Comissária de Direitos Humanos pediu investigação meticulosa e imparcial.
Segundo órgão, combates deixaram 1,1 mil mortos na região desde abril.
France Presse
A derrubada do avião malaio no leste da Ucrânia pode ser considerado um crime de guerra, afirmou a ONU nesta segunda-feira (28), acrescentando que os combates entre o exército ucraniano e os rebeldes pró-russos já deixaram mais de 1.100 mortos desde abril.
"Esta violação da lei internacional, dadas as circunstâncias, pode ser considerada um crime de guerra", declarou a comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, em um comunicado.
Pillay pediu uma investigação meticulosa, efetiva, independente e imparcial sobre a queda do avião provocada por um míssil em uma zona controlada pelos insurgentes no último dia 17 de julho. No avião da Malaysian Airlines, havia 298 pessoas, todas mortas.
A Cruz Vermelha indicou oficialmente na semana passada que a situação na Ucrânia se caracteriza como uma guerra civil, o que transforma as áreas em conflito passíveis de serem condenadas por crimes de guerra.
A ONU calcula que mais de 1.100 pessoas morreram nos combates na região desde meados de abril, segundo um relatório publicado nesta segunda-feira, e denuncia que os dois lados utilizaram armamento pesado em zonas residenciais.
"Ao menos 1.129 pessoas morreram e 3.422 ficaram feridas desde que Kiev lançou sua operação antiterrorista" em meados de abril, segundo dados disponibilizados em 26 de julho, indica o relatório.
Estes últimos dados supõem um aumento considerável em relação ao balanço de 18 de julho, no qual a ONU citou 256 mortos desde abril.
O texto também acusa os dois lados de usar armamento pesado em zonas residenciais.
Pillay afirmou ainda que as informações da intensificação dos combates nos redutos dos insurgentes, nas regiões de Donetsk e Lugansk, são "extremadamente alarmantes" e disse que as duas partes "empregam armamento pesado em zonas residenciais, incluindo artilharia, tanques, foguetes e mísseis".
Liderança russa
Um relatório do escritório da alta comissária divulgado nesta segunda aponta que os grupos armados separatistas pró-russos que combatem no leste da Ucrânia estão se "profissionalizando" e estão se unindo sob um comando unificado de líderes que, em muitos casos, são de nacionalidade russa.
"O que antes eram grupos armados anárquicos com diferentes lealdades e agendas estão se unindo sob um comando central", afirma o texto. "Seus líderes, muitos dos quais são nacionais da Federação Russa, são treinados e curtidos pela experiência em conflitos como os da Chechênia (Rússia) e Transnístria (Moldávia)."
Na apresentação deste documento à imprensa, o chefe da Seção para as Américas, Europa e Ásia Central do órgão, Gianni Magazzeni, detalhou que esses grupos armados "são dirigidos, tanto política como militarmente, por cidadãos russos".
Esta cada vez mais unificada força rebelde conta agora com armamento pesado, incluindo morteiros e artilharia antiaérea, tanques e veículos blindados, assim como minas, segundo corroboraram os observadores no terreno.
De acordo com o relatório, que é o quarto sobre a situação de direitos humanos no leste da Ucrânia e cobre o período de 8 de junho a 15 de julho, as milícias continuam cometendo sequestros, detenções, torturas e executando pessoas que têm como reféns.
Desta maneira buscam intimidar o resto "e exercer seu poder sobre a população de maneira brutal".