A Ucrânia está à beira de uma catástrofe humanitária. Segundo dados do Serviço Federal de Imigração (SFI) da Rússia, desde o momento da mudança do poder no país, os seus cidadãos recorreram 15 vezes mais aos serviços russos de imigração para se informar sobre as condições de permanência na Federação Russa. Neste momento aos serviços recorrem cerca de 5-6 mil pessoas por dia.
Maria Merkulova | Voz da Rússia
A desordem geral, as dificuldades econômicas e o domínio dos nacionalistas, tudo isso impele os habitantes da Ucrânia a procurar emigrar, dizem os peritos. As pessoas simplesmente temem por si e pelas suas famílias, refere o presidente do Conselho Social do Serviço Federal de Imigração da Rússia Vladimir Volokh:
“Parte dos ucranianos que ainda se encontram em território da Ucrânia caiu em desgraça perante o poder ilegítimo do país. Sem dúvida que eles entendem que a continuação da sua permanência no país poderá ser perigosa para suas vidas e para as vidas dos seus familiares. O mais grave são os problemas de emprego. Os ucranianos que se encontram no território de outros países, nomeadamente da Federação Russa, recorrem já no local sobretudo aos órgãos do SFI e aos órgãos do poder local responsáveis por assistência ao emprego e pela segurança das suas vidas.”
Os ucranianos se dirigem ao Serviço Federal de Imigração da Rússia para obter a nacionalidade, autorização de residência, autorização de trabalho ou mesmo o estatuto de refugiado. As autoridades de Kiev já reconheceram que não controlam o Sudeste, ou seja, seus habitantes irão continuar a abandonar a Ucrânia, considera Alexander Brod, membro do Conselho para os Direitos Humanos junto do presidente da Rússia:
“Este tipo de crises financeiras e econômicas não passam depressa. As pessoas estão preparadas para uma mudança radical dos acontecimentos: poderá ocorrer uma fuga em massa em caso de haver um grande derramamento de sangue. Por isso a Rússia deve estar preparada para um grande afluxo de cidadãos da Ucrânia, deve ser reforçado o trabalho e as delegações do SFI, devemos pensar onde alojar essas pessoas, temos de mobilizar o Ministério do Trabalho e os órgãos de apoio social.”
Desde que na Ucrânia aconteceu o golpe de Estado, a Rússia começou se preparando para o aumento do fluxo dos que querem abandonar o país. Aqueles que dominam a língua russa, têm familiares próximos na Rússia ou chegaram a residir em território da Federação Russa têm agora muito mais facilidades de obter a cidadania. Além disso, nas regiões fronteiriças com a Ucrânia foram instalados campos para o acolhimento de refugiados. É evidente que a Rússia tem a plena capacidade para acolher aqueles que neste momento fogem da Ucrânia, acrescenta Alexander Brod:
“Chegam pessoas, inclusivamente com elevado grau acadêmico, assim isso poderá ser benéfico para a economia russa. Temos apenas de pensar como distribuir essas pessoas corretamente.”
Aos órgãos do SFI recorrem não apenas particulares, mas até organizações inteiras: recentemente um dos estabelecimentos de ensino superior ucraniano, representando 7 mil pessoas, solicitou aos serviços ajuda na sua deslocalização para a Rússia. As opiniões dos peritos também coincidem que, devido ao descontentamento da população do país e à terrível crise, cujo fim não se vislumbra, o atual poder de Kiev dificilmente se manterá por mais de um ano.