A corrente de refugiados do sudeste da Ucrânia para a Rússia aumentou muito depois de junho devido às ações militares que continuam entre adeptos da independência da região de Donbass e os militares de Kiev.
Serguei Duz | Voz da Rússia
Segundo os últimos dados das autoridades russas, desde o início do conflito que mais de 730 mil cidadãos foram obrigados a abandonar o território da Ucrânia e procurar refúgio na Rússia.
As pessoas atravessam a fronteira, frequentemente não trazendo quase nada consigo. Trazem apenas documentos e recordações, pormenores de um genocídio que aterroriza qualquer homem civilizado, desencadeado pelo novo poder ucraniano contra o próprio povo. As histórias da fuga da terra natal são muito semelhantes umas às outras: noite ou madrugada, ataque de artilharia, explosões, fumo, fogo, preparação rápida e fuga impetuosa.
As crianças dos refugiados, que não compreenderam o que se passou, choram todas as noites. Mas elas estão em segurança. Agora, é importante acreditar que o pior já passou. Nesta situação já não são evidentes as perdas materiais. O principal é conservar o sentimento de dignidade própria, garantindo aos refugiados condições suportáveis de existência. E isto é uma tarefa difícil, tendo em conta a sua quantidade.
Segundo dados da Câmara Social, tendo em conta a intensificação das ações militares, nos próximos meses poderão chegar ainda entre quinhentos mil e um milhão de refugiados. A situação é lamentável, considera Gueorgui Fedorov, vice-chefe do Centro de Coordenação da Câmara Social para Prestação de Ajuda aos Habitantes da Ucrânia.
"A Câmara Social propôs que os refugiados sejam o mais rapidamente transferidos das regiões fronteiriças para outras regiões da Rússia. Parece-me que isso poderá melhorar a situação nos locais. Por isso, pessoas com crianças esperam durante dias pela sua sorte. Uma enorme fila no Serviço Federal de Migração. Os voluntários não conseguem ajudar a todos. A situação foge ao controlo”.
Os locais de instalação temporária, regra geral, são criados em escolas e estabelecimentos culturais, bem como em pequenos hotéis, casas de descanso, campos de saúde e grandes edifícios desportivos. Frequentemente, são utilizadas carruagens de passageiros para albergar os refugiados. Quando é necessário, montam-se zonas de tendas. Cada tenda é equipada com forno e chão quente de madeira, onde são instaladas camas. As pessoas recebem cobertores, colchões e roupa quente.
Todos os acampamentos têm fornecimento autónomo de energia elétrica (com geradores a gasóleo), cozinhas de campanha, postos médicos, chuveiros e casas de banho. Resumindo, são quase condições espartanas para citadinos modernos. Mas as pessoas que se livraram do inferno ficam contentes com isso.
A propósito, alguns dos refugiados tencionam defender os seus direitos nos tribunais, incluindo o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Voluntários russos ajudam as pessoas a preparar os documentos necessários. Segundo os ativistas sociais, até ao fim do ano, deverão juntar-se várias centenas de demandas. Mas os peritos duvidam que elas venham a ser satisfeitos. O TEDH é conhecido pela sua abordagem política dos processos. Este tribunal é já há muito utilizado por Bruxelas para ajuste de contas.
Por isso, a Rússia é obrigada a chamar a si a neutralização da catástrofe humanitária no sudeste da Ucrânia. E sem dúvida que ela cumprirá o seu dever. Como declarou o primeiro-ministro Dmitri Medvedev, “na Ucrânia vivem nossos amigos, pessoas que nos são próximas e não podemos ficar indiferentes”.
Por exemplo, segundo o primeiro-ministro, todas as crianças e adolescentes que tiveram que sair da Ucrânia frequentarão infantários, escolas secundárias e universidades na Rússia.
“Não duvidem, não abandonaremos ninguém”, dizem os russos, estendendo a mão ao povo da Ucrânia.