Ministra israelense diz que invasão terrestre deve ser inevitável e número de palestinos mortos ultrapassa 200
O Globo
com agências internacionais
GAZA — Israel e Hamas aceitaram o pedido da ONU para suspender por cinco horas na quinta-feira os bombardeios à Faixa de Gaza com o objetivo de permitir a chegada de medicamentos e outros itens de ajuda humanitária. Apesar do cessar-fogo, a ideia da invasão terrestre ao enclave palestino ganhou força com a declaração da ministra da Justiça, Tzipi Livni, de que Israel não teria outra alternativa mas a de lançar um ataque terrestre caso o Hamas continue a disparar foguetes. Oito mil reservistas foram convocados horas antes da ministra dar a declaração, somando-se aos 42 mil que haviam sido chamados.
Fumaça sobe após ataques com mísseis israelenses atingirem o norte da Faixa de Gaza - Adel Hana / AP |
Na manhã desta quarta-feira, o sistema de defesa antimísseis de Israel interceptou quatro foguetes sobre a área de Tel Aviv lançados a partir de Gaza, depois que militares israelenses bombardearam casas de vários líderes políticos do grupo militante islâmico.
O Exército de Israel alertou 100 mil moradores da Faixa de Gaza a abandonarem suas casas, no nono dia de uma ofensiva que já deixou 216 palestinos mortos e 1.100 feridos, enquanto o premier Benjamin Netanyahu pressionou a comunidade internacional pela desmilitarização do território controlado pelo Hamas.
“Apesar do cessar-fogo, o Hamas e outras organizações terroristas continuaram lançando foguetes, muitos deles procedentes destas três zonas”, afirmam as mensagens do Exército. “Para sua própria segurança, solicitamos que abandonem suas residências imediatamente antes das 8h (2h da manhã de Brasília)”, dizem os panfletos distribuídos em Zeitun, ao sudeste da Cidade de Gaza.
O Ministério do Interior do Hamas, no entanto, pediu aos moradores que vivem perto da fronteira que não deixem suas casas, argumentando que as mensagens transmitidas por Israel "são destinadas a semear o caos e a confusão entre o público".
Durante a noite, militares israelenses disseram ter atingido 39 alvos em Gaza. Testemunhas relataram que uma nova sede de cinco andares do Ministério do Interior foi reduzida a escombros e que os ataques também atingiram as casas de Mahmoud al-Zahar, um líder do Hamas; Fathi Hamad, ex-ministro do Interior do grupo; Ismail al-Ashqar, um membro do extinto Parlamento; e Bassem Naim, assessor do ex-primeiro-ministro de Gaza, Ismail Haniya.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou nesta quarta-feira que "Israel vai continuar fazendo o que precisa para se defender até que a paz e a calma sejam restauradas". Ele voltou a acusar o Hamas de cometer um "crime duplo", fazendo palestinos de escudo humano e atacando civis. E disse que Israel não vai descansar até que Gaza esteja desmilitarizada.
— O passo mais importante para a comunidade internacional é insistir na desmilitarização de Gaza — disse o premier em uma entrevista coletiva com a ministra das Relações Exteriores italiana, Federica Mogherini.
ATAQUES ENTRE ISRAEL E GAZA SOMAM MAIS DE TRÊS MIL
Desde que a operação militar israelense "Limite Protetor" começou há nove dias, Israel lançou mais de 1.825 ataques aéreos na Faixa de Gaza, de acordo com o jornal "Haaretz". Segundo informações das Nações Unidas, 79 escolas e 23 centros de saúde palestinos sofreram danos.
Uma plataforma de lançamento de foguetes foi bombardeada a 300 metros do hospital Wafa, que foi danificado por estilhaços. Um aviso prévio foi dado antes do ataque nesta quarta-feira.
Enquanto isso, o Hamas e a Jihad Islâmica dispararam mais de 1.215 foguetes e morteiros contra Israel, matando um civil e fazendo com que milhares de pessoas se escondessem em abrigos antibomba.
Desses projéteis, 38 explodiram em espaços construídos e 231 foram interceptados pelo sistema de defesa antimíssil Domo de Ferro, de acordo com o diário israelense.
Os serviços de segurança israelenses informaram que três "terroristas" foram mortos em um ataque na cidade palestina de Khan Younis. Os palestinos, no entanto, disseram que eram civis.
Ainda nesta quarta-feira, o governo da França apresentou uma proposta de ajuda de fronteira nos pontos de passagem entre Gaza e Israel, anunciou o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius.
A rejeição de uma proposta egípcia de cessar-fogo por parte do Hamas obrigou Israel a “expandir e intensificar” suas operações militares em Gaza, declarou Netanyahu na terça-feira.