A fábrica de Jacareí só voltará a funcionar em março, e surgem graves divergências no Ministério da Defesa
Júlio Ottoboni
Correspondente DefesaNet
A situação da AVIBRAS se agrava a cada dia e está também mais distante de uma solução definitiva. Os metalúrgicos da AVIBRAS rejeitaram, em assembleia, ocorrida nesta última segunda-feira, dia 23, a proposta da empresa de pagar os salários atrasados apenas na primeira quinzena de abril.
O Sindicato exige que o pagamento seja feito imediatamente. E pela sexta vez consecutiva houve um adiamento do retorno aos trabalhos, o que colocou os níveis de tensão em patamares nunca alcançados ao longo dos mais de meio século de existência da empresa.
O trabalhadores da AVIBRAS estão há dois meses sem salário e em licença remunerada desde dezembro, embora tenham recebido apenas parte dos vencimentos. Uma nova assembleia está marcada para o dia 2 de março, data prevista para o encerramento da licença remunerada. Mas o próprio sindicato, que já apelou para a intervenção urgente do governo federal, desconfia que a empresa deve adiar novamente a retomada de suas atividades produtivas.
Além dos salários atrasados, a empresa deixou de pagar para os trabalhadores a primeira parcela da PLR 2014 (Participação nos Lucros e Resultados), no valor de R$ 2.500, e as multas referentes ao atraso salarial, no valor de R$ 15,60 por dia para cada trabalhador, conforme previsto na Convenção Coletiva da categoria.
A proposta de pagar os atrasados apenas em meados de abril foi rejeitada em assembleia na íntegra, já que os trabalhadores estão passando por diversas dificuldades financeiras. Muitos deles estão desesperados, inclusive pelo silêncio do governo federal e também da direção da AVIBRAS, cada vez mais distante de esclarecer definitivamente a situação que a empresa se encontra e qual seu futuro.
A AVIBRAS tem em seu quadro funcional 1500 funcionários, é uma das principais indústrias do setor bélico do país, considerada estratégica pelo governo de Dilma Rousseff e possui contratos com o governo federal, além de países como Indonésia e Arábia Saudita. Mesmo tendo R$ 2,4 bilhões em carteira de pedidos, com contratos já assinados, a empresa alega que está sem capital de giro, de acordo com os sindicalistas.
“Somente com muita luta é que vamos conseguir pressionar a empresa a pagar os salários atrasados. Os metalúrgicos estão cansados de esperar pelo pagamento, agora é hora de unir todos os trabalhadores da AVIBRAS para tornar nossa luta mais forte”, afirmou o diretor do Sindicato, José Dantas Sobrinho.
Divergências no MD
Na visita ao complexo de Itaguaí, composto pelas empresas NUCLEP e ICN (Itaguaí Construções Navais), responsáveis pela construção dos submarinos do PROSUB o ministro da Defesa Jaques Wagner concedeu uma entrevista coletiva. A visita ocorreu na terça-feira (24 FEV15).
Ao ser inquirido da situação da AVIBRAS, pelo editor-chefe de DefesaNet, o ministro da Defesa Jaques Wagner proferiu a seguinte resposta:
“O problema da AVIBRAS não é orçamentário é de gestão”.
Palavras que foram amplamente apoiadas pela Secretária-Geral do Ministério da Defesa Dra Eva Schiavon.
A visita de sindicalistas de São José dos Campos a autoridades militares do Ministério da Defesa geraram repercussões negativas da Secretária-Geral.
A estas divergências somem-se as repercussões negativas do imbróglio diplomático pela não aceitação das credencias do Embaixador da Indonésia na sexta-feira (20FEV15), pela presidente Dilma Rousseff.