Especialistas reclamam da infraestrutura, doação de peças e atendimento.
Diretoria admite que o prédio, que fica em Curitiba, precisa de reparos.
Do G1 PR
Historiadores paranaenses denunciam o abandono e demonstram preocupação em relação à conservação do Museu do Expedicionário de Curitiba. O local, considerado um dos mais importantes museus sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, reúne documentos e objetos que contam um pouco da história da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na batalha de Monte Castelo, em 1945, na Itália.
A doutora em História Cultural e representante da Associação Nacional dos Veteranos da FEB em Curitiba, Carmem Lúcia Rigoni aponta problemas na infraestrutura do museu, no atendimento e principalmente sobre as decisões arbitrárias da diretoria da Legião Expedicionária Paranaense (LEP), que administra o local em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (Seec).
“O museu está morrendo, ele está se fechando em si, pois a diretoria não dá um passo à frente daquelas escadarias”, disse Carmem. Para a historiadora, os principais motivos da deterioração do local são a falta de rotatividade na direção da LEP - a atual diretora está pela terceira vez seguida no mandato - e a política adotada pelo museu, que exclui civis da administração, mantido apenas por militares.
“Eles não permitem que gente de fora viva o museu. Não é qualquer um que pode virar sócio, eles têm um processo de escolha que ninguém entende”, disse a historiadora. Ainda de acordo com Carmem, as condições do museu seriam melhores se a diretoria procurasse o apoio da comunidade, com parcerias e projetos, ao invés de ficar esperando apenas o poder público. “Foi o caso do Museu de Armas da FEB no Rio de Janeiro. Eles fizeram uma parceria com uma empresa de Curitiba e agora, para mim, é o museu da FEB mais bonito do Brasil", explica.
Infraestrutura com problemas
Historiadores paranaenses denunciam o abandono e demonstram preocupação em relação à conservação do Museu do Expedicionário de Curitiba. O local, considerado um dos mais importantes museus sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, reúne documentos e objetos que contam um pouco da história da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na batalha de Monte Castelo, em 1945, na Itália.
A doutora em História Cultural e representante da Associação Nacional dos Veteranos da FEB em Curitiba, Carmem Lúcia Rigoni aponta problemas na infraestrutura do museu, no atendimento e principalmente sobre as decisões arbitrárias da diretoria da Legião Expedicionária Paranaense (LEP), que administra o local em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (Seec).
“O museu está morrendo, ele está se fechando em si, pois a diretoria não dá um passo à frente daquelas escadarias”, disse Carmem. Para a historiadora, os principais motivos da deterioração do local são a falta de rotatividade na direção da LEP - a atual diretora está pela terceira vez seguida no mandato - e a política adotada pelo museu, que exclui civis da administração, mantido apenas por militares.
“Eles não permitem que gente de fora viva o museu. Não é qualquer um que pode virar sócio, eles têm um processo de escolha que ninguém entende”, disse a historiadora. Ainda de acordo com Carmem, as condições do museu seriam melhores se a diretoria procurasse o apoio da comunidade, com parcerias e projetos, ao invés de ficar esperando apenas o poder público. “Foi o caso do Museu de Armas da FEB no Rio de Janeiro. Eles fizeram uma parceria com uma empresa de Curitiba e agora, para mim, é o museu da FEB mais bonito do Brasil", explica.
Infraestrutura com problemas
Em vários locais, é possível encontrar manchas no tapete por causa das goteiras e infiltrações (Foto: Arquivo Pessoal)
O prédio em que funciona o museu apresenta problemas com infiltrações e goteiras. A cada chuva forte, o carpete e as cortinas ficam molhados e em todas as salas é possível ver manchas no tapete por causa da água. Algumas paredes também apresentam sinais de infiltrações. A preocupação é que a umidade coloque em risco a conservação do acervo, que conta com documentos e uniformes da época.
O historiador e professor Dennison Oliveira também denuncia a doação de peças do museu. Entre os objetos doados estão a carabina do tenente Ari Rauen, que foi enviada ao 5º Regimento de Carros de Combate (RCC) de Rio Negro e a bandeira nazista, que, segundo o professor, era um dos objetos mais importantes do acervo. “É proibido pelo regulamento do próprio museu a doação destes objetos. Só é permitido em casos de objetos duplicados, caso contrário, não pode”, conta o professor.
Além disso, Dennison ressalta que as doações atrapalham o trabalho do pesquisador. “Várias peças foram doadas para quartéis e quartel não é museu. A circulação não é livre, você precisa negociar para entrar. Ainda tem o fato de que é muito mais prático para o historiador que todos os objetos fiquem no mesmo lugar”, explica.
O professor também tentou implantar um programa de voluntários com estudantes de história para trabalharem no museu, já que segundo ele, a maioria dos atendentes não tem formação na área e nem são especialistas na Segunda Guerra Mundial. A idéia, contudo, não foi aprovada pela direção. “Museógrafos nem consideram o Museu do Expedicionário de Curitiba como um museu. Para eles, é uma exposição. Um museu tem que ter um planejamento, um grupo de educadores, um projeto histórico, o que não é o caso daqui”, complementa Carmem Rigoni, que trabalhou por 14 anos no museu.
A falta de segurança é mais um problema apontado. No dia 13 de fevereiro de 2013, de acordo com um boletim de ocorrências da Delegacia de Furtos e Roubos, foram furtados um capacete alemão, uma cruz de ferro, uma cruz de mérito de guerra, uma fivela de distintivo de uniforme alemão e uma baioneta com bainha. Os objetos ainda não foram recuperados.
Outro lado
A própria administração do Museu admite que o prédio necessita de reparos, ainda mais por se tratar de uma construção antiga. “Temos algumas goteiras e infiltrações. Foi feito um pedido para a Secretaria de Estado da Cultura para estes consertos, mas isso acabou não acontecendo. Agora temos que esperar o período eleitoral passar”, explica a diretora do Museu do Expedicionário, Valderez Archegas Ferreira. Enquanto isso, a própria administração paga as despesas de alguns consertos. "Não é muita coisa, o que pode ser feito, estamos pagando", explica.
Em relação às denúncias dos historiadores, Valderez alega que qualquer pessoa pode ser sócia do museu, desde que cumpra os requisitos do estatuto e da mesa diretora. “Queremos aqui quem quer ajudar, quem está preocupado com o coletivo, com a FEB. Qualquer pessoa que queira entrar por interesse próprio, será vetada pela direção”, conta.
Quanto ao atendimento, a diretora explica que o museu tem dois monitores que são estudantes de história e treinados para contar sobre a FEB. Eles têm a função de acompanhar grupos que agendaram a visita ao museu. Já para quem não fez o agendamento, não há este tipo acompanhamento, mas que até os funcionários da segurança privatizada estão treinados para explicar o básico.
Sobre as doações, Valderez finaliza dizendo que elas foram feitas em outras gestões e, portanto, não cabe a ela comentar sobre. “Na minha gestão, objetos não foram doados. Pelo contrário, estamos recebendo muitas doações”, comenta.
Em nota, a Seec informou que o convênio com a Legião Paranaense do Expedicionário, dona do prédio e do museu está vencido. Por isso, não é possível fazer o repasse de recursos para as obras de revitalização. A secretaria aguarda renovar o contrato do convênio.
"A Secretaria de Estado da Cultura tem efetuado obras de conservação periódicas e contribui com a manutenção do Museu. Também já fez estudo preliminar das intervenções necessárias, a ser encaminhado para elaboração dos projetos de reforma e levantamento de custos", diz trecho da nota.