Primeiro-ministro britânico diz que é preciso ‘passar a nova fase de ações’.
Ele pediu ainda chance ao Irã e disse que al-Assad também é 'inimigo'.
Do G1, em São Paulo
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, informou que irá pedir na sexta-feira, durante uma convocação extraordinária do Congresso, autorização para que o Reino Unido inicie sua participação nos ataques aéreos promovidos contra o Estado Islâmico. Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, na noite de quarta (24), ele falou sobre o combate ao grupo terrorista através da coalizão liderada pelos Estados Unidos.
“Temos necessidade de agir em favor de nossos interesses nacionais e pela proteção de nosso povo. Por isso, é certo que o Reino Unido deve agora passar a uma nova fase de ações”, disse. “Minha mensagem hoje é simples. Estamos enfrentando um mal contra o qual o mundo inteiro precisa se unir. E, como sempre em relação a liberdade, democracia e justiça, o Reino Unido fará sua parte”.
Cameron disse no início de seu pronunciamento que “erros do passado não podem se tornar uma desculpa para a indiferença e a falta de ação”, citando os casos do Iraque e Afeganistão. “A lição é que devemos agir de forma diferente... não devemos ficar tão congelados pelo medo a ponto de não fazermos nada”.
Segundo o premiê, os países envolvidos no combate ao EI precisam ser “compreensivos, inteligentes, abrangentes e firmes”. Para ele, é preciso combater a ideologia do extremismo, vencendo também “a batalha de ideias”, em vez de apenas a militar, apoiando governos representativos e confiáveis sem assumir o papel deles, trabalhando com parceiros na região que estejam preparados e usando todos os métodos à disposição para “caçar” os extremistas, incluindo a força militar.
Ao falar em parcerias na região, Cameron citou nominalmente o Irã, dizendo que o país merece a chance de mostrar que pode ser parte da solução e não do problema. Ao lembrar seu encontro com o presidente Hassan Rouhani, horas antes, ele destacou que os dois discordam severamente em alguns temas, mas isso não impede que o país possa ajudar a combater a ameaça do Estado Islâmico. “Eles podem nos ajudar a garantir um Iraque e uma Síria mais estáveis e inclusivos. E, se estiverem preparados para fazer isso, devemos dar as boas-vindas ao seu comprometimento”.
O primeiro-ministro também afirmou que o combate ao EI não implica em apoio ao presidente da Síria, Bashar al-Assad. “O inimigo de nosso inimigo não é nosso amigo. Ele é outro inimigo. Fazer um acordo com Assad não irá derrotar o EI por que o desequilíbrio e a brutalidade do regime de Assad são uma das mais poderosas ferramentas de recrutamento para os extremistas”, disse. “A Síria precisa do que o Iraque precisa: um governo inclusivo, representativo e democrático que possa cuidar dos interesses de seu povo...simplesmente não é crível que Assad possa liderar um governo desse tipo”.
Adotando um discurso parecido ao do presidente dos EUA, Barack Obama, Cameron também dissociou o Estado Islâmico da religião que este diz professar. “A principal causa desta ameaça terrorista é uma ideologia distorcida do extremismo islâmico. Isso não tem nada a ver com o Islã, que é uma região pacífica que inspira inúmeros atos de generosidade a cada dia. O extremismo islâmico acredita no uso das formas mais brutais de terrorismo para forçar as pessoas a aceitar uma visão de mundo distorcida e viver em um estado quase medieval”, afirmou.