Por Redação, com agências internacionais - de Montevidéo e Washington
Ex-guerrilheiro, militante comunista e presidente do Uruguai, José Pepe Mujica deixa gravada, na história de seu país, quase ao término do mandato, uma nova realização humanitária ao permitir que seis prisioneiros, detidos sem julgamento por mais de uma década na prisão militar norte-americana na Baía de Guantánamo, Cuba, fossem recebidos neste domingo, como asilados políticos. A notícia foi confirmada, nesta manhã, em nota do Pentágono, no mais recente passo de um esforço lento da administração Obama para fechar o centro de detenção.
A liberação de quatro sírios, um tunísio e um palestino, que foram levados para a América do Sul a bordo de um avião militar dos Estados Unidos, representa o maior grupo a deixar o campo de detenção dos EUA desde 2009. O presidente Barack Obama assumiu o cargo há quase seis anos prometendo fechar a prisão, citando seus danos à imagem dos EUA em todo o mundo. Mas ele não foi capaz de fazê-lo, em parte por causa dos obstáculos colocados pelo Congresso dos EUA.
A transferência para o Uruguai tinha sido adiada por meses. As divergências sobre o ritmo de tais transferências, disse uma autoridade dos EUA, somaram-se ao atrito entre o secretário de Defesa Chuck Hagel e o círculo íntimo de Obama, que culminou com a renúncia de Hagel no mês passado.
A libertação dos seis foi adiada novamente em agosto, quando o Uruguai tornou-se preocupado com os riscos políticos nacionais na corrida para a sua eleição presidencial em outubro. Mas, com a votação terminada, o presidente José Pepe Mujica seguiu adiante com o aceite dos prisioneiros.
Após a chegada, em Montevidéu, eles foram levados para um hospital para exames médicos, disse a autoridade norte-americana.
– Estamos muito gratos ao Uruguai por essa ação humanitária importante. O apoio que estamos recebendo de nossos amigos e aliados é fundamental para alcançar nosso objetivo comum de fechar Guantánamo, e esta transferência é um marco importante – disse Clifford Sloan, o enviado do Departamento de Estado de Obama sobre Guantánamo, que negociou o acordo de transferência em janeiro, em um comunicado.
Sete outros presos foram transferidos de Guantánamo desde o início de novembro, incluindo três para a Geórgia, dois para a Eslováquia, um para a Arábia Saudita e um para o Kuwait. Com a liberação de domingo, a população prisioneira de Guantánamo foi reduzida a 136.
A prisão foi aberta pelo antecessor de Obama, George W. Bush, depois do 11 de setembro de 2001, quando ocorreram os ataques contra os Estados Unidos, para abrigar suspeitos de terrorismo.