Brasil comprou 36 caças Gripen, que ainda estão sendo desenvolvidos pela fabricante sueca, a Força Aérea e seis empresas brasileiras.
Fantástico
É aventura para quem tem estômago forte, é o Gripen, o caça sueco que vai defender o espaço aéreo brasileiro. Até agora, apenas 600 pessoas voaram nele. Entre elas, os capitães brasileiros Gustavo Pascotto e Ramon Fórneas. Escolhidos entre 50 militares da Força Aérea Brasileira para serem os primeiros pilotos nacionais a aprender a voar e combater nesses caças.
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E não é fácil. Ao chegar à Suécia, eles tiveram que passar em um teste que até pilotos treinados não suportam. Em um equipamento chamado centrífuga, eles aguentaram durante 15 segundos uma força da gravidade que os pilotos chamam de Força G, nove vezes maior do que a gente sente normalmente. Se falhassem, não poderiam pilotar o avião.
“Dolorido. O primeiro de sintoma estar sendo afetado pela Força G é sua visão, a visão tubular, eles falam. Começa a fechar e você tende a ver somente em uma direção, um cone realmente. Então, quando esse sintoma começa a aparecer, é o momento em que você tem que iniciar com as técnicas de respiração e contração muscular para suportar”, diz o capitão da FAB Ramón Santos Fórneas.
Fantástico: Se vocês não fizerem isso, vocês desmaiam?
Ramon Fórneas: Desmaia, fatalmente vai desmaiar.
O treinamento dos pilotos tem muitos segredos militares e industriais. Não dá para mostrar tudo, mas o fabricante do avião - a empresa Saab - concordou em dar uma demonstração de como se prepara um piloto do Gripen. Um simulador de demonstração aparece no vídeo acima sem as informações militares sigilosas. É por isso que a equipe do Fantástico pode fazer imagens dele. Tirando isso, é igual ao usado pelos pilotos brasileiros para aprender a voar no Gripen.
“Com um dia de simulador, eu não conseguiria fazer isso, mas já deu para me aventurar um pouco. O comandante está dizendo que o básico eu já aprendi, já consigo controlar mais ou menos o avião e que estou pronto para manobras mais arriscadas, como o looping, que é aquela volta no ar. É só puxar aqui, o controle principal e dando uma volta no ar, como fazem os pilotos de caça. Aqui no simulador é fantástico. É uma sensação espetacular. A gente vê a Terra girando e eu vejo rios em cima de mim e eu estou dando uma volta completa com o avião. É uma sensação espetacular. É como se estivesse acontecendo na realidade, só que em total segurança. Se algo der errado, ninguém se machuca”, diz Roberto Kovalick.
Os pilotos brasileiros passaram três meses aprendendo a manobrar o Gripen e, agora, eles fazem o treinamento de combate, que, nos caças modernos, com toda a tecnologia, pode ocorrer entre pilotos que nem veem os inimigos, a 60 quilômetros de distância um do outro.
“E também está previsto o treinamento de combate visual, que é o antigo que se via em filmes, que é realmente o combate olho no olho”, diz capitão da FAB Ramón Fórneas.
Não é qualquer pessoa que pode voar em um caça. É preciso estar em boas condições físicas. Uma enfermeira vai fazer exames médicos no correspondente do Fantástico. Ele precisa passar nos exames para poder voar nesse caça.
“Você vai passar por uma bateria de exames. E também não pode ter mais de 1,90 m nem ser muito gordo, se não a pessoa não cabe no avião”, diz a enfermeira.
É um check-up completo: exame de sangue, de audição, eletrocardiograma, pressão. Tudo depois é avaliado por um médico. Qualquer problema e a reportagem terminaria aqui. Mas felizmente. “Pronto para o voo”, diz o médico.
A preparação não terminou aí. Falta a roupa, que é desenhada em cada detalhe para ajudar o piloto a enfrentar as condições de voo e os imprevistos. Um traje para suportar a força da gravidade.
“Todas as aeronaves de caça utilizam esse equipamento. Ele que infla quando o piloto está sob alta carga G. Ele infla a parte do abdômen e das pernas, evitando que o sangue desça para os membros inferiores. E ajuda a gente a sustentar a carga G”, explica o capitão da FAB Gustavo Oliveira Pascotto.
Ao todo, são 15 quilos de roupas e equipamentos.
“A missão do hoje é a aeronave-caçador interceptando dois alvos simulados”, diz diz capitão da FAB Ramón Fórneas.
Fantástico: A que distância, você vai estar destes aviões?
Ramón Fórneas: Em torno de 60 a 80 km.
“Eu também vesti uma "armadura". E olha, gente, não foi nada fácil. É. Mas tão difícil quanto vestir a roupa é entrar no avião. É muito estreito, tudo muito apertado”, conta Roberto Kovalick.
Avião na cabeceira da pista. É hora da aventura começar. Veja no vídeo acima como foi a aventura de Roberto Kovalick no caça sueco Gripen.
“Nós estamos finalmente decolando com o Gripen. Uma das características deste avião é que ele precisa de uma pista muito curta para decolar. Seiscentos metros já está bom. Já estamos no ar a uma velocidade inicial de 230 km/h, que vai crescendo aos poucos. Já estamos no ar. Já estamos voando no caça Gripen”, diz Roberto Kovalick.
Pilotos de caça têm que estar preparados para manobras bruscas a qualquer momento. Comparado com o que acontece dentro do avião, a pior montanha russa do mundo não é nada.
“A velocidade agora é de mais ou menos 800 km/h. E agora nós vamos acelerar para quase 900 km/h”, diz o piloto.
Em um combate, o piloto tem que fazer tudo isso em uma velocidade alucinante. Como todo caça, o Gripen é supersônico, ou seja, voa mais rápido que o som.
“Agora, nós quebramos a barreira do som. Estamos voando mais rápidos do que o som”, conta o piloto.
Quando baixamos um pouco a velocidade, foi a vez de Roberto Kovalick testar o que aprendeu no simulador.
“Agora, sou eu que estou controlando o avião. Olha só, vou fazer um movimento bem devagar aqui para esquerda. Agora eu vou mover o avião para a direita, suavemente. A gente não sente como se o avião estivesse voando, mas como se a gente estivesse voando, é o nosso corpo que está voando”, conta Roberto Kovalick.
O piloto assume o comando e mostra outra manobra: a gravidade negativa, como se a gente fosse um astronauta.
“Mas aí foi demais para um passageiro inexperiente. Agora eu estou outra vez passando mal. Essa gravidade negativa... Agora, eu estou passando muito mal” diz Roberto Kovalick.
Finalmente em terra firme, Kovalick conta: “É um voo espetacular, mas eu estou tonto, exausto. Realmente, exige muito do ser humano. Por isso que o trabalho do pessoal que pilota esses caças é espetacular”.
Os pilotos brasileiros tiveram que fazer tudo isso, acertar os aviões inimigos e voltar sãos e salvos. Claro que foi tudo simulado, mas eles têm que agir como se fosse uma situação real. O Brasil comprou, inicialmente, 36 caças Gripen, que ainda estão sendo desenvolvidos pela fabricante sueca, a Força Aérea e seis empresas brasileiras.
“Em agosto, receberemos 30 engenheiros brasileiros, que vão trabalhar em conjunto com os nossos nesse avião”, conta Mikael Fránzen, gerente do programa Gripen-Brasil.
A Força Aérea Brasileira exigiu uma série de mudanças, como aumento do tanque de combustível e da turbina, para que o Gripen tenha maior autonomia de voo e possa patrulhar um país tão grande como o nosso. Os primeiros chegam em 2019. Mas para substituir a frota atual, formada pelos jatos americanos F5, que tem mais de 30 anos, o Brasil vai alugar, já a partir do ano que vem, caças semelhantes ao que o repórter do Fantástico voou.
Em breve, os brasileiros verão esses aviões cruzando os céus do país ou eles estarão tão rápidos que mal vai dar pra ver.
E não é fácil. Ao chegar à Suécia, eles tiveram que passar em um teste que até pilotos treinados não suportam. Em um equipamento chamado centrífuga, eles aguentaram durante 15 segundos uma força da gravidade que os pilotos chamam de Força G, nove vezes maior do que a gente sente normalmente. Se falhassem, não poderiam pilotar o avião.
“Dolorido. O primeiro de sintoma estar sendo afetado pela Força G é sua visão, a visão tubular, eles falam. Começa a fechar e você tende a ver somente em uma direção, um cone realmente. Então, quando esse sintoma começa a aparecer, é o momento em que você tem que iniciar com as técnicas de respiração e contração muscular para suportar”, diz o capitão da FAB Ramón Santos Fórneas.
Fantástico: Se vocês não fizerem isso, vocês desmaiam?
Ramon Fórneas: Desmaia, fatalmente vai desmaiar.
O treinamento dos pilotos tem muitos segredos militares e industriais. Não dá para mostrar tudo, mas o fabricante do avião - a empresa Saab - concordou em dar uma demonstração de como se prepara um piloto do Gripen. Um simulador de demonstração aparece no vídeo acima sem as informações militares sigilosas. É por isso que a equipe do Fantástico pode fazer imagens dele. Tirando isso, é igual ao usado pelos pilotos brasileiros para aprender a voar no Gripen.
“Com um dia de simulador, eu não conseguiria fazer isso, mas já deu para me aventurar um pouco. O comandante está dizendo que o básico eu já aprendi, já consigo controlar mais ou menos o avião e que estou pronto para manobras mais arriscadas, como o looping, que é aquela volta no ar. É só puxar aqui, o controle principal e dando uma volta no ar, como fazem os pilotos de caça. Aqui no simulador é fantástico. É uma sensação espetacular. A gente vê a Terra girando e eu vejo rios em cima de mim e eu estou dando uma volta completa com o avião. É uma sensação espetacular. É como se estivesse acontecendo na realidade, só que em total segurança. Se algo der errado, ninguém se machuca”, diz Roberto Kovalick.
Os pilotos brasileiros passaram três meses aprendendo a manobrar o Gripen e, agora, eles fazem o treinamento de combate, que, nos caças modernos, com toda a tecnologia, pode ocorrer entre pilotos que nem veem os inimigos, a 60 quilômetros de distância um do outro.
“E também está previsto o treinamento de combate visual, que é o antigo que se via em filmes, que é realmente o combate olho no olho”, diz capitão da FAB Ramón Fórneas.
Não é qualquer pessoa que pode voar em um caça. É preciso estar em boas condições físicas. Uma enfermeira vai fazer exames médicos no correspondente do Fantástico. Ele precisa passar nos exames para poder voar nesse caça.
“Você vai passar por uma bateria de exames. E também não pode ter mais de 1,90 m nem ser muito gordo, se não a pessoa não cabe no avião”, diz a enfermeira.
É um check-up completo: exame de sangue, de audição, eletrocardiograma, pressão. Tudo depois é avaliado por um médico. Qualquer problema e a reportagem terminaria aqui. Mas felizmente. “Pronto para o voo”, diz o médico.
A preparação não terminou aí. Falta a roupa, que é desenhada em cada detalhe para ajudar o piloto a enfrentar as condições de voo e os imprevistos. Um traje para suportar a força da gravidade.
“Todas as aeronaves de caça utilizam esse equipamento. Ele que infla quando o piloto está sob alta carga G. Ele infla a parte do abdômen e das pernas, evitando que o sangue desça para os membros inferiores. E ajuda a gente a sustentar a carga G”, explica o capitão da FAB Gustavo Oliveira Pascotto.
Ao todo, são 15 quilos de roupas e equipamentos.
“A missão do hoje é a aeronave-caçador interceptando dois alvos simulados”, diz diz capitão da FAB Ramón Fórneas.
Fantástico: A que distância, você vai estar destes aviões?
Ramón Fórneas: Em torno de 60 a 80 km.
“Eu também vesti uma "armadura". E olha, gente, não foi nada fácil. É. Mas tão difícil quanto vestir a roupa é entrar no avião. É muito estreito, tudo muito apertado”, conta Roberto Kovalick.
Avião na cabeceira da pista. É hora da aventura começar. Veja no vídeo acima como foi a aventura de Roberto Kovalick no caça sueco Gripen.
“Nós estamos finalmente decolando com o Gripen. Uma das características deste avião é que ele precisa de uma pista muito curta para decolar. Seiscentos metros já está bom. Já estamos no ar a uma velocidade inicial de 230 km/h, que vai crescendo aos poucos. Já estamos no ar. Já estamos voando no caça Gripen”, diz Roberto Kovalick.
Pilotos de caça têm que estar preparados para manobras bruscas a qualquer momento. Comparado com o que acontece dentro do avião, a pior montanha russa do mundo não é nada.
“A velocidade agora é de mais ou menos 800 km/h. E agora nós vamos acelerar para quase 900 km/h”, diz o piloto.
Em um combate, o piloto tem que fazer tudo isso em uma velocidade alucinante. Como todo caça, o Gripen é supersônico, ou seja, voa mais rápido que o som.
“Agora, nós quebramos a barreira do som. Estamos voando mais rápidos do que o som”, conta o piloto.
Quando baixamos um pouco a velocidade, foi a vez de Roberto Kovalick testar o que aprendeu no simulador.
“Agora, sou eu que estou controlando o avião. Olha só, vou fazer um movimento bem devagar aqui para esquerda. Agora eu vou mover o avião para a direita, suavemente. A gente não sente como se o avião estivesse voando, mas como se a gente estivesse voando, é o nosso corpo que está voando”, conta Roberto Kovalick.
O piloto assume o comando e mostra outra manobra: a gravidade negativa, como se a gente fosse um astronauta.
“Mas aí foi demais para um passageiro inexperiente. Agora eu estou outra vez passando mal. Essa gravidade negativa... Agora, eu estou passando muito mal” diz Roberto Kovalick.
Finalmente em terra firme, Kovalick conta: “É um voo espetacular, mas eu estou tonto, exausto. Realmente, exige muito do ser humano. Por isso que o trabalho do pessoal que pilota esses caças é espetacular”.
Os pilotos brasileiros tiveram que fazer tudo isso, acertar os aviões inimigos e voltar sãos e salvos. Claro que foi tudo simulado, mas eles têm que agir como se fosse uma situação real. O Brasil comprou, inicialmente, 36 caças Gripen, que ainda estão sendo desenvolvidos pela fabricante sueca, a Força Aérea e seis empresas brasileiras.
“Em agosto, receberemos 30 engenheiros brasileiros, que vão trabalhar em conjunto com os nossos nesse avião”, conta Mikael Fránzen, gerente do programa Gripen-Brasil.
A Força Aérea Brasileira exigiu uma série de mudanças, como aumento do tanque de combustível e da turbina, para que o Gripen tenha maior autonomia de voo e possa patrulhar um país tão grande como o nosso. Os primeiros chegam em 2019. Mas para substituir a frota atual, formada pelos jatos americanos F5, que tem mais de 30 anos, o Brasil vai alugar, já a partir do ano que vem, caças semelhantes ao que o repórter do Fantástico voou.
Em breve, os brasileiros verão esses aviões cruzando os céus do país ou eles estarão tão rápidos que mal vai dar pra ver.