Desde a chegada do primeiro escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB), com cerca de 5.800, em julho de 1944, ao front italiano, muitas histórias ainda não foram contadas e outras tantas estão no esquecimento sobre a participação dos brasileiros na Segunda Guerra Mundial. O HISTORY, num esforço de lembrar os atos de coragem destes homens que defenderam o Brasil, traz a história do soldado Fernando Dantas D’Ávila, que trabalhou na Itália até 1945 como mensageiro do exército brasileiro e, ferido, estava no hospital quando a Guerra chegou ao fim.
Seu filho, também chamado Fernando, nos forneceu um precioso material histórico, com fotos, documentos, cartas de seu pai e também uma emocionante história, na qual o Pracinha Fernando teve que enfrentar inimigos e fogo cerrado para levar uma importante mensagem… foram os 600 metros mais longos que ele já havia percorrido na vida até então:
“Como já disse, meu pai era mensageiro, e, em um momento especialmente difícil de combate, ele foi encarregado de levar uma mensagem a um posto avançado que se localizava a uns 600 metros do comando e vivia sob constante fustigação inimiga. As linhas de comunicação haviam sido rompidas (eram físicas). A mensagem que ele nunca esqueceu dizia: "1143 cia iniciará fogos previstos".
Havia fogo cerrado, e a dificuldade de progressão era tanta, que ele levou quase uma hora para conseguir alcançar o objetivo, mesmo apressado pela proximidade do início do fogo amigo. Quando chegou ao posto e entregou a mensagem, o sargento lhe disse;
"Obrigado, mas as comunicações já foram restabelecidas...".
"O que o Pracinha Fernando deve ter pensado nesse momento?
Isso ele nunca me falou..."
Ao todo, 25 mil brasileiros foram enviados para a Segunda Guerra, com a missão completar as lacunas deixadas pelo deslocamento de americanos e franceses destacados à invasão do sul da França. Ao final da luta, os brasileiros haviam libertado várias localidades italianas após desbancar o eficiente sistema de defesa dos alemães.
Quando o confronto acabou, o Pracinha Fernando escreveu uma emotiva carta à família, direto da Itália, datada em 3 de maio de 1945.
“Nem sei como começar esta. A alegria que me invade a alma é tal que não tenho palavras para descrevê-la. Até que enfim isto terminou.”
A carta continha três páginas, em papel da American Red Cross. No final, o bravo soldado, revelou um desejo á família, assim que colocasse os pés novamente no Brasil: “Depois iremos para a casa e comerei uma feijoada, tal que espero ficar sem levantar-me durante três horas após a mesma, tempo este que aproveitarei para contar-lhes passagens da guerra.”