Na região de Kaliningrado, a região mais ocidental da Rússia, estão sendo realizados exercícios militares em grande escala da Frota do Báltico, das Forças Aerotransportadas e da Força Aérea da Rússia. As manobras estão decorrendo em paralelo com atividades similares da OTAN na Europa Oriental e nos países bálticos.
Tatiana Tabunova | Voz da Rússia
O Ministério da Defesa russo não esconde a ligação entre esses eventos e enfatiza que o número de pessoal e equipamentos envolvidos de ambos os lados é comparável.
No mar Báltico nestes dias pode ser observada uma grande concentração de força militar. De um lado, na região de Kaliningrado (enclave ocidental russo), a marinha, a aviação e paraquedistas estão treinando detalhes de proteção da fronteira nacional da Rússia, praticando busca e destruição de navios do inimigo convencional, transporte de tropas e equipamentos. De outro lado, as manobras militares da Aliança do Atlântico Norte que começaram antes. Nos exercícios de forças terrestres e aéreas da OTAN Saber Strike 2014 em território da Letônia e da Lituânia sob os auspícios dos Estados Unidos estão envolvidos cerca de 4.700 militares da Letônia, Lituânia, Estônia, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Reino Unido e EUA, bem como 800 peças de equipamento militar.
Simultaneamente, a OTAN está realizando exercícios de quartel Baltic Host 2014 e manobras navais Baltops 2014. E isso são mais 1.300 militares da Alemanha, Dinamarca, Estônia, EUA, Finlândia, França, Geórgia, Grã-Bretanha, Holanda, Letônia, Lituânia, Polônia e Suécia. E assim temos um grupo militar da Aliança totalizando 6 mil homens nos pequenos países do Báltico mesmo junto das fronteiras russas. A OTAN está levando a cabo exercícios em tão grande escala nesta região pela primeira vez e não esconde as razões: a demonstração de músculos deve impressionar a Rússia, influenciar sua posição sobre a Ucrânia.
Moscou percebeu o sinal. “Consideramos a intensificação da OTAN nos países bálticos uma demonstração de intenções hostis”, declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores Vladimir Titov. E “o estacionamento adicional de significativas forças de combate da OTAN na Europa Central e Oriental só pode ser considerado uma violação direta das disposições do Ato Fundador sobre as Relações Mútuas entre a Rússia e a OTAN de 1997”, disse o diplomata.
Esta primavera, os dirigentes da Aliança transferiram forças adicionais para países que fazem fronteira com a Ucrânia. Para a Polônia foi enviado um contingente de 100 militares franceses. Caças franceses Rafale se juntaram à OTAN no espaço aéreo dos países bálticos. Pelos céus da Polônia e da Romênia cursa um avião AWACS da Força Aérea francesa. Por sua vez, caças MiG-29 poloneses e Eurofighter Typhoon da Força Aérea britânica foram transferidos para a Lituânia. A Dinamarca enviou seus caças F-16 para a Estônia. Por sua vez, os EUA enviaram para os estados bálticos e a Polônia 750 fuzileiros e soldados paraquedistas. E isso sem contar as dezenas de bases militares da OTAN e dos Estados Unidos na Europa e os elementos de defesa antimísseis dos Estados Unidos que estão sendo colocados na Polônia, Romênia, junto do Mediterrâneo e do Mar Negro.
A militarização dos estados fronteiriços não ficará sem resposta por parte da Rússia, nota o editor-chefe da revista Natsionalnaya Oborona (Defesa Nacional) Igor Korotchenko:
“O Pentágono está retornando à prática de Guerra Fria, quando a presença militar avançada, que é realizada através da instalação de bases militares novas e da manutenção das existentes, é um dos elementos importantes da estratégia militar dos EUA. Em geral, esta estratégia de cercar a Rússia com bases significará um nó geopolítico e militar com o qual os Estados Unidos no futuro gostariam de imobilizar a Rússia. Obviamente, esta estratégia do Pentágono e da OTAN está forçando a Rússia a reagir a fim de minimizar os riscos políticos e militares”.
Segundo observa o Ministério da Defesa russo, o número de forças e equipamentos da Rússia envolvidos nos exercícios em Kaliningrado é comparável ao número de pessoal, armas e equipamento militar envolvidos nos exercícios junto das fronteiras realizados por países da OTAN. Pouco antes, no Distrito Militar do Oeste da Rússia foram concluídos exercícios com lançamentos de mísseis. Essas manobras foram uma represália pela implantação na Europa Oriental do sistema antimísseis dos EUA.