Inteligência americana diz, porém, que russos criaram as condições para a queda da aeronave ao apoiar separatistas do leste da Ucrânia e que estes provavelmente derrubaram avião "por engano".
Deutsch Welle
Representantes dos serviços de inteligência dos Estados Unidos afirmaram, nesta terça-feira (22/07), não terem encontrado evidências de envolvimento direto da Rússia na queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines. Entretanto, os funcionários declararam que Moscou foi responsável por "criar as condições" que levaram à tragédia no leste da Ucrânia.
Numa entrevista à imprensa em Washington, os funcionários, que pediram para que seus nomes não fossem revelados, afirmaram que os russos vêm armando os separatistas no leste ucraniano, mas que não há evidência direta de que o míssil usado para derrubar o avião veio da Rússia.
"Ainda estamos trabalhando para determinar se houve uma ligação direta, se havia russos em terra, se eles treinaram os separatistas", afirmou também o vice-conselheiro de Segurança Nacional, Ben Rhodes, em entrevista à emissora CNN.
Os representantes da inteligência americana que falaram sob anonimato à imprensa afirmaram que o voo MH17 deve ter sido derrubado "por engano" por um míssil terra-ar SA-11, disparado por separatistas pró-Rússia. "A explicação mais provável é que foi um engano", disse um dos funcionários.
Também foram rebatidas as alegações de que o Boeing 777 teria executado uma manobra perigosa semelhante "às que fazem os aviões militares". Segundo um alto funcionário, tal afirmação não tem fundamento.
Além disso, para a inteligência americana, a explicação da Rússia sobre a catástrofe, que sugere que a Ucrânia teria derrubado o avião, não é realista, pois Kiev não tem mísseis do tipo usado nessa área, claramente dominada pelos separatistas. Se a versão russa fosse verdadeira, isso significaria que as tropas do governo ucraniano teriam lutado para entrar na área, atirado no avião e, depois, lutado para sair novamente.
Além disso, Kiev teria que ter orquestrado as postagens de separatistas nas redes sociais, dizendo que haviam abatido um avião. "Isso não me parece plausível", afirmou um dos funcionários.
Outro argumento que depõe a favor do governo ucraniano é que ele não teria motivos para empregar um sistema antiaéreo, já que os separatistas não têm utilizado helicópteros e nem realizado bombardeios. O mesmo não pode ser dito dos militantes, que enfrentam ofensivas aéreas do governo, afirmaram as autoridades americanas.
Chegada dos corpos
Na tarde desta quarta-feira, está prevista a chegada de um voo com os primeiros restos mortais das vítimas do voo MH17 a Eindhoven, na Holanda – país de origem de 193 das 298 pessoas que estavam a bordo da aeronave.
Os caixões serão recebidos pelos parentes das vítimas, pelo casal real holandês e pelo primeiro-ministro do país, Mark Rutte. Será feito um minuto de silêncio em homenagem às vítimas. O governo declarou luto nacional nesta quarta-feira.
Ainda não se sabe ao certo o número de corpos que foram colocados no trem com vagões resfriados usado para o transporte dos restos mortais das vítimas. Um especialista holandês que examinou os restos mortais falou em 200 corpos, mas os separatistas teriam falado em 282.
Junto com os corpos está prevista também a chegada das caixas-pretas. Elas foram entregues pelos separatistas a especialistas malaios, que o repassaram aos investigadores holandeses. Por fim, especialistas britânicos avaliaräao o conteúdo das gravações, que deverá fornecer pistas sobre a causa do acidente.