A Força Aérea israelita continua a bombardear a Faixa de Gaza. A mídia local informa que o exército do Estado judaico tenciona intensificar seus ataques aéreos em determinadas áreas da cidade de Gaza. Nesse contexto, ele apelou, através de telefonemas, comunicados breves e folhetos, a cerca de 100 mil habitantes que abandonassem suas habitações.
Andrei Ontikov | Voz da Rússia
Entretanto, os palestinos respondem com ataques de foguetes contra o território de Israel. Os disparos de hoje tiveram como alvos as cidades de Ascalão e de Asdode.
A nova fase do conflito se iniciou depois de o Hamas ter rejeitado a iniciativa egípcia de cessar-fogo e reiniciado os ataques, apesar do cumprimento do cessar-fogo por parte de Israel.
Porque escolheu o Hamas essa via? O perito palestino Faiz Abbas partilhou sua opinião com a Voz da Rússia:
“A direção do Hamas não quer que o Egito desempenhe o papel de mediador neste conflito porque as relações entre esse movimento palestino e o Cairo continuam extremamente tensas. Os palestinos prefeririam que esse papel fosse desempenhado, por exemplo, pela Turquia. Mas Israel é categoricamente contra isso. Isso despoletou inclusivamente uma reação violenta do premiê turco contra Tel Aviv. Infelizmente, o povo palestino se torna refém desta situação, continuando a ser alvo dos ataques israelenses. Tudo isso é um resultado das contradições que dilaceram os países árabes e islâmicos.”
Por seu lado, o orientalista russo Viacheslav Matuzov refere que o comportamento das partes neste conflito não se destaca pelas abordagens racionais:
“Uma parte da responsabilidade deverá ser atribuída àqueles círculos extremistas palestinos que recusaram aceitar o plano de regulação egípcio. Contudo, isso não retira as culpas de Israel que realiza uma política irresponsável. Tel Aviv tem de perceber que a continuação dos ataques contra a Faixa de Gaza apenas leva a uma escalada no conflito e ao aumento do radicalismo entre os palestinos.”
Aliás, muitos peritos referem que é precisamente esse o objetivo de Israel. O extremismo entre os palestinos se torna um excelente pretexto para que Telavive boicote o processo de paz, diz Viacheslav Matuzov:
“O Hamas, ao recusar o plano egípcio para a regulação do conflito, continuando a bombardear o território de Israel apesar de o Estado judaico ter cumprido o cessar-fogo, se coloca de fato à margem do processo negocial. Mais ainda, ele provoca o completo descrédito do governo palestino de coalizão no qual muitos depositavam grandes esperanças. Esse gabinete foi uma desagradável surpresa para Israel. Tel Aviv precisava urgentemente de um pretexto para poder romper as negociações com os palestinos, que tinham o apoio de praticamente toda a comunidade internacional até ao início deste conflito.”
Israel obteve esse pretexto e agora explora-o de todas as maneiras possíveis: tanto do ponto de vista militar, como politicamente. O número de vítimas palestinas já é superior às duzentas pessoas. O processo de paz palestino-israelense está num impasse e aí permanecerá nos próximos meses, ou talvez anos. Esse é o preço da recusa do Hamas em aceitar a iniciativa de paz egípcia.
Essa situação interessa aos palestinos? É evidente que isso serão eles a decidir, mas não há dúvidas que ela interessa completamente a Israel. Pelo menos durante o presente conflito ele não perde nada, ao contrário dos palestinos.