O presidente da Ucrânia, Piotr Poroshenko, começa reconhecendo sua derrota. Numa reunião em Kiev com o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos Jeffrey Feltman ele reconheceu que a situação no leste não poderá ser resolvida apenas por meios militares. Anteriormente Poroshenko tinha referido a ineficácia do anterior plano militar e anunciou a preparação de um novo.
Nina Antakolskaya | Voz da Rússia
Os militares ucranianos receberam ordens para alterar a tática da operação militar no leste do país. As ações anteriores custaram um preço elevado, reconheceu o presidente Poroshenko. Por isso o exército recebeu indicações para se reagrupar, dividir os milicianos em várias partes e continuar a ofensiva. Essencialmente não há nada de novo. Apenas o reconhecimento que o caminho escolhido não permitiu atingir o objetivo. Mas Poroshenko não tenciona reconhecer a essência de seu erro, considera o perito do Instituto de Estudos Estratégicos Russo Azhdar Kurtov:
“O presidente da Ucrânia se agita, está constantemente alterando sua tática e estratégia. Também há muitas baixas tanto entre a população civil, como entre os militares das forças armadas ucranianas. Tudo isso indica que a tentativa artificial de resolver a situação sem recorrer ao caminho mais viável em caso de qualquer conflito, ou seja as negociações com a parte adversária, as tentativas de perceber o que é que essas pessoas querem, a aposta exclusivamente na força não se justifica”.
Por isso começam se ouvindo conversas sobre a impossibilidade de resolver a situação no leste exclusivamente por métodos militares. Piotr Poroshenko falou disso, nomeadamente, ao representante do secretário-geral da ONU, Jeffrey Feltman. São palavras muito certas. Só que elas podem esconder uma artimanha, avisa o perito Azhdar Kurtov:
“Isso pode subentender objetivos completamente diferentes. Por um lado, o fato de Poroshenko querer realmente negociar, cessando entretanto as hostilidades. Ou então será uma coisa completamente diferente se ele, por impossibilidade de vencer por meios militares e necessidade do uso de meios políticos subentender o uso de pressões por parte dos países ocidentais sobre os milicianos e sobre a Rússia”.
No dia 26 de agosto Piotr Poroshenko irá viajar para Minsk, capital da Bielorrússia, para a cúpula dos líderes da União Aduaneira: Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão. Esta será praticamente sua primeira reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se não tivermos em conta a curta conversa tida nas comemorações da Normandia no início do verão. Por isso, Poroshenko não virá sozinho, mas com um grupo de apoio da União Europeia: a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton e três comissários europeus.
Esse encontro é necessário, nem que seja porque a Ucrânia se considera ameaçada pelo perigo russo e por essa razão está sempre pedindo ajuda financeira, militar e política ao Ocidente. Os políticos terão mais facilidade em se entenderem se se olharem nos olhos. Contudo, não devemos depositar demasiadas esperanças nesse encontro, sublinha o perito Vladimir Bruter:
“Se dissermos que Poroshenko tem seu próprio ponto de vista sobre o problema seria um exagero muito otimista. Suas opiniões possuem um caráter conjuntural. Se lhe dizem que ele pode obter uma vitória militar, ele avança. Se lhe parece que agora isso é pouco provável, ele para e diz que o Ocidente o deve ajudar com armamento para obter essa vitória militar. A posição de Poroshenko ainda irá mudar muitas vezes. Nós podemos recordar que o poder na Ucrânia já prometeu uma descentralização, mais direitos para as regiões, uma nova constituição e eleições depois da aprovação dessa nova constituição. Onde estão agora todas essas promessas?”
Mas o diálogo tem de ser estabelecido. Tanto com Poroshenko, o qual, autonomamente ou controlado, representa a Ucrânia, como com a União Europeia, que se enredou no conflito ucraniano. Kiev e Bruxelas são obrigadas a reconhecer que suas intenções de vencer rapidamente a resistência no sudeste não obtiveram resultado e que a continuação dos combates resultará em novas vítimas pelas quais, tarde ou cedo, alguém será responsabilizado.
Mas como convencê-los de que o novo plano não deve ser militar, mas um plano de paz?