O Conselho de Segurança da ONU condenou a violência exercida contra os representantes da mídia que trabalham na Ucrânia. Às autoridades de Kiev foi exigido que estas investiguem as circunstâncias da morte dos jornalistas russos. A Rússia não exclui que na Ucrânia se eliminem intencionalmente pessoas que expressam pontos de vista incômodos para as atuais autoridades de Kiev.
Natalia Kovalenko | Voz da Rússia
A morte dos jornalistas russos abalou o mundo. Na terça-feira Igor Kornelyuk e Anton Voloshin estiveram sob fogo de morteiros perto de Lugansk (leste da Ucrânia). Os combatentes ajudavam um grupo de civis a sair de uma zona que nos últimos dias esteve sujeito a fogo do exército ucraniano para uma área mais segura. Os repórteres estavam filmando essa ação.
A coluna de refugiados, acompanhada por pessoas que exibiam a palavra “imprensa” em letras grandes, saiu para a estrada e começaram a cair granadas de morteiro. Igor Kornelyuk conseguiu ser transportado ao hospital, mas seu ferimento se revelou fatal. Anton Voloshin foi reconhecido pelos fragmentos de seu corpo encontrados no local.
“Dos nossos colegas não se pode dizer que eles estavam na hora errada e no local errado, porque a missão dos jornalistas é recolher notícias e informar o mundo do que realmente se passa na Ucrânia”, sublinha o presidente da Federação Internacional de Jornalistas Jim Boumelha.
Em todos os tempos e em todos os pontos quentes uma pessoa que ostentasse a identificação de “imprensa” era respeitada. Podiam não gostar deles por serem curiosos, o seu rigor podia irritar, por vezes eles eram mortos, mas não eram alvejados de propósito. Já na Ucrânia contra eles se desenrola uma verdadeira guerra, considera o representante da organização Repórteres sem Fronteiras Johann Bihr: “A violência contra os jornalistas atingiu na Ucrânia uma escala sem precedentes. Desde o início do conflito foram atacados mais de duzentos jornalistas, o que também não tem precedentes.”
O MRE da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU, a Organização para a Segurança na Europa, a organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas e muitos órgãos da mídia russa e internacional exigiram das autoridades ucranianas uma investigação às circunstâncias da morte dos jornalistas russos, assim como assegurar a segurança de todos os representantes da imprensa que trabalhem no sudeste do país. O presidente Piotr Poroshenko declarou que já deu para isso as instruções necessárias.
Só que já não sobra credibilidade às suas palavras, porque fica a ideia que na Ucrânia são eliminadas intencionalmente as pessoas que revelam a verdade e expressam pontos de vista incômodos para as atuais autoridades ucranianas, declarou a presidente do Conselho da Federação da Rússia Valentina Matvienko:
“Essa tragédia demonstra mais uma vez o que valem as palavras das autoridades e das forças de segurança de Kiev quando estas dizem que nos distritos de Donetsk e de Lugansk está decorrendo uma operação antiterrorista local. Na realidade elas desenrolaram uma verdadeira guerra contra seu próprio povo. As vítimas civis já se contam às centenas. Foram destruídas casas, infraestruturas e hospitais. Nós conhecemos múltiplos fatos de detenções, espancamentos e morte de jornalistas. E a responsabilidade por esses atos é sobretudo das autoridades de Kiev:
“Claro que a Rússia não deixará este fato sem consequências. Nós iremos insistir na realização de um inquérito exaustivo. Como os jornalistas se encontravam junto a uma coluna de refugiados, isso significa que o alvo eram os civis. As autoridades de Kiev e as suas forças de segurança se consideram impunes por terem poderosos protetores, mas eu estou convencida que chegará uma altura em que todos os que cometeram crimes contra a humanidade serão presentes a julgamento, para serem julgados pelo povo e pelo Tribunal Internacional, e serão responsabilizados.”
O Comitê de Investigação da Rússia já instaurou um processo criminal de organização de homicídio e de uso de métodos de guerra proibidos contra o governador do distrito de Dnepropetrovsk da Ucrânia Igor Kolomoisky e contra o ministro da Administração Interna da Ucrânia Arsen Avakov. Eles são suspeitos da organização de homicídios e do uso de meios e métodos de guerra proibidos, da organização de sequestro de pessoas e de obstrução à atividade legal dos jornalistas.