Ministério dos Direitos humanos informou que 50 corpos foram encontrados e outros 65 membros da tribo Al Bu Nimr foram sequestrados.
BBC Brasil
O governo do Iraque informou neste domingo (2) que os militantes do grupo autodenominado Estado Islâmico foram responsáveis pelas mortes de 322 membros de uma tribo sunita na província de Anbar. A tribo Al-Bu Nimr, que participou de uma operação de segurança apoiando o governo contra o EI, acabou rendida pelos radicais terroristas e o balanço de mortos tem subido a cada dia.
O governo do Iraque informou neste domingo (2) que os militantes do grupo autodenominado Estado Islâmico foram responsáveis pelas mortes de 322 membros de uma tribo sunita na província de Anbar. A tribo Al-Bu Nimr, que participou de uma operação de segurança apoiando o governo contra o EI, acabou rendida pelos radicais terroristas e o balanço de mortos tem subido a cada dia.
Soldados de tribo da província de Anbar participam de operação de segurança contra militantes do Estado Islâmico (Foto: Reuteres/Stringer)
Segundo o Ministério dos Direitos Humanos iraquiano, mais de 50 corpos foram encontrados em um poço de água e outros 65 membros da tribo Al-Bu Nimr foram sequestrados. O Ministério acrescentou que os militantes estão mantendo estas 65 pessoas como reféns, prisioneiros de guerra. O grupo também roubou gado da tribo.
Outros membros da tribo Al-Bu Nimr foram encontrados mortos em covas coletivas no começo da semana, duas delas, com dezenas de corpos, foram identificadas na quinta-feira (3). Outras 50 pessoas foram mortas no sábado (1º).
O último ataque do grupo ocorreu na manhã deste domingo, quando os militantes mataram a tiros pelo menos 50 membros da tribo.
Esse não é o primeiro massacre do tipo, já que o Estado Islâmico tem pressionado as tribos da região para tomar uma posição contra ou a favor do grupo.
"O governo nos abandonou e nos entregou para o EI em uma bandeja. Pedimos armas a eles muitas vezes, mas eles nos deram apenas promessas", disse à BBC um dos líderes da tribo, Sheikh Naeem Al Gaoud.
Os líderes tribais disseram que, entre as vítimas do massacre deste domingo, estão mulheres e crianças. Todos foram colocados em fila e executados a tiros em público, como punição pelo que o grupo militante acredita ser a resistência da tribo ao domínio do Estado Islâmico.
Segundo Orla Guerin, correspondente da BBC em Bagdá, execuções em grupo de membros da tribo se transformou em uma ocorrência quase diária no Iraque.
Os militantes do Estado Islâmico também são sunitas e controlam grandes áreas do Iraque e Síria.
Fuga
As últimas mortes ocorreram no vilarejo de Ras al-Maa, ao norte de Ramadi, a capital da província de Anbar.
Uma autoridade local disse à agência de notícias Associated Press que muitos membros da tribo fugiram dos arredores de outra cidade, Hit, que foi capturada pelo Estado Islâmico no mês passado.
A tribo Al-Bu Nimr se juntou à campanha do governo iraquiano contra o grupo militante em Anbar, mas grande parte da província agora está sob controle do grupo.
O governo iraquiano, recém-formado e dominado pelos xiitas, está tentando conseguir o apoio de tribos sunitas e acredita que este apoio é um elemento muito importante na luta contra o grupo militante.
Mas, o governo ainda não conseguiu convencer a maior parte das tribos a resistirem ao Estado Islâmico.
Segundo a Associated Press, apenas 5 mil entre uma população estimada entre 30 e 40 mil membros destas tribos estão apoiando o governo.
Correspondentes no Iraque dizem que, em troca do apoio no combate ao Estado Islâmico as tribos querem garantias de que vão ganhar suas terras de volta e ter poder de decisão real nas políticas do país.