Biden também falou com o rei do Bahrein e pediu união contra o avanço do extremismo
O Globo
com agências internacionais
BAGDÁ - O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está articulando um consenso regional contra o grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria e conversou nesta segunda-feira com o premier turco Recep Tayyip Erdogan para condenar as ações do grupo extremista sunita.
Biden também conversou com o rei do Bahrein, Hamad bin Isa al-Khalifa, a quem pediu o fim das tensões sectárias e a união contra o grupo radical.
Mais cedo o chefe da diplomacia americana, John Kerry, fez uma visita surpresa a Bagdá, e se encontrou com o premier do país Nouri Maliki, de quem recebeu o compromisso de reunir o Parlamento no próximo dia 1º para formar um novo governo. E apesar do clima de tensão, Kerry teria saído entusiasmado com a conversa, realizada no mesmo lugar onde um jornalista iraquiano atirou um sapato contra o então presidente George W. Bush, em 2008. Caminhando com a sua comitiva após a reunião, o secretário de Estado americano classificou o encontro de “bom”.
— A chave aqui era conseguir de cada líder clareza em relação ao caminho para a formação do governo. O primeiro-ministro Maliki em várias ocasiões afirmou seu compromisso com a data de 1º de julho — disse Kerry. — Este é o momento para os líderes do Iraque tomarem decisões.
Após a reunião, um comunicado do Gabinete afirmava que a crise no Iraque representava “uma ameaça não apenas para o Iraque, mas para a paz regional e internacional”. Maliki, primeiro-ministro xiita no governo desde 2006, tem sido constantemente criticado por sua política facciosa excludente que alimentou a ofensiva dos insurgentes sunitas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis).
Numa conversa de 90 minutos, Kerry pediu ao premier uma reforma política no país, que dê mais poder aos adversários políticos. Fontes dizem que o secretário de Estado pressionou por um governo mais inclusivo, depois que as forças iraquianas abandonaram mais postos, deixando toda a fronteira Oeste do Iraque fora do controle governamental. No encontro — a portas fechadas — Kerry reafirmou que a integridade do Iraque está ameaçada por jihadistas. Ele também se reuniu com o influente clérigo xiita Ammar al-Hakim, o presidente do Parlamento, Osama al-Nujaifi, e o vice-primeiro-ministro Saleh al-Mutlaq — os dois últimos sunitas.
— O apoio será intenso e constante se os líderes iraquianos tomarem os passos necessários para unir o país. O futuro do Iraque depende, principalmente, da capacidade de os líderes tomarem uma posição contra o Isis. Não na próxima semana, e não no mês que vem, mas agora.
FRONTEIRAS PERDIDAS
Analistas, no entanto, dizem ser muito improvável que Kerry encontre um único líder iraquiano, além do próprio Maliki, que acredite que o primeiro-ministro é o homem certo para liderar esse processo. Mas se o Irã — que o apoia — insistir que ele precisa ficar, como faz com Bashar al-Assad na Síria, as chances de um acordo serão reduzidas. A solução exigiria algum tipo de entendimento entre os dois países com maior influência externa na crise iraquiana: os rivais Estados Unidos e Irã.
O tema militar também entrou na pauta. Funcionários iraquianos, sob condição de anonimato, revelaram que Maliki pediu novamente aos EUA ataques aos militantes — Kerry teria respondido ser preciso cautela para evitar vítimas civis e não causar a impressão de que os americanos estão atacando sunitas. Bagdá já havia pedido a Washington que lançasse bombardeios aéreos contra os insurgentes, mas até o momento o governo de Obama se limitou a enviar 300 assessores militares. Washington insiste com frequência que isso não significa reiniciar suas operações de combate no Iraque e que a solução não passa por uma via exclusivamente militar.
Insurgentes e autoridades iraquianas reivindicaram ter o controle de dois novos postos fronteiriços em disputa: o de al-Walid, junto à Síria, e o de Trebil, com a Jordânia. Se for confirmada a perda dos locais por parte do Exército, todos os postos que unem o Iraque à Síria e à Jordânia estariam nas mãos dos extremistas, dispostos a criar um califado sunita na região. E, segundo um funcionário dos EUA, o Exército iraquiano atualmente vive um “colapso psicológico”, diante da ofensiva dos jihadistas. Nas últimas semanas, o grupo conseguiu fazer avanços no Norte até a fronteira com a Síria.
com agências internacionais
BAGDÁ - O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está articulando um consenso regional contra o grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria e conversou nesta segunda-feira com o premier turco Recep Tayyip Erdogan para condenar as ações do grupo extremista sunita.
Biden também conversou com o rei do Bahrein, Hamad bin Isa al-Khalifa, a quem pediu o fim das tensões sectárias e a união contra o grupo radical.
Mais cedo o chefe da diplomacia americana, John Kerry, fez uma visita surpresa a Bagdá, e se encontrou com o premier do país Nouri Maliki, de quem recebeu o compromisso de reunir o Parlamento no próximo dia 1º para formar um novo governo. E apesar do clima de tensão, Kerry teria saído entusiasmado com a conversa, realizada no mesmo lugar onde um jornalista iraquiano atirou um sapato contra o então presidente George W. Bush, em 2008. Caminhando com a sua comitiva após a reunião, o secretário de Estado americano classificou o encontro de “bom”.
— A chave aqui era conseguir de cada líder clareza em relação ao caminho para a formação do governo. O primeiro-ministro Maliki em várias ocasiões afirmou seu compromisso com a data de 1º de julho — disse Kerry. — Este é o momento para os líderes do Iraque tomarem decisões.
Após a reunião, um comunicado do Gabinete afirmava que a crise no Iraque representava “uma ameaça não apenas para o Iraque, mas para a paz regional e internacional”. Maliki, primeiro-ministro xiita no governo desde 2006, tem sido constantemente criticado por sua política facciosa excludente que alimentou a ofensiva dos insurgentes sunitas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis).
Numa conversa de 90 minutos, Kerry pediu ao premier uma reforma política no país, que dê mais poder aos adversários políticos. Fontes dizem que o secretário de Estado pressionou por um governo mais inclusivo, depois que as forças iraquianas abandonaram mais postos, deixando toda a fronteira Oeste do Iraque fora do controle governamental. No encontro — a portas fechadas — Kerry reafirmou que a integridade do Iraque está ameaçada por jihadistas. Ele também se reuniu com o influente clérigo xiita Ammar al-Hakim, o presidente do Parlamento, Osama al-Nujaifi, e o vice-primeiro-ministro Saleh al-Mutlaq — os dois últimos sunitas.
— O apoio será intenso e constante se os líderes iraquianos tomarem os passos necessários para unir o país. O futuro do Iraque depende, principalmente, da capacidade de os líderes tomarem uma posição contra o Isis. Não na próxima semana, e não no mês que vem, mas agora.
FRONTEIRAS PERDIDAS
Analistas, no entanto, dizem ser muito improvável que Kerry encontre um único líder iraquiano, além do próprio Maliki, que acredite que o primeiro-ministro é o homem certo para liderar esse processo. Mas se o Irã — que o apoia — insistir que ele precisa ficar, como faz com Bashar al-Assad na Síria, as chances de um acordo serão reduzidas. A solução exigiria algum tipo de entendimento entre os dois países com maior influência externa na crise iraquiana: os rivais Estados Unidos e Irã.
O tema militar também entrou na pauta. Funcionários iraquianos, sob condição de anonimato, revelaram que Maliki pediu novamente aos EUA ataques aos militantes — Kerry teria respondido ser preciso cautela para evitar vítimas civis e não causar a impressão de que os americanos estão atacando sunitas. Bagdá já havia pedido a Washington que lançasse bombardeios aéreos contra os insurgentes, mas até o momento o governo de Obama se limitou a enviar 300 assessores militares. Washington insiste com frequência que isso não significa reiniciar suas operações de combate no Iraque e que a solução não passa por uma via exclusivamente militar.
Insurgentes e autoridades iraquianas reivindicaram ter o controle de dois novos postos fronteiriços em disputa: o de al-Walid, junto à Síria, e o de Trebil, com a Jordânia. Se for confirmada a perda dos locais por parte do Exército, todos os postos que unem o Iraque à Síria e à Jordânia estariam nas mãos dos extremistas, dispostos a criar um califado sunita na região. E, segundo um funcionário dos EUA, o Exército iraquiano atualmente vive um “colapso psicológico”, diante da ofensiva dos jihadistas. Nas últimas semanas, o grupo conseguiu fazer avanços no Norte até a fronteira com a Síria.