Departamento de Defesa americano pediu para que sanções sejam adiadas.
Tatiana Russakova, especial para Gazeta Russa
O Congresso norte-americano está fazendo pressão para que a agência militar dos EUA interrompa a cooperação com a Rosoboronexport, fornecedora de equipamento militar russo.
Segundo o acordado entre a Rússia e os EUA, deverão ser entregues ao Exército afegão 63 helicópteros Mi-17V-5, em uma operação de valor superior a US$ 1 bilhão. A empresa russa ainda deve fornecer 21 helicópteros Mi-17 multifuncionais.
Mil Mi 17 V5 |
O Departamento de Defesa dos EUA pediu ao Congresso para mostrar “flexibilidade” e desistir das sanções contra a Rosoboronexport, uma vez que o não cumprimento do contrato em questão pode custar a Washington uma multa de até US$ 100 milhões.
O Congresso, porém, propõe o rompimento do contrato sem pagar a multa rescisória. Também surgiu a proposta de enviar para o Afeganistão os americanos CH-47 Chinook.
A aquisição de equipamento militar russo e o grande volume do lote são vistos com hostilidade pelo governo dos EUA, afirmam observadores russos. O Pentágono é acusado de investir na indústria de defesa do potencial inimigo, em vez de apoiar os fabricantes nacionais.
“Existe grande probabilidade de os norte-americanos romperem o contrato. E atualmente eles não se importam com o fato de terem que pagar uma grande multa. Agora saltam para primeiro lugar as ambições políticas”, disse à Gazeta Russa o analista militar independente, o major-general Serguêi Petchurov.
Segundo ele, os EUA estão preparando medidas abrangentes para conseguir potencializar a exclusão da Rússia dos mercados de armas de outros países. “Os americanos estão levando muito a sério a questão das sanções. Eles andam estudando cuidadosamente a geografia dos nossos fornecimentos de artigos militares e não se exclui a possibilidade de Washington tentar fazer pressão sobre os países que tradicionalmente compram o nosso armamento.”
As últimas sanções contra os exportadores russos foram introduzidas na época do governo de George W. Bush, mas acabaram sendo suspensas com a chegada de Barack Obama ao poder.
Por que o Mi-17?
Uma análise conduzida pelo Comando Central dos EUA em 2005 mostrou que o Mi-17 é o mais eficaz para uso no Afeganistão em comparação com os outros helicópteros. Além disso, são duas vezes mais baratos do que os análogos americanos e europeus.
Os soldados que estiveram em combates no Afeganistão garantem que o Mi-17 pode ser consertado mesmo com materiais improvisados, como latas de refrigerante. Somado a isso tudo, os pilotos e técnicos afegãos estão acostumados ao modelo, cuja história no país se estende por 30 anos. “Para operar nas condições climáticas adversas do Afeganistão não se encontra substituto para o Mi-17”, diz o diretor da Fábrica de Aviação de Kazan, Vadim Ligai.