Durante a última demonstração de produtos da corporação estatal Rosteh e da holding “Tecnologia na Engenharia de Máquinas”, no final de setembro, a associação de pesquisa e produção Splav apresentou os novos mísseis para o sistema de lançamentos múltiplos TOS-1A Solntsepiôk.
Aleksêi Ramm, especial para Gazeta Russa
O TOS-1A Solntsepiôk, também conhecido informalmente como “Buratino”, destrói alvos blindados, homens e fortificações do adversário com cargas tanto termobáricas, como incendiárias, e foi usado ativamente pelo Exército russo durante os combates na Tchetchênia e no Afeganistão.
De acordo com o historiador militar e editor-chefe do projeto on-line Voeni Rubej (Fronteira Militar), Oleg Kovchar, graças à exatidão dos lançamentos dessa máquina é que foi possível furar a resistência dos combatentes durante o ataque a determinados bairros da cidade de Grózni e ao povoado de Komsomolsk.
“O TOS-1 é um exemplo único de arma que combina as propriedades e capacidades de combate dos sistemas de lança-foguetes múltiplos (SLFM), máquinas lança-chamas e tanques incendiários e de ataque”, disse à Gazeta Russa o especialista independente e historiador militar Aleksêi Khlopóvot.
Já no início da década de 1980, a experiência das guerras e conflitos armados nos moldes atuais mostrou aos militares soviéticos que fazia falta ter um tanque especializado com arma de alta potência para dar apoio direto à infantaria.
Ao contrário dos SLFM, os TOS deviam operar na linha da frente e destruir alvos inimigos precisos, como suas fortificações e veículos blindados em abrigos, e, ao mesmo tempo, oferecer a mesma proteção dos tanques. “Por isso é que, para sua base, adotou-se o chassis T-72 modernizado, enquanto as cargas termobáricas exclusivamente nacionais multiplicaram em várias vezes o poder de fogo do TOS”, explicou Khlopóvot.
O batismo de fogo dos sistemas de lança-mísseis ocorreu no Afeganistão, já no final da guerra, durante os combates no desfiladeiro de Salang e Vale de Charikar.
De suas posições, os TOS lançavam os projéteis e recuavam rapidamente, afastando-se do fogo inimigo. “Nas montanhas, as cargas termobáricas mostraram a sua elevada eficácia”, acrescenta Kovchar. No entanto, foi exatamente no Afeganistão que os militares russos detectaram o maior problema dos TOS.
Problema resolvido
Os projéteis tinham um alcance de voo relativamente curto, o que fazia com que o fogo inimigo dos antitanques sem recuo, e às vezes dos lança-granadas, conseguisse abater os TOS. Segundo relatos, os sistemas não eram carregados com a munição toda, pois os soldados sempre deixavam os trilhos externos vazios, com medo que, se o fogo inimigo lhes acertasse, os eventuais projéteis que estivessem neles detonassem. “A principal vantagem defensiva dos TOS era a rapidez de ataque, a elevada precisão do seu tiro e a potência da munição, que permitia destruir rapidamente o inimigo”, explica Kovchar.
Um soldado que participou do ataque ao povoado de Komsomolsk durante os combates na Tchetchênia, no ano 2000, e viu os TOS em ação, disse à Gazeta Russa que os lançamentos do Buratino davam cobertura não apenas aos veículos de combate, mas aos franco-atiradores, e obstruíam o fogo de retaliação sobre o veículo de combate.
“Agora que o alcance do tiro foi ampliado para os seis mil metros, nós conseguiremos garantidamente afastar o Buratino do fogo das armas leves e dos lançadores de granadas antitanque portáteis. No entanto, é verdade que existe ainda o perigo dos mísseis antitanque teleguiados, mas, enquanto a guarnição inimiga aponta e executa o disparo, o TOS consegue acertar os alvos e sair da mira de fogo”, disse à Gazeta Russa um porta-voz do Ministério da Defesa envolvido na concepção do projeto.
Solntsepiôk contra EI?
Atualmente, além das Forças Armadas russas, os TOS também estão na ativa no Cazaquistão e Azerbaijão. Além disso, ao observar fotos recentes do Iraque, é possível perceber que os primeiros Solntsepiôk também foram entregues às forças armadas iraquianas, que combate atualmente os rebeldes do Estado Islâmico.
“Quanto ao uso dos TOS, merece atenção especial a experiência do Cazaquistão, que adquiriu esses sistemas juntamente com veículos de combate de apoio a tanques, os VMAT. Os VMAT dão cobertura aos TOS quando estes fazem lançamentos sobre as posições inimigas e depois defendem os alvos após o ataque”, disse Khlopóvot.