Um comboio de caminhões transportando ajuda humanitária para habitantes do Sudeste ucraniano partiu em 12 de agosto da região de Moscou sob os auspícios do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Entretanto, Kiev continua a atacar a região, ameaçando empresas químicas nos arrabaldes de Donetsk.
Natalia Kovalenko | Voz da Rússia
A chegada de ajuda humanitária aos habitantes das regiões de Lugansk e Donetsk torna-se cada vez mais próxima. Durante muito tempo, decorreram conversações ativas entre Moscou e Kiev sobre a própria possibilidade de fornecer artigos de primeira necessidade – medicamentos, água, alimentos – à população daquelas regiões, afetada por ações militares, os A missão tinha a oposição dos países ocidentais, comunicou o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov:
“Não deixamos de nos surpreender com declarações feitas em capitais ocidentais em relação aos acontecimentos no Sudeste da Ucrânia. Se é certo o que comunicaram os serviços de imprensa de Londres, Washington e Berlim sobre seus líderes terem acordado de que não há necessidade de ajuda humanitária para o Sudeste da Ucrânia porque já estão sendo tomadas todas as medidas, trata-se de uma degradante amostra de cinismo. Considero que, deste modo, os colegas ocidentais tentam deturpar o quadro real dos acontecimentos, desviar a atenção das ações empreendidas pelas autoridades de Kiev para esmagar todos aqueles que discordaram do golpe armado levado a cabo m fevereiro de 2014 em detrimento de todos os valores europeus e da Constituição da Ucrânia”.
Moscou conseguiu, com o apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, convencer Kiev de deixar passar o comboio. A ajuda humanitária será transportada em 280 caminhões Kamaz, incluindo toneladas de cereais, açúcar, alimentos infantis, equipamentos e medicamentos, sacos-camas e geradores elétricos, que entrarão na Ucrânia por um itinerário coordenado com Kiev. Os habitantes das regiões afetadas, que em resultado da operação militar das autoridades de Kiev ficaram sem eletricidade, rede de esgotos, assistência médica e simplesmente sem teto, terão hipóteses de sobreviver, não obstante as condições desumanas.
Contudo, toda essa ajuda poderá se tornar desnecessária se na região, além da catástrofe humanitária, deflagrar um desastre ecológico. Os militares ucranianos continuam a bombardear povoações, atacando com artilharia pesada não apenas bairros residenciais. Várias empresas industriais estão também ameaçadas. Na região de Donetsk existem várias usinas químicas desde os tempos soviéticos.. Por enquanto, as bombas e foguetes não causavam grandes prejuízos a estas empresas, tendo sido extintos praticamente todos os incêndios. Mas um disparo pode fazer disseminar uma ameaça mortal a centenas de quilômetros do Leste da Ucrânia, diz Pavel Brykov, secretário de imprensa do consórcio ucraniano Stirol, que produz adubos químicos, amoníaco e substâncias polímeras.
“Uma avaria na empresa do Stirol irá provocar uma fuga na usina química de Gorlovka, onde se armazenam até hoje reservas de mononitroclorobenceno, substância muito perigosa para os humanos. Em caso da catástrofe, o raio mínimo da área afetada pode superar 300 km, mas é impossível prever o máximo, porque a força do vento e as correntes fluviais são capazes de agravar o desastre”.
Esta substância diz respeito à 2ª categoria quanto à sua perigosidade, ela penetra através de vias respiratórias no sangue e afeta todos os órgãos humanos, provocando a morte.
Além disso, pela região passa a maior linha de amoníaco no mundo, adverte um representante da Liga Verde, Serguei Simak:
“Dissolvido em água, o amoníaco produz álcali cáustico. Imaginemos que estamos a respirar álcalis, que a chuva traz álcalis e que o teor de álcalis aumenta no solo e na água e sua concentração sobe a ritmos inéditos. O próprio amoníaco é extremamente tóxico e provoca incêndios. A linha representa um gasoduto e pode inflamar-se. As consequências desse incêndio podem envolver grandes territórios”.
Mas as autoridades de Kiev não pensam no perigo ao qual sujeitam não apenas a população do Sudeste da Ucrânia (cuja vida não custa nada para Kiev), mas também das regiões e até países vizinhos. Serão os descendentes que terão de pagar a falta de bom senso: a contaminação química do terreno pode influir negativamente em várias gerações.