O complexo móvel de guerra eletrônica “Krasukha-2” foi apresentado oficialmente ao público. De acordo com especialistas, o sistema é um dos mais eficazes no combate a aeronaves AWACS (Airbone Warning and Control System –sistema aéreo de alerta e controle, na sigla em inglês) e pode interessar países com forças armadas poderosas.
Aleksêi Ramm, especial para Gazeta Russa
Na semana passada, o diretor do setor de compras governamentais da empresa Kret (Conglomerado Tecnológico Radioeletrônico), Vladímir Mikheev, em entrevista à emissora de rádio “Eco de Moscou”, afirmou que “os sistemas de guerra eletrônica russos são utilizados tradicionalmente em dezenas de países”.
“Temos conquistado a confiança de diversos países europeus que agora manifestaram interesse em cooperar conosco”, disse.
O represetante da Kret ainda afirmou que o exército chinês é um cliente especial:
“Nossos colegas chineses sempre demonstraram grande interesse pela guerra eletrônica, utilizando um vasto arsenal composto por equipamentos russos e de produção nacional.”
Entretanto, o especialista não citou quais equipamentos em particular tanto a China quanto outros países europeus manifestaram interesse em adquirir.
Na verdade, apesar do silêncio do especialista, o assunto se refere ao equipamento mais secreto na atualidade da indústria russa: o complexo de guerra eletrônica Krasukha-2. Sua estreia ao público ocorreu no final do verão deste ano, no Fórum Internacional Tecnologias de Engenharia 2014. A Kret, parte da empresa estatal Rostech, expôs ao público sua estação móvel de guerra eletrônica, capaz de interferir e cancelar as emissões eletromagnéticas dos radares aerotransportados AWACS (Airborn Warning and Control System), em especial os americanos E-2 “Hawkeye” e E-3 “Sentry”.
“O sistema Krasuha-2 é ainda um dos equipamentos mais secretos do arsenal de guerra eletrônica das Forças Armadas da Rússia. Não há dados oficiais sobre suas características, nem sobre seu desempenho tático de combate. Sabe-se apenas que foi posto em serviço ativo e as unidades operacionais já estão o utilizando, mas não há informações sobre a quantidade e a localização de tais sistemas”, afirmou o especialista militar independente e editor-chefe do portal online MilitaryRussia, Dmítri Kornev.
Compradores
O sistema Krasukha-2 já provocou interesse de vários países cujas forças armadas lidam com alta tecnologia militar.
“Ocorre que este sistema é algo complexo de preço muito elevado, algo não compatível com o orçamento da maior parte das forças armadas do mundo. Além disso, apesar da sua alta eficiência permitir combater eletronicamente os grandes centros aéreos de guerra eletrônica AWACS, é necessário saber utilizá-lo taticamente para obter vantagens estratégicas”, afirmou o especialista militar independente e autor do livro “O Novo Exército Russo”, Anton Lavrov. De acordo com ele, um dos possíveis compradores do novo sistema é a China.
“As Forças Armadas da China são as que mais crescem no mundo e a liderança político-militar do país fomenta a utilização de armas e equipamentos de alta tecnologia. Não devemos esquecer que a China tem questões não resolvidas com Taiwan em que as Forças Armadas do Estados Unidos podem ter um papel central na solução”, afirmou Lavrov.
No entanto, ainda não há informações concretas sobre as negociações entre Rússia e China para a aquisição destes sistemas.
Características
Instalado sobre o chassi 8x8 do caminhão Baz Voshina, desenvolvido pela Fábrica de Automóveis de Briansk, o sistema é composto principalmente por uma grande antena parabólica que se parece com uma estação de comunicação de satélite. Foi exposto no fórum com apenas uma pequena placa explicativa: sistema multifuncional de guerra eletrônica.
“O sistema Krasukha-2 representa a continuação da linha de grandes jammers soviéticos Pelena-1, capaz de interferir os sinais das aeronaves AWACS E-3 equipadas com os radares AN/APY-2 da banda-S a uma distância de 100 km a 250 km. O Pelena-1 equipava os principais batalhões de guerra eletrônica do Exército Vermelho, bem como o único batalhão de defesa aérea eletrônica da URSS”, afirmou Kornev.
Segundo uma fonte do Ministério da Defesa russo, há informações que os vetustos Pelenas-1 ainda são operados eficazmente contra as principais estações AWACS de possíveis inimigos. No entanto, a fonte não deu informações adicionais alegando sigilo.
Korvev afirmou que provavelmente o sistema Krasukha-2 seja melhor do que o antecessor por utilizar novos algorítmos computacionais. Além disso, é altamente móvel –enquanto os Pelenas-1 demoravam horas para se estabelecerem em uma determinada posição, os Krasukhas-2 podem ser instalados em questão de minutos. Aparentemente, o sistema pode ser operado por apenas dois militares mais o motorista, que são capazes de acionar as principais funções do equipamento através de um tablet.