A guerra no leste da Ucrânia já matou mais de 5.600 pessoas e deixou mais de um milhão de desabrigados
Diário do Poder
Os soldados do governo ucraniano e os rebeldes apoiados pela Rússia perderam o prazo final, estabelecido à meia-noite desta terça-feira, para iniciar a retirada de armas pesadas da linha de frente no leste da Ucrânia.
Jornalistas viram disparos de artilharia hoje das posições do governo da Ucrânia contra posições rebeldes perto de Debaltseve Foto: Arquivo EBC
O porta-voz do Exército ucraniano Andriy Lysenko disse hoje que os separatistas continuaram a atacar posições do governo durante a noite perto da cidade de Debaltseve e que a retirada dependia do cumprimento total do cessar-fogo. Segundo ele, pelo menos cinco soldados foram mortos e nove feridos nas últimas 24 horas na zona de guerra. Lysenko afirmou também que acordo de cessar-fogo, negociado pelos líderes europeus, especifica que o início da retirada das armas deveria ocorrer no segundo dia depois de as partes interromperem os combates, e isso não foi respeitado. “Assim que a luta parar…nós estaremos prontos para começar a retirada”, acrescentou.
A guerra no leste da Ucrânia já matou mais de 5.600 pessoas e deixou mais de um milhão de desabrigados, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgados ontem. Os confrontos deixaram também o coração industrial do país em ruínas.
No entanto, os combates foram interrompidos, ou diminuíram, em algumas partes do leste da Ucrânia devastado pela guerra. Segundo a agência de notícias dos rebeldes de Donetsk, autoridades separatistas afirmaram hoje que não tinham conhecimento de violações do cessar-fogo em sua área desde as 20h da segunda-feira (horário local).
Jornalistas viram disparos de artilharia hoje das posições do governo da Ucrânia contra posições rebeldes perto de Debaltseve. Bombardeios contínuos foram ouvidos na área durante toda a manhã e parte deles era proveniente de lançadores de foguetes.
Debaltseve é uma cidade controlada pelo governo e cercada pelas forças rebeldes. Ambos os lados exigem que a cidade deve estar no seu lado da linha de cessar-fogo. A questão não foi resolvida durante as negociações da trégua, na semana passada, entre os líderes da Ucrânia, Rússia, Alemanha e França.
Um líder rebelde afirmou que suas tropas tinham começado a retirar as suas armas pesadas. “Eu estava na linha de frente na noite passada, e os nossos tanques, nossa artilharia foram retirados”, afirmou Igor Plotnitsky, o líder da autoproclamada República do Povo de Luhansk, no nordeste de Debaltseve, segundo a agência de notícias russa Tass. Ele acrescentou que “espera o mesmo da Ucrânia”.
Devido a questões de segurança, as declarações não puderam ser imediatamente verificadas. O porta-voz do Exército ucraniano Andriy Lysenko disse que as tropas ucranianas “não notificaram qualquer uma dessas ações” no terreno.
Os separatistas devem discutir a retirada do armamento mais tarde nesta terça-feira com representantes da Ucrânia, da Rússia e do grupo encarregado de monitorar o cessar-fogo, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE, em inglês).
Em uma telefone ontem, a chanceler da Alemanha Angela Merkel e o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, pediram ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, para que use sua influência sobre os separatistas para garantir que eles acabem com os confrontos. O gabinete de Merkel reportou que os três líderes concordaram em tomar “passos concretos para permitir uma observação” da situação em Debaltseve pela OSCE. O gabinete não entrou em detalhes sobre quais seriam as medidas. (Associated Press / ABr)