Veja as principais revelações de Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional Americana (NSA), que anunciou nesta sexta-feira sua intenção de pedir asilo à Rússia até poder viajar legalmente à América Latina.
PARIS, França, 12 Jul 2013 (AFP) - No dia 5 de junho, o jornal britânico The Guardian revelou a existência de uma ordem secreta da justiça obrigando a empresa de telefonia Verizon a fornecer à NSA dados e seus clientes (número chamado, duração da chamada), de abril a julho deste ano.
Todo dia, a Verizon precisa entregar à agência 'todas as chamadas registradas no seu sistema realizadas dentro dos Estados Unidos, e dos EUA para outros países', explicou o jornal.
No dia seguinte, o Washington Post e o Guardian afirmaram que a NSA e o FBI haviam pedido para que nove das maiores empresas americanas no setor de internet vigiassem e interceptassem comunicações de internautas estrangeiros fora dos Estados Unidos.
Snowden entrou em contato com o Washington Post, e divulgou documentos ao jornal, inclusive um arquivo Powerpoint que descreve a parceria entre a NSA e as empresas de internet.
O programa secreto, conhecido com o codinome PRISM, foi iniciado em 2007, permitindo a conexão da NSA com servidores das empresas através de um portal. Dessa forma, a agência conseguia ter acesso a informações sobre usuários que, de acordo com certos elementos, estariam no exterior sem precisar de ordem judicial.
A lei americana protege os cidadãos do país contra a violação de dados privados território nacional, mas a regra não se aplica no exterior.
De acordo com o Washington Post, 'analistas que usam o sistema em um portal a partir da base militar de Fort Meade precisam fazer uma pesquisa com várias palavras-chave até chegar à probabilidade de pelo menos 51% de que o alvo seja estrangeiro. Skype, AOL, YouTube, Apple e PalTalk também participariam deste esquema.
Foi no dia 9 de junho que Edward Snowden revelou em Hong Kong ser o autor do vazamento dessas informações aos jornais.
Em matéria publicada no dia 22 pelo jornal South China Morning Post, de Hong Kong, ele afirmou que o governo americano pirateava empresas de telefonia chinesas para recolher milhões de mensagens de texto.
Snowden também revelou que os Estados Unidos tinham pirateado a Universidade Tsinghua de Pequim, uma das maiores da China, e a empresa Pacnet, operadora asiática de fibras óticas.
No dia 30, a revista semanal alemã Der Spiegel, baseando-se em documentos confidenciais fornecidos por Snowden, informou que os Estados Unidos tinham espionado escritórios da União Europeia em Bruxelas, assim como da Missão Diplomática da UE em Washington e nas Nações Unidas.
De acordo com Der Spiegel, o programa não era constituído apenas de microfones instalados no prédio da UE em Washington, mas também de um sistema infiltrado na rede de informática que permitia aos espiões ter acesso a e-mails e a documentos internos.
Snowden também revelou o mesmo tipo de programa de espionagem dos Estados Unidos em países da América Latina, inclusive o Brasil.