O presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, declarou que seu país, em conjunto com um grupo de outros países árabes nas Nações Unidas, havia elaborado um projeto de resolução do Conselho de Segurança.
Andrei Ontikov | Voz da Rússia
Este documento, nas palavras de Abbas, está orientado para a regularização do conflito palestino-israelense através da formação de dois Estados independentes, do fim da ocupação e da solução de problemas de refugiados palestinos. Ao mesmo tempo, conforme declarou Abbas, o projeto de resolução propõe “um calendário nítido de realização dessas tarefas, como está fixado na iniciativa de paz árabe”.
Entretanto, os palestinianos Fatah e Hamas chegaram a acordar o regresso ao poder de um governo unido na Faixa de Gaza, anunciou Jibril Rajoub, membro do Comitê Central do movimento Fatah. Peritos consideram que o reforço da unidade dê aos palestinos uma vantagem adicional nas conversações com Israel. Citamos um politólogo palestino, Tawfiq Abu Shumar:
“Este passo, sem quaisquer dúvidas, foi dado com um atraso. No entanto, ele é muito importante para palestinos por influir diretamente nas conversações. O governo de coalizão irá representar os interesses de toda a Palestina e não apenas os da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, Tal, naturalmente, irá contribuir para o reforço das posições negociais de palestinos”.
Entretanto, ao que tudo indica, crescem mudanças também no mecanismo de mediação da regularização das divergências palestino-israelenses. Recentemente, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, havia proposto alargar o atual “quarteto” de mediadores internacionais (Rússia, EUA, UE e ONU), inclusive à conta da Liga Árabe. A situação é comentada por Alexander Demchenko, perito do Instituto de Orientalística da Academia de Ciência da Rússia:
“Israel havia declarado reiteradamente não aceitar a participação do Hamas nos órgãos de poder palestinos, por isso a regularização de divergências em relação ao governo de coalizão é mais importante para contatos internos palestinos do que para a solução do conflito com Telavive. Quanto ao projeto de resolução, referido por Mahmoud Abbas, tudo depara no caso concreto com a posição dos Estados Unidos. O documento será bloqueado, se contrariar os interesses de Israel.
Por outro lado, não devemos esquecer do “quarteto” de mediadores internacionais. A meu ver, há muito que surgiu a necessidade de reformatá-lo porque este mecanismo já não funciona de fato. Os Estados Unidos afastaram outros participantes dele, tentando desempenhar em separado o papel de mediação entre palestinos e israelenses. Os resultados são conhecidos. É necessário por isso dispensar atenção à ideia do alargamento do “quarteto”, inclusive à conta da Liga Árabe.
Finalmente, os problemas de Tel Aviv não se limitam só à Palestina. Em torno está o mundo árabe, cuja parte considerável tem ânimos bastante hostis em relação a Israel. Lembrando que neste contexto a iniciativa de paz árabe de 2002, que, como se sabe, propõe normalizar as relações entre árabes e Israel no caso de regularização do conflito com palestinos”.
Peritos destacam que a participação da Liga Árabe da mediação internacional reforçará a pressão sobre Israel, contribuindo para que esse país se manifeste finalmente ao nível oficial sobre a iniciativa de paz árabe. É conhecido que Telavive não reagiu até hoje a ela.
Entretanto, o documento pode ser de fato qualificado como cardinal. A vontade ou a desvontade de trabalhar de acordo com seus princípios irão testemunhar a vontade ou a desvontade de alcançar em geral a regularização da situação no Oriente Médio.