A agência internacional de notícias Rossiya Segodnya exige a libertação imediata de Andrei Stenin, seu repórter fotográfico, que desapareceu no leste da Ucrânia enquanto cumpria uma missão da redação.
Ao que tudo indica, o repórter foi detido por um dos serviços de segurança desse país. No Ministério do Interior da Ucrânia foi entregue um pedido oficial de busca de Stenin. Moscou está tomando todas as providências, a âmbito dos serviços competentes, no sentido de repatriar o repórter fotográfico, declarou Dmitri Peskov, porta-voz do presidente da Rússia.
Repórter fotográfico Andrei Stenin - Foto: RIA Novosti/Damir Bulatov
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Segundo uma comunicação transmitida à imprensa por Dmitri Kiselev, diretor-geral da Rossiya Segodnya, Andrei Stenin trabalhou de ambos os lados da frente de combate no leste da Ucrânia, revelando ao mundo as desgraças sofridas pelo país e por seus habitantes independentemente da parte que apoiam. É uma atividade claramente humanitária, frisa Kiselev, lamentando logo a seguir que esta circunstância parece não ter qualquer importância para as atuais autoridades ucranianas.
“Porque não prender – duas vezes! – o jornalista inglês Graham Philips? Porque não matar o jornalista italiano Andrea Rachelli? Ou Igor Korneliuk e Anton Voloshin, correspondentes do canal de televisão russo Vesti? Ou Anatoli Klyan, operador de câmera do canal de TV Pervy”? Enfim, estamos em presença de uma verdadeira caça aos jornalistas”.
“Cinco jornalistas mortos em três meses, é um número enorme”, diz, por sua vez, Tatiana Lokshina, diretora de programas da seção de Moscou da Human Rights Watch. Em sua opinião, o leste da Ucrânia virou uma armadilha para os jornalistas.
A agência internacional de notícias Rossiya Segodnya organizou uma campanha pública de apoio à exigência de libertação de seu colaborador. No centro de Moscou, voluntários distribuem trabalhos fotográficos de Andrei Stenin apelando para que a ação seja apoia nas redes sociais. No portal YouTube foi publicado um filme gravado por colegas do colaborador desaparecido da Rossiya Segodnya.
(http://www.youtu be.com/watch?v=T 91YhscRFXc&featu re=youtu.be)
Serguei Pyatakov, repórter fotográfico, diz:
«Queremos garantir ao organismo tão respeitável e obviamente influente que é o Conselho de Segurança da Ucrânia, que esse homem modesto, pacífico e relativamente jovem não expunha a Ucrânia a qualquer ameaça militar ou política ou econômica”.
A câmera de filmagem são os vossos olhos, destaca Vladimir Pesnya, outro repórter fotográfico.
“É com estes olhos que vêem o que acontece. A câmera não mente se por trás dela está um homem honrado. Andrei Stenin é um homem assim. Quem luta contra fotógrafos, luta contra a verdade”.
Andrei Stenin cumpriu missões de sua redação em diversos “pontos quentes” do planeta, como Síria, Líbia, Egito e Ucrânia, refere Alexander Vilf, chefe da seção de repórteres fotográficos da Rossiya Segodnya.
“Andrei não pegou em armas. Sua única arma era uma câmera de filmagem com que ele procurava levar a nosso conhecimento o que se passava nesses pontos quentes. Pode se discutir quanto se quiser sobre até que ponto é “ética” a presença, em zonas de hostilidades, de correspondentes e repórteres “incomodando” os militares, “perturbando” determinados pontos de vista. Se lá não estiverem, ninguém saberá absolutamente de nada”.
O Conselho de Desenvolvimento da Sociedade Civil e dos Direitos Humanos, adjunto ao presidente da Rússia, exortou as autoridades ucranianas a libertar imediatamente Andrei Stenin. “O caso do repórter fotográfico da Rossiya Segodnya é absolutamente revoltante e ilegal”, afirmou Mikhail Fedotov, presidente do Conselho.
O escritor Yuri Polyakov entende que “ao tudo leva a crer que exortar as atuais autoridades ucranianas a tirar as mãos dos jornalistas é tão inútil como nos anos 30 do século passado o era apelar aos nazis para não queimarem livros de Thomas Mann”. São aparentemente necessárias outras medidas, mais enérgicas.
Nikolai Kovalev, ex-diretor do FSB (Serviço Federal de Segurança da Rússia) e atual membro do Comitê de Segurança da Duma do Estado (câmara baixa do parlamento russo), se diz desiludido com a falta de reação devida por parte dos jornalistas ocidentais. Seu silêncio pode encorajar os serviços secretos de outros países, onde estão se travando guerras, a começar a sequestrar jornalistas.
Alexander Brod, diretor du Bureau de Moscou para os Direitos Humanos, entende necessário que se peça o apoio das organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, nomeadamente, da Cruz Vermelha que têm por missão socorrer jornalistas em zonas de conflitos militares. Em sua opinião, “os jornalistas russos constituem uma ameaça para Kiev uma vez que levam ao conhecimento da Rússia e do mundo as atrocidades perpetradas que as autoridades ucranianas procuram por todos os meios esconder, as justificar alegando uma luta contra separatistas. Na realidade, são elementos do genocídio praticado contra seu próprio povo”.