A Casa Branca e o Pentágono, aparentemente, começaram a realizar as primeiras fases do plano de operação terrestre contra o grupo radical Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Andrei Fedyashin | Voz da Rússia
Já que antes Obama tinha prometido não enviar tropas norte-americanas para o Iraque, então participar nela devem exclusivamente militantes da oposição síria “moderada” bem como grupos sunitas e destacamentos tribais iraquianos.
No Pentágono, este plano já está sendo chamado de Despertar Sunita ou Sunni Awakening. Por analogia com a campanha para atrair grupos sunitas e milícias tribais no Iraque em 2005-2007 para combater militantes da Al-Qaeda.
Segundo jornais norte-americanos, já partiu para a região o principal representante autorizado de Washington para a coordenação da luta contra o Estado Islâmico, o general aposentado dos fuzileiros navais, John Allen.
Ao mesmo tempo, o Pentágono anunciou que irá treinar rebeldes sírios “confiáveis” para ações contra o EI. E já que treinar soldados sem armas não faz sentido, então serão iniciadas novas entregas de armas para os grupos da oposição síria.
Note-se que pela primeira vez essa formação será realizada precisamente por instrutores do Pentágono. Até agora, isso era prerrogativa da CIA. No entanto, a principal agência de espionagem dos Estados Unidos não irá de todo parar seus programas de “treinamento” de militantes da oposição síria. Só que agora ambas as escolas “departamentais” irão trabalhar em paralelo.
Muitos peritos russos em Oriente Médio acreditam que Washington, tanto no Iraque como na Síria, está cometendo o mesmo erro. Afinal de contas, o mesmo Estado Islâmico saiu da divisão iraquiana da Al-Qaeda, que por sua vez foi criada e financiada pelos próprios Estados Unidos, lembra o orientalista Vladimir Isaev:
“Esta é uma espécie de visão idealista do que está acontecendo na região. Eu não sei exatamente como os norte-americanos irão traçar a diferença entre “confiáveis” e “não confiáveis”. Mas não tenho dúvidas nenhumas de que parte dos supostamente “confiáveis”, e uma grande parte, logo após o treinamento passará para as fileiras de “não confiáveis”. Ou seja, os próprios norte-americanos, com suas próprias mãos, irão treinar substitutos para aqueles que eles hoje estão destruindo desde o ar”.
No final de setembro, o presidente Obama já assinou uma lei sobre a alocação de 500 milhões de dólares para o treinamento e armamento da oposição síria “moderada”. No âmbito dessa formação serão treinados mais de 5 mil combatentes anualmente.
O Pentágono não revela exatamente onde serão localizados os campos de “treinamento”. Mas se considerarmos que campos da CIA tem operado anteriormente na Jordânia, é fácil supor que a logística estabelecida permitirá organizar lá também “escolas” do Pentágono. Como possíveis países de acolhimento são também mencionados a Arábia Saudita, o Qatar e o Iêmen.
O ex-chefe do Pentágono, Leon Panetta, disse em entrevista ao jornal USA Today que toda a política de Obama no Iraque e na Síria é um erro atrás de outro. Ele acredita que a guerra contra o Estado Islâmico vai durar por causa disso ainda uns 30 anos.
Panetta criticou todas as decisões do presidente Barack Obama que este último tem tomado nos últimos três anos. Em sua opinião, a retirada das tropas do Iraque em 2011 criou um “vácuo” de segurança, e o número de militantes no país aumentou significativamente. Leon Panetta, no entanto, não disse que o maior erro foi a invasão do Iraque em 2003 sob os falsos pretextos de busca de armas de destruição maciça.