Dados do Serviço Federal de Imigração sobre a situação da população ucraniana foram corroborados por representação russa do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Cidadãos ucranianos debandaram em massa em meio aos combates ocorridos no sudeste do país.
Nikolai Litóvkin | Gazeta Russa
Atualmente, quase 1,8 milhão de cidadãos da Ucrânia vivem na Rússia, dos quais aproximadamente 480 mil chegaram da zona de combate. De acordo com a assessora de imprensa da representação do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados na Rússia, Galina Negrustoeva, os dados da organização coincidem com as informações disponibilizadas pelo Serviço Federal de Imigração.
“Nossa equipe viajou para as áreas de fronteira, todos nós temos visto com nossos próprios olhos e não temos motivos para não confiar na informação do Serviço de Imigração da Rússia”, disse a assessora à Gazeta Russa.
A maioria desses cidadãos da Ucrânia não chegaram a pedir o estatuto oficial de “refugiados” do Serviço Federal da Imigração. Enquanto parte das pessoas se encontra em abrigos temporários localizados em regiões vizinhas, outra parcela se dirigiu para a casa de parentes e amigos na Rússia.
“Nos territórios fronteiriços se encontram atualmente quase 415 mil pessoas. No total, mais de 20 mil já pediram abrigo temporário, e esse número tende a crescer se a situação não mudar”, disse o vice-chefe do Serviço Federal de Imigração, Anatóli Kuznetsov, em um discurso na Câmara Pública da Federação Russa nesta segunda-feira (7).
Os refugiados têm direito a ficar no país por 90 dias. Após esse período, devem retornar ao país de origem ou obter um visto de permanência junto ao serviço de imigração. “Desde o inicio do conflito civil, o numero de cidadãos ucranianos que desejam obter cidadania russa aumentou em sete vezes, e o número daqueles que querem obter uma permissão de residência temporária aumentou em quatro vezes”, diz Kuznetsov.
A maioria das pessoas que vêm para o Serviço Federal de Imigração são provenientes das regiões de Donetsk, Lugansk e Dnipropetrovsk. A recepção dos refugiados foi organizada em diversas de regiões russas próximas à fronteira e, em alguns caso, foi declarado estado de emergência devido ao fluxo maciço de pessoas. No total, foram abertos quase 300 abrigos temporários para a recepção desses cidadãos.
Do outro lado
O diretor da organização sem fins lucrativos Bureau de Apoio à Proteção dos Direitos Humanos em Moscou, Aleksandr Brod, aponta para o fato de que, atualmente, apenas 1.300 pessoas encaminharam o pedido oficial para receber o estatuto de refugiado. Segundo ele, o número pequeno de pedidos se explica pelo baixo nível de consciência jurídica entre os cidadãos ucranianos que atravessam a fronteira.
“No momento, é mais fácil receber o estatuto de refugiado. Devido aos refugiados que vêm da zona do conflito, o procedimento foi simplificado e agora dura apenas 3 meses. O estatuto de refugiado permite receber benefícios, ter acesso a serviços sociais e possibilidade de trabalhar. O estatuto é concedido por um ano e, em seguida, pode ser prolongado”, explica Brod.
Durante o período de análise do pedido, as pessoas podem tentar um emprego por meio de serviços móveis que operam nas regiões fronteiriças. “Os refugiados podem obter rapidamente trabalho no setor de serviços, como cozinheiro e assistentes de cozinha, por exemplo. Também há necessidade de construtores”, diz a representante do serviço Jeanne Deniskina. Os salários para cidadãos ucranianos nessas áreas de serviço não diferem dos locais e chegam a 40 mil rublos (aproximadamente US$ 1.170).
Em breve, os refugiados que decidirem ficar na Rússia terão também a possibilidade de obter assistência financeira. O dinheiro para o estabelecimento em um local novo será concedido de acordo com o programa federal de reassentamento voluntário de compatriotas, que incluirá a região fronteiriça de Rostov e a região vizinha de Stavropol.