O porta-voz da Duma (câmara baixa do Parlamento russo), Serguêi Narichkin, negou as afirmações do presidente ucraniano, Petrô Porochenko, de que a sociedade russa mantém um discurso de ódio em relação à Ucrânia e exortou Kiev a tomar medidas “decisivas de paz” em relação aos participantes do conflito no sudeste do país.
ITAR-TASS
Comentando sobre o discurso de Porochenko em Estrasburgo na sexta-feira passada (27), Narichkin esclareceu dois pontos. “Fiquei surpreso com as acusações [de Porochenko] de que a Rússia é um agressor”, disse o porta-voz da Duma a jornalistas, após fazer um discurso em uma sessão da Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em Baku, no sábado passado (28).
Segundo ele, o país nunca teve nem tem unidades armadas na Ucrânia, e a decisão do Conselho da Federação de revogar a sua resolução permitindo que o presidente Vladímir Pútin entrasse com o Exército russo na Ucrânia é mais uma confirmação das intenções pacíficas do Kremlin.
“Para quem não estudou história direito na escola, gostaria de dizer que a base da Frota do Mar Negro da Rússia está presente na Crimeia há mais de dois séculos e foi ali instalada em plena conformidade com o direito internacional”, acrescentou.
“Em segundo lugar, Porochenko disse que a sociedade russa odeia a Ucrânia. Aparentemente, o assessor que escreveu essa parte do discurso é completamente ignorante em relação à história, cultura e mentalidade das duas nações irmãs, duas nações eslavas ortodoxas, e parece que essa parte foi escrita por um assessor com uma visão anglo-saxônica, eu diria”, enfatizou Narichkin.
Ele lembrou que a maior parte dos negócios de Porochenko estão na Rússia. “Seus planos funcionam com sucesso, mas dificilmente teria sido assim se, como ele disse, o povo da Rússia, sem falar das autoridades regionais, o odiassem como um representante do povo ucraniano”, continuou.
Narichkin exortou Kiev a tomar medidas “decisivas de paz” em relação aos participantes do conflito no sudeste da Ucrânia.
“Saudamos o compromisso do presidente ucraniano eleito [Petrô] Porochenko para a restauração da paz no país. A Rússia quer isso como nenhum outro país e está fazendo tudo que é necessário para tal. Mas se nós realmente queremos paz, é importante tomar medidas decisivas em relação àqueles que tanto sofreram com os bombardeios e violência. Eles devem obter garantias do seu direito à vida e futura participação na gestão do Estado ucraniano”, disse.
Os parlamentares europeus devem, de acordo com Narichkin, acompanhar de perto a situação para ter certeza de que as palavras das autoridades ucranianas combinam com suas ações.