O surto do confronto militar árabe-israelense evoca um sentimento de déjà vu obsessivo. No entanto, nele podem ser discernidas novas características.
Oksana Bobrovich | Voz da Rússia
Novamente se ouvem sirenes nas cidades de Israel. Novamente civis descem para abrigos antiaéreos. A Cúpula de Ferro intercepta os foguetes disparados a partir dos territórios autônomos palestinianos. Trezentos mísseis israelenses atingiram trezentos alvos militares na Faixa de Gaza. Quarenta mil reservistas israelenses estão sendo mobilizados na preparação para uma nova operação militar.
O escritor e ativista social francês Marek Halter analisa, em entrevista à Voz da Rússia, a situação no Oriente Médio:
“O que está acontecendo hoje no Oriente Médio adquiriu uma escala diferente do que antes. Você diz que já foi assim. Não. Foi, mas não assim.
Quando George Bush começou a guerra no Iraque, ele comprometeu o equilíbrio de forças que se tinha instalado na zona. Eu acho que ele deveria ser levado a julgamento em Haia por crimes contra a paz. Ele é um criminoso de guerra. Ele mentiu a todos quando disse que Saddam Hussein tinha armas nucleares. Ele começou uma guerra e, como consequência, “abalou” o Oriente Médio. Hoje vemos uma guerra inter-árabe, o que em árabe é chamado de “fitna”, ou guerra civil entre xiitas e sunitas.
Além disso, vemos uma deslocação dos centros de terrorismo do Afeganistão para o Oriente Médio. Depois da morte de Bin Laden surgiu um novo chefe no Oriente Médio, Abu Bakr al-Baghdadi. O que ele faz, é calculado e incrivelmente perigoso: ele propõe a criação de um califado. Foi justamente através de um califado que originou o Islã, através de um califado baseado não em nações mas em religião. Assim, sucede que fronteiras já não importam, só a religião é que importa.
Al-Baghdadi está tentando unir xiitas e sunitas, parar a guerra entre as duas fações do Islã. E ele se está aproximando das fronteiras da Jordânia.
Pessoalmente, eu acho que o que está acontecendo hoje na Faixa de Gaza é uma manobra de distração para que os norte-americanos não intervenham na Jordânia para proteger o rei. Esta é uma estratégia extremamente complexa.
Há dois anos atrás, durante o nosso encontro em Damasco, o presidente do politburo do partido palestiniano do Movimento Islâmico de Resistência Khaled Meshaal disse-me algo que naquele momento me pareceu incrível: “Diga a seus amigos, os israelenses, que eles deveriam negociar connosco, o Hamas. Porque se eles não o fizerem, em breve na Faixa de Gaza poderá aparecer outra força, mais extremista do que nós. Eles não se permitirão sequer a ideia da possibilidade de negociações.”
Eu acho que os foguetes que hoje estão caindo sobre cidades israelenses foram lançados não pelo Hamas, mas por jihadistas. Eles têm muito dinheiro. Eles compram armas ao Hezbollah e trazem-nas por mar. O Hamas não os controla.
Para Israel é conveniente pensar que está sendo bombardeado pelo Hamas. Assim ele conhece o inimigo de rosto e sabe onde retaliar. Mas Israel não sabe onde procurar o Hezbollah.
Estes tempos são difíceis, porque Israel precisa de tempo para reconhecer o seu inimigo. Eu quero aproveitar o momento para lembrar que é necessário que todos se sentem à mesa de negociações. Precisamos encontrar forças para começar tudo de novo”.
Novamente se ouvem sirenes nas cidades de Israel. Novamente civis descem para abrigos antiaéreos. A Cúpula de Ferro intercepta os foguetes disparados a partir dos territórios autônomos palestinianos. Trezentos mísseis israelenses atingiram trezentos alvos militares na Faixa de Gaza. Quarenta mil reservistas israelenses estão sendo mobilizados na preparação para uma nova operação militar.
O escritor e ativista social francês Marek Halter analisa, em entrevista à Voz da Rússia, a situação no Oriente Médio:
“O que está acontecendo hoje no Oriente Médio adquiriu uma escala diferente do que antes. Você diz que já foi assim. Não. Foi, mas não assim.
Quando George Bush começou a guerra no Iraque, ele comprometeu o equilíbrio de forças que se tinha instalado na zona. Eu acho que ele deveria ser levado a julgamento em Haia por crimes contra a paz. Ele é um criminoso de guerra. Ele mentiu a todos quando disse que Saddam Hussein tinha armas nucleares. Ele começou uma guerra e, como consequência, “abalou” o Oriente Médio. Hoje vemos uma guerra inter-árabe, o que em árabe é chamado de “fitna”, ou guerra civil entre xiitas e sunitas.
Além disso, vemos uma deslocação dos centros de terrorismo do Afeganistão para o Oriente Médio. Depois da morte de Bin Laden surgiu um novo chefe no Oriente Médio, Abu Bakr al-Baghdadi. O que ele faz, é calculado e incrivelmente perigoso: ele propõe a criação de um califado. Foi justamente através de um califado que originou o Islã, através de um califado baseado não em nações mas em religião. Assim, sucede que fronteiras já não importam, só a religião é que importa.
Al-Baghdadi está tentando unir xiitas e sunitas, parar a guerra entre as duas fações do Islã. E ele se está aproximando das fronteiras da Jordânia.
Pessoalmente, eu acho que o que está acontecendo hoje na Faixa de Gaza é uma manobra de distração para que os norte-americanos não intervenham na Jordânia para proteger o rei. Esta é uma estratégia extremamente complexa.
Há dois anos atrás, durante o nosso encontro em Damasco, o presidente do politburo do partido palestiniano do Movimento Islâmico de Resistência Khaled Meshaal disse-me algo que naquele momento me pareceu incrível: “Diga a seus amigos, os israelenses, que eles deveriam negociar connosco, o Hamas. Porque se eles não o fizerem, em breve na Faixa de Gaza poderá aparecer outra força, mais extremista do que nós. Eles não se permitirão sequer a ideia da possibilidade de negociações.”
Eu acho que os foguetes que hoje estão caindo sobre cidades israelenses foram lançados não pelo Hamas, mas por jihadistas. Eles têm muito dinheiro. Eles compram armas ao Hezbollah e trazem-nas por mar. O Hamas não os controla.
Para Israel é conveniente pensar que está sendo bombardeado pelo Hamas. Assim ele conhece o inimigo de rosto e sabe onde retaliar. Mas Israel não sabe onde procurar o Hezbollah.
Estes tempos são difíceis, porque Israel precisa de tempo para reconhecer o seu inimigo. Eu quero aproveitar o momento para lembrar que é necessário que todos se sentem à mesa de negociações. Precisamos encontrar forças para começar tudo de novo”.