Recém-chegados de outros estados à Amazônia, 27 aviadores fizeram parte do curso de adaptação básica ao ambiente de Selva no Bosque da Ciência, em Manaus
A Crítica
Repassar conhecimento sobre a fauna e a flora da região aos aviadores da Força Aérea Brasileira (FAB). Este foi o objetivo do Curso de Adaptação Básica ao Ambiente de Selva (Cabas) que a FAB realizou, na última sexta-feira (15), no Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). A parte teórica foi ministrada pelo pesquisador e coordenador de Extensão do Instituto, Carlos Bueno.
O curso, que já está na sua 21ª edição, foi organizado pelo 7º Esquadrão do Transporte Aéreo (ETA), do 8º Grupo de Aviação, sediado em Manaus. Participaram do curso 27 tripulantes, entre pilotos e mecânicos, recém-chegados à Amazônia, que realizam voo na região.
O pesquisador Carlos Bueno mostrou aos militares um pouco da diversidade biológica amazônica existente no Bosque da Ciência, como os insetos aquáticos e frutos da Amazônia. O pesquisador também falou sobre a missão e a produção científica e tecnológica do Instituto. “A missão do Inpa prevê que se realize pesquisa sobre a Amazônia, forme pessoal especializado sobre a região e se faça a disseminação dos conhecimentos gerados pelo instituto”, diz.
De acordo com o suboficial Mauri, um dos instrutores do curso, o Cabas é voltado para a formação de oficiais aviadores, que vieram de outros estados para compor a tripulação de aeronaves que sobrevoam a região amazônica, com o intuito de conhecer informações sobre os aspectos de adaptação na selva.
Ele explica que o Comando da Aeronáutica (Comaer) percebeu a necessidade dos militares adquirirem mais conhecimento sobre a região em que estão operando. Para isso, o Comar busca parceria com órgãos que tenham conhecimento tanto empírico como científico. “Por isso, procuramos parcerias com o Inpa e outras instituições nesse sentido para que os nossos militares tenham capacidade ao final do curso de compreender o caboclo e o cientista”, explica Mauri.
De acordo com o suboficial Mauri, as informações repassadas pelo pesquisador do Inpa ajudarão a melhorar a visão dos tripulantes somado ao conhecimento científico, melhorando o senso de brasilidade em relação à Amazônia. “Essas informações repassado aqui no Inpa são importantes e vão nos ajudar a aplicar esses conhecimentos teóricos em alguma situação real”, comenta.
Para o major Jailson, coordenador do Cabas, a parceira entre o Inpa e a FAB para a formação dos tripulantes que sobrevoam a região amazônica é importante, porque como os alunos são militares de outros estados, eles não têm informações sobre a região. “E o Inpa possui especialistas da região com conhecimento para nos repassar para que possamos ter condições de sobrevida para esperar um resgate no caso de algum acidente”, disse.
O major conta que o curso era destinado para aqueles que iniciavam suas atividades na região Amazônica e, inicialmente, o curso foi criado para atender somente aos militares do 7º ETA. Posteriormente, as unidades co-irmãs, sediadas na Base Aérea de Manaus, começaram, também, a realizar o curso. “Como a Amazônia tomou uma dimensão nacional de grande importância, outras unidades do Brasil que voavam nesta região se interessaram em fazer o curso e, hoje, agrega militares de várias unidades”, explica.
Para o tenente-coronel Alexandre Ricardo, um dos participantes do curso, e recém-chegado na Amazônia, a grande impressão de quem passa a servir nesta região é que existem pessoas com muito conhecimento a respeito da floresta e com comportamento ecológico de explorá-la sem desmatá-la.
“Isso traz esperança de que gerações futuras poderão ver a floresta como nós a vemos hoje podendo até aprimorá-la, visto que algumas tecnologias poderão ser agregadas para conservação do meio ambiente”, diz.