O segundo teste pela China de um míssil hipersônico terminou sem sucesso. A falha do dispositivo ocorreu pouco depois do lançamento do míssil, segundo informou a 22 de agosto o jornal de Hong Kong South China Morning Post.
Natalia Kasho | Voz da Rússia
Dois dias antes, a publicação norte-americana Washington Free Beacon relatou esse teste, citando o Pentágono, informando igualmente que na Internet tinham sido publicadas fotos do primeiro estágio do míssil que se despenhou.
Entretanto, o mistério está em a mídia chinesa não ter divulgado nada sobre os testes do míssil. Há igualmente divergências sobre o local de lançamento, apesar de se tratar realmente de um teste realizado a 7 de agosto. O South China Morning Post escreve que ele foi realizado numa plataforma de lançamento perto de Taiyuan na província de Shanxi, no noroeste da China. Já o Washington Free Beacon indica o centro de lançamentos de satélites de Jiuquan na região autônoma da Mongólia Interior.
A publicação norte-americana apresentou a declaração de um porta-voz do Pentágono que este é o segundo teste do ano de um míssil hipersônico. O míssil, equipado com uma ogiva hipersônica planadora destacável, pode realizar ataques nucleares contra os EUA. Entretanto, na opinião do editor principal do jornal russo Voienno-Promyshlenny Kurier (Correio Militar Industrial) Mikhail Khodarenok, a China está desenvolvendo essa arma porque os EUA e a Rússia já a têm, e a China tenciona se juntar ao clube:
“A China não desenvolve armas hipersônicas para ameaçar alguém em concreto, como os EUA, a Índia ou quaisquer outros potenciais adversários geopolíticos e geoestratégicos. Essas armas são desenvolvidas com um único propósito. Se existe a possibilidade de dissuadir um potencial adversário, e se os outros países desenvolvem essas armas, seria completamente imperdoável não participar no seu desenvolvimento e testes. Tanto mais que a China têm capacidades potenciais para desenvolver esse tipo de armas”.
Os peritos consideram que um possuidor de mísseis hipersônicos se torna em líder no mercado de armamentos. A China também tenciona entrar no grupo desse tipo de líderes. Entretanto, os testes dessa classe de mísseis demonstram as tentativas por parte da China para aprender a ultrapassar o sistema de defesa antimísseis norte-americano, diz Vladimir Evseev:
“A China, possuindo um arsenal limitado de mísseis nucleares, está criando forças nucleares capazes de ultrapassar, em caso de necessidade, o sistema de defesa antimísseis dos EUA. A China não possui um sistema de defesa antimísseis. Mais que isso, ela não possui sequer um sistema de alerta de ataques com mísseis. Nessas condições, o desenvolvimento de quaisquer aparelhos hipersônicos que possam realmente ultrapassar o sistema estratégico de defesa antimísseis dos EUA será uma vantagem considerável para a China”.
A China pode furar o sistema de defesa antimísseis dos EUA de forma limitada, mas não podemos falar de um avanço significativo, considera Vladimir Evseev. Essa opinião é partilhada por Mikhail Khodarenok, o qual também pensa que, depois dos EUA e da Rússia, a China poderá ser o terceiro país a possuir uma defesa antimísseis:
“Podem ser considerados como países emergentes, que já anunciaram por diversas vezes suas ambições em criar sistemas de defesa antimísseis, a China e a Índia. É preciso realizar um grande salto tecnológico para criar um sistema desses e colocá-lo em funcionamento. A China, apesar de todas suas capacidades, ainda não atingiu o nível necessário para desenvolver um sistema de defesa antimísseis. Mas eu penso que isso é uma questão que será resolvida num futuro imediato”.
O primeiro teste do míssil hipersônico WU-14 foi realizado pela China no dia 9 de janeiro deste ano. Ele decorreu com sucesso. Seu novo teste, apesar do fracasso, prova que a corrida aos armamentos hipersônicos se desenrola a nível global.