Com disponibilidade orçamentária reduzida, as forças aéreas do Uruguai e do Paraguai estão procurando no mercado internacional aeronaves de baixo custo para prover a formação de seus pilotos e, se possível, o adestramento de parte deles nos fundamentos do ataque leve ao solo (ou “apoio de fogo”, como alguns preferem definir).
Depois de examinar diferentes modelos de treinadores a jato, e de analisar as características técnicas e o preço dos monomotores A-29 Super Tucano, da Embraer – considerados de alto custo –, e AT-6 II da Beechcraft americana – tidos como de difícil manutenção –, os uruguaios passaram a examinar a possibilidade de adquirir um lote de monomotores KAI KT-1, sul-coreanos, iguais aos comprados, dois anos atrás, pela aviação militar peruana.
Os militares uruguaios estão duplamente pressionados.
Eles precisam iniciar a desativação dos seus bimotores de ataque Pucará, de procedência argentina – de propulsores que já não são mais fabricados, e cujo plexiglass do canopy (cobertura da cabine) requer manutenção cada vez mais difícil –, e planejar também a aposentadoria de, ao menos, alguns jatos subsônicos A-37, de ataque leve ao solo.
Diante da chegada de caças F-5E, a serem adquiridos pelo governo de Montevidéu aos estoques suíços (ou ao lote recentemente ofertado pela aviação militar da Arábia Saudita), os A-37 uruguaios já não terão mais que ser improvisados como interceptadores ou aeronaves de superioridade aérea…
Alternativa - O coreano KT-1 tem 10,26m de comprimento, e está dotado de um motor Pratt & Whitney PT6A-62 de 950hp, que o impulsiona a uma velocidade de cruzeiro de 574 km/h. Seu teto de operação é de 11.580m, e o alcance de 1.300 km.
Sua cabine dispõe de aviônica moderna, que inclui telas multifunção (MFD), computador de missão (MC), painel BFI (back-up para o instrumental de voo), além de sistema gerador de oxigênio (OBOGS).
A aeronave é capaz de decolar com um peso de até 2,5 toneladas, entre tanques de combustível e armamento. Ela dispõe de cinco pontos duros para pods de metralhadoras FN HMP-250, de 12,7mm, bombas Mk.82, de 250 kg, e Mk.83, de 500 kg, além de um lançador LAU 131, para foguetes de 70mm. Nessa configuração (adotada pela Força Aérea do Peru), seu preço unitário é de 7,5 milhões de dólares.
O Super Tucano mede 11,3m de comprimento e está dotado de um motor PT6A-68C. Seu alcance, com tanques externos, é de 2.855 km. Ele é capaz de decolar com mais do dobro do peso do KT-1, transportando mísseis, lança-foguetes e bombas guiadas a laser, mas seu valor de mercado pode alcançar os 11 milhões de dólares.
Grob - A Força Aérea do Paraguai, que também recebeu uma oferta de turboélices KT-1, parece se inclinar, agora, pela compra de quatro pequenos monomotores alemães Grob, de treinamento básico – que nas versões a pistão, de emprego civil, não saem por mais de 900 mil dólares cada um…
O governo alemão e a empresa Grob Aircraft ofereceram ao Ministério da Defesa paraguaio dois modelos militarizados da aeronave: o G115E e o G120A.
De fuselagem fabricada com um composto de fibra de carbono, o G120A mede 8,6 m de comprimento e é impulsionado por um motor Lycomig de apenas 260hp, que transmite potência a um hélice de três pás. Mas a aeronave possui cabine espaçosa – apta a receber aviônicos de aplicação militar, além de um aviador trajando seu macacão especial e capacete – e possui trem de pouso retrátil (reforçado para suportar o pouso em pistas não preparadas).
A Fábrica de Aviões General San Martín, da Argentina, encomendou dez modelos Grob G120TP para serem repassados à Força Aérea de seu país – dotados de motores mais potentes e avaliados, cada um, em 4 milhões de dólares –, mas enfrenta problemas para quitar os aparelhos e, por causa disso, recebeu, por enquanto, somente quatro aviões.
O G115E tem vida útil de 24.000 horas, e já foi adotado por quatro forças aéreas. Nem ele, nem o G120A foram projetados para levar qualquer tipo de armamento.