalho da turbina, que é neste caso a mistura de gases resultante da combustão”.
Revisão
“Embora a turbina a gás seja amplamente utilizada em diversos segmentos, o seu emprego nas Fragatas apresenta algumas desvantagens”, escreveu ele. “No decorrer dos últimos anos”, prosseguiu Vaz – em 2010 – “são relacionados 3 (três) problemas referentes à utilização dos queimadores nas turbinas: seu baixo perfil de utilização, curto tempo de disponibilidade operativa entre os reparos/manutenções e o alto custo envolvido no reparo/manutenção”.
As turbinas Olympus possuem potência de 18 megawatts e consomem até 6 toneladas de óleo combustível por hora. Seu projeto original, desenvolvido para o setor aeronáutico, data de 1946. Em 1960 ela foi adaptada à propulsão de navios. As turbinas Tyne possuem potência de 4 megawatts e consomem até 1,5 toneladas de óleo/hora. Sua concepção original data de 1954.
“A palavra gás não se refere à queima de gases combustíveis”, observa o autor da monografia, “mas, sim, ao fluido de trabalho da turbina, que é neste caso a mistura de gases resultante da combustão”.
Revisão
O Poder Naval apurou que, entre os especialistas em manutenção do grupo propulsor a gás das Tipo 22 corre a informação de que a empresa britânica que vinha fazendo as revisões nas turbinas, avisou que já este ano deixará de realizar o serviço.
A Marinha argentina tem pessoal especializado na manutenção de turbinas com a idade tecnológica das brasileiras, mas também não garantem até quando vão se desincumbir dessa tarefa.
Em seu trabalho de 2010, Claudio Vaz observou:
“Em toda a Marinha brasileira, atualmente, existem apenas 3 (três) Oficiais-Engenheiros, 2 (dois) Engenheiros de Tecnologia Militar, 2 (dois) Técnicos em Mecânica e 2 (dois) mecânicos especialistas que realizaram os cursos na Rolls-Royce e na Real Marinha inglesa.
Como as atividades da Marinha do Brasil são amplas, a maioria do pessoal treinado já foi desviado para outras áreas; restando apenas 1 (um) Oficial-Engenheiro e 1 (um) mecânico-especialista”.
Mais adiante, Vaz lista o pessoal que ele julga necessário ao serviço de manutenção das turbinas a gás das fragatas:
A Marinha argentina tem pessoal especializado na manutenção de turbinas com a idade tecnológica das brasileiras, mas também não garantem até quando vão se desincumbir dessa tarefa.
Em seu trabalho de 2010, Claudio Vaz observou:
“Em toda a Marinha brasileira, atualmente, existem apenas 3 (três) Oficiais-Engenheiros, 2 (dois) Engenheiros de Tecnologia Militar, 2 (dois) Técnicos em Mecânica e 2 (dois) mecânicos especialistas que realizaram os cursos na Rolls-Royce e na Real Marinha inglesa.
Como as atividades da Marinha do Brasil são amplas, a maioria do pessoal treinado já foi desviado para outras áreas; restando apenas 1 (um) Oficial-Engenheiro e 1 (um) mecânico-especialista”.
Mais adiante, Vaz lista o pessoal que ele julga necessário ao serviço de manutenção das turbinas a gás das fragatas:
6 (seis) Oficiais-Engenheiros, onde (3) manutenção e (3) multiplicadores;
4 (quatro) Engenheiros de Tecnologia Militar;
3 (três) Técnicos em Mecânica;
6 (seis) mecânicos especialistas”.
Geradores
A Greenhalgh está terminando um penoso período de docagem de rotina, cumprido com poucos recursos. Todas as suas turbinas a gás estão funcionando, mas há problemas na geração de energia: dos quatro geradores a bordo, um está em pane.
Quanto aos diversos sensores embarcados nas Tipo 22, muitos são de tecnologia que já completou 35 anos (ou mais).
Encontrar peças de reposição ou caminhos para driblar tais obsolescências por outros meios não é tarefa fácil. Contudo, nesse caso, os equipamentos da Bosísio fornecerão um apreciável estoque de componentes.
Quanto aos diversos sensores embarcados nas Tipo 22, muitos são de tecnologia que já completou 35 anos (ou mais).
Encontrar peças de reposição ou caminhos para driblar tais obsolescências por outros meios não é tarefa fácil. Contudo, nesse caso, os equipamentos da Bosísio fornecerão um apreciável estoque de componentes.