A Ucrânia não é esperada nem pela OTAN, nem pela EU, confessou o chanceler alemão Frank-Walter Steinmeier. Enquanto isso, Washington se faz em promessas de admitir Kiev na Aliança Atlântica. Embora até os peritos norte-americanos declarem que precisarão da Ucrânia na qualidade de uma enorme base militar.
Igor Siletsky | Voz da Rússia
O ingresso da Ucrânia na União Europeia é também “irreal”, segundo sustenta o chefe da diplomacia alemã. No seu entender, a modernização econômica e política da Ucrânia seria um “projeto de algumas gerações”. Por isso, falar da filiação da UE, mesmo no futuro distante, não faz sentido, salientou.
Os EUA estão cientes de um deplorável estado da economia ucraniana. Kiev parece não compreender. Mas isso não os preocupa muito – o mais importante será fomentar ilusões acerca de um “paraíso europeu” predestinado para os ucranianos. O porta-voz do Departamento de Estado, Jeff Rathke, disse na sexta-feira passada: os EUA apoiam a aspiração da Ucrânia de se integrar na OTAN. Para que os EUA precisam disso? Esse seria um bom pretexto para assustar a Europa e argumentar a necessidade de expandir a Aliança. Mas tal alargamento irá encerrar uma ameaça direta para a segurança da Rússia, opina o perito militar, Andrei Klintsevich:
“Compreendemos muito bem quem é que desempenha o maior papel na OTAN. O maior fardo financeiro cabe aqui aos EUA. No entanto, os países escolhem o bloco para se proteger contra eventuais agressões externas. Washington lhes impõe uma estratégia ofensiva. Mais do que isso, o seu último conceito – a “teoria de golpe global” prevê que, durante uma hora após a tomada de decisão, deverá ser infligido um ataque das forças convencionais contra as instalações móveis e fixas em qualquer região do mundo. Assim, foi feita revisão do conceito das Forças Armadas. Se os EUA desferirem o primeiro golpe não nuclear, o adversário poderá não usar as armas nucleares”.
Segundo o perito, tempo de voo de misseis de cruzeiro lançados da Ucrânia até o território russo se estima em alguns minutos. Deste modo, transparece uma progressiva tendência de aproximação das fronteiras russas para assestar “um golpe demolidor”.
Influentes peritos dos EUA têm apontado para a agressão da OTAN e não da Rússia. A Aliança optou por uma estratégia “tudo ou nada” que não prevê soluções de compromisso, escreve o professor catedrático da Universidade de Binghamton, James Petras, da edição Global Research.
Para ocupar a Ucrânia, a OTAN utiliza-a para destruir o sudeste insurreto, a sua população e a infraestrutura industrial, realizando a guerra econômica contra a Rússia, assinala Petras. De fato, a OTAN preparou para a Ucrânia o papel de uma gigantesca base militar versátil na Europa do Leste. Não é de se estranhar que “a febre militar” tenha atingido o Ocidente, acentuou o professor catedrático, advertindo que os efeitos desta política absurda se tornam cada vez mais sérios e perigosos.
A Europa compreende que Washington, por tradição, decidiu tirar a sardinha com a mão do gato. Se a Aliança conseguir assestar o “primeiro golpe”, os europeus terão que enfrentar a retaliação. A segurança da Europa não consiste em expansão para o leste europeu e a criação de novas bases militares. Por exemplo, a Finlândia sabe isso muito bem sem querer se incorporar na Aliança por nada do mundo. Nas palavras do presidente, Sauli Niinisto, a entrada do seu país na OTAN poderá vir a agravar as relações com a Rússia. A Rússia de hoje é um Estado forte e poderoso. Para que então brigar com ela?