Ataque aéreo foi dirigido contra a cidade de Khan Yunes.
Israel aceitou trégua, mas braço armado do Hamas a rejeitou.
France Presse
A aviação israelense retomou na tarde desta terça-feira (15) - horário local, manhã no horário de Brasília - os bombardeios contra a Faixa de Gaza, após uma trégua de seis horas, rejeitada pelo braço armado do movimento palestino Hamas, que controla o território, constatou a AFP.
Uma série de bombardeios caiu sobre o território palestino. Segundo os serviços de resgate em Gaza, ao menos dez pessoas ficaram feridas.
Um ataque aéreo foi dirigido contra a cidade de Khan Yines, no sul do enclave, e outro contra o bairro de Zeitun, no leste da cidade de Gaza.
"Em resposta aos contínuos ataques com foguetes do Hamas, o Exército começou a atacar de novo alvos terroristas em toda a Faixa. Entre os 30 alvos atacados, havia 20 plataformas de lançamento de foguetes ocultas (subterrâneas), túneis terroristas, um estoque de armas e uma instalação operacional", diz o último comunicado do Exército.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já havia advertido que o exército ampliaria as operações na Faixa de Gaza se o Hamas rejeitasse a trégua proposta pelo Egito e prosseguir com os lançamentos de foguetes.
"Se o Hamas não aceitar a proposta egípcia, como é o caso atualmente, Israel terá toda a legitimidade internacional para ampliar suas operações militares com o objetivo de restabelecer a calma", disse Netanyahu durante um encontro com o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, em Tel Aviv.
O braço armado do Hamas, as brigadas al-Qassam, rejeitou o texto do acordo. “Nossa batalha contra os inimigos continua e irá crescer em ferocidade e intensidade”, afirmou o grupo.
Mas Moussa Abu Marzoukm, alto oficial do Hamas que foi ao Cairo, disse que o movimento ainda negociava uma decisão. Entretanto, não houve nenhum anúncio oficial do grupo sobre o cessar-fogo, e os ataques por parte dos palestinos continuaram.
Segundo a polícia, um foguete lançado a partir do território palestino e reivindicado pelo braço armado do Hamas atingiu a cidade israelense de Ashdod nesta terça-feira. Este foi o primeiro projétil a atingir uma área habitada desde que Israel aceitou a proposta de trégua.
De acordo com dados do exército israelense, pelo menos 35 projéteis foram lançados em várias séries de ataques contra o território israelense das 9h locais (3h de Brasília) até quatro horas depois.
Algumas horas antes, o gabinete de segurança israelense, presidido por Netanyahu, aceitou a proposta egípcia, depois de uma semana de bombardeios em Gaza que deixaram quase 200 mortos e 1.300 feridos, em sua maioria civis.
"Respondemos à proposta egípcia para propiciar uma oportunidade de tentar desmilitarização da Faixa de Gaza", disse Netanyahu, que destacou a necessidade de limpar o território palestino de "mísseis, foguetes e túneis de contrabando".
O secretário de Estado americano, John Kerry, também apelou ao Hamas que aceitasse a proposta egípcia de cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza.
"A proposta egípcia de cessar-fogo e negociações oferece a oportunidade de acabar com a violência e restabelecer a calma", disse Kerry. "Saudamos a decisão do governo israelense de aceitar a proposta. Apelamos a todas as demais partes a aceitar a proposta", completou.
Ele também criticou a rejeição de parte do Hamas. "Não posso condenar com mais dureza as ações do Hamas, que dispara mísseis contra o esforço e a boa vontade de se conseguir o cessar-fogo para o qual trabalham o Egito e Israel juntos."
Fechamento de fronteira
Tambpem nesta terça, o Hamas anunciou que fechou seu ponto de controle fronteiriço com Israel, o que impede qualquer entrada ou saída do enclave palestino. A passagem fica a 2 km do terminal fronteiriço israelense de Erez.
"A fronteira foi fechada devido aos incessantes bombardeios de Israel", explicou um funcionário do Hamas. "Precisamos de uma garantia internacional de que Israel não bombardeará a passagem fronteiriça", exigiu outro funcionário do Hamas.
O setor de Erez, no sul de Israel, já foi alvo da aviação israelense anteriormente, mas não nas últimas 48 horas.
Este terminal está aberto apenas aos palestinos autorizados a ir a Israel - em sua maioria pacientes que seguem um tratamento médico, diplomatas, ativistas humanitários e jornalistas.
Abbas no Cairo
O presidente palestino, Mahmud Abbas, convocou as duas partes a um cessar-fogo. Está previsto que o presidente viaje à Turquia, um aliado do Hamas, e depois ao Egito para abordar a situação de Gaza, segundo fontes palestinas.
O primeiro-ministro islamita conservador turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou Israel de ter cometido terrorismo de Estado e de realizar um massacre entre a população civil.
O chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, iniciou nesta terça-feira uma breve visita a Israel e à Cisjordânia, onde se reunirá com Abbas. A ministra italiana das Relações Exteriores, Federica Mogherini, também chegou a Israel nesta terça-feira.
Segundo um último balanço, os bombardeios israelenses contra Gaza deixaram 192 mortos e cerca de 1.300 feridos.
A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) lamentou a destruição maciça de casas na Faixa de Gaza.
Desde o início das hostilidades, cerca de 840 foguetes atingiram Israel, deixando quatro feridos em estado grave, e 200 foram interceptados pela defesa antiaérea, segundo o exército israelense.