Exército de Kiev será considerado 'ocupante' após pleito, dizem líderes.
Potências ocidentais dizem que não irão reconhecer resultado do referendo.
Do G1, em São Paulo
Um líder separatista de Donetsk, região no leste da Ucrânia, anunciou neste domingo (11) que o grupo de rebeldes da autoproclamada "república popular independente" de Donetsk criará seu próprio governo e exército após a consulta pública à população sobre a separação da província, segundo a agência de notícias Reuters. Dois referendos foram realizados neste domingo em Donetsk e na região vizinha de Lugansk.
À Reuters, o líder separatista afirmou ainda que as forças do governo de Kiev, a capital do país, serão consideradas "ocupantes" a partir de agora. A agência afirmou que alguns confrontos foram registrados na região, na cidade de Slaviansk. As urnas devem ser fechadas às 22h locais (16h em Brasília).
Vasily Nikitin, chefe de imprensa da comissão eleitoral do referendo de Lugansk, afirmou neste domingo que o comparecimento às urnas foi "alto", apesar do que ele classificou de tentativas do governo ucraniano e da guarda nacional de impedir o trabalho dos membros da comissão.
"Gostaria de anunciar oficialmente que hoje [domingo], em três regiões, ou até quatro, nossas comissões não puderam operar. Carros com cédulas e protocolos foram bloqueados por tropas, pela guarda nacional. Pessoas armadas pararam nossos carros, que eles bloquearam para que não pudessem ir a lugar algum", afirmou Nikitin.
Nas cédulas produzidas às pressas pelos rebeldes pró-russos aparece a pergunta: "Você está de acordo com a independência da República Popular de Donetsk?" ou "Você está de acordo com a independência da República Popular de Lugansk?". Há duas únicas opções de resposta, sim ou não, informou a agência France Presse.
A participação no referendo pró-Rússia superou, até as 16h horas locais (10h em Brasília) 80% em Lugansk, informou o presidente do comitê eleitoral regional, Aleksandr Malijin, e 50% em Donetsk, de acordo com Roman Liaguin, chefe da comissão eleitoral da autoproclamada "República Popular de Donetsk", segundo informações da agência de notícias EFE.
Liaguin afirmou ainda, em entrevista coletiva, que os resultados do plebiscito, considerado ilegítimo pelas autoridades em Kiev e pela maioria da comunidade internacional, não serão anunciados hoje, e que à noite só se saberão os índices finais da participação.
Em Moscou, milhares de ucranianos que vivem na capital russa também votaram no referendo. Mas, segundo a Reuters, ainda não está claro se os votos dessas pessoas serão contabilizados no resultados das votações em Donetsk e Lugansk. Munidos com seus passaportes ucranianos, os emigrantes cantavam o grito "Juntos, sobre o poder, somos invencíveis" enquanto esperavam horas na fila para chegar às urnas.
Atmosferas diversas
Um líder separatista de Donetsk, região no leste da Ucrânia, anunciou neste domingo (11) que o grupo de rebeldes da autoproclamada "república popular independente" de Donetsk criará seu próprio governo e exército após a consulta pública à população sobre a separação da província, segundo a agência de notícias Reuters. Dois referendos foram realizados neste domingo em Donetsk e na região vizinha de Lugansk.
À Reuters, o líder separatista afirmou ainda que as forças do governo de Kiev, a capital do país, serão consideradas "ocupantes" a partir de agora. A agência afirmou que alguns confrontos foram registrados na região, na cidade de Slaviansk. As urnas devem ser fechadas às 22h locais (16h em Brasília).
Vasily Nikitin, chefe de imprensa da comissão eleitoral do referendo de Lugansk, afirmou neste domingo que o comparecimento às urnas foi "alto", apesar do que ele classificou de tentativas do governo ucraniano e da guarda nacional de impedir o trabalho dos membros da comissão.
"Gostaria de anunciar oficialmente que hoje [domingo], em três regiões, ou até quatro, nossas comissões não puderam operar. Carros com cédulas e protocolos foram bloqueados por tropas, pela guarda nacional. Pessoas armadas pararam nossos carros, que eles bloquearam para que não pudessem ir a lugar algum", afirmou Nikitin.
Nas cédulas produzidas às pressas pelos rebeldes pró-russos aparece a pergunta: "Você está de acordo com a independência da República Popular de Donetsk?" ou "Você está de acordo com a independência da República Popular de Lugansk?". Há duas únicas opções de resposta, sim ou não, informou a agência France Presse.
A participação no referendo pró-Rússia superou, até as 16h horas locais (10h em Brasília) 80% em Lugansk, informou o presidente do comitê eleitoral regional, Aleksandr Malijin, e 50% em Donetsk, de acordo com Roman Liaguin, chefe da comissão eleitoral da autoproclamada "República Popular de Donetsk", segundo informações da agência de notícias EFE.
Liaguin afirmou ainda, em entrevista coletiva, que os resultados do plebiscito, considerado ilegítimo pelas autoridades em Kiev e pela maioria da comunidade internacional, não serão anunciados hoje, e que à noite só se saberão os índices finais da participação.
Em Moscou, milhares de ucranianos que vivem na capital russa também votaram no referendo. Mas, segundo a Reuters, ainda não está claro se os votos dessas pessoas serão contabilizados no resultados das votações em Donetsk e Lugansk. Munidos com seus passaportes ucranianos, os emigrantes cantavam o grito "Juntos, sobre o poder, somos invencíveis" enquanto esperavam horas na fila para chegar às urnas.
Atmosferas diversas
Em alguns locais, o voto teve uma atmosfera festiva, mas houve registros de confrontos em Slaviansk, na região de Donetsk, onde separatistas e forças de segurança brigaram pelo controle de uma torre de televisão.
Em Mairupol, houve apenas oito centros eleitorais para uma popoulação de meio milhão de pessoas, e as filas para votar chegaram a ter centenas de metros de extensão. Em um dos centros, as urnas foram levadas para o meio da rua.
Na região periférica de Donetsk, soldados de Kiev apreenderam o que eles disseram ser cédulas falsas com o "sim" marcado, e detiveram dois homens, informou a Reuters. Os soldados teriam se recusado a entregar os dois presos a policiais que tentaram levá-los embora, dizendo que não confiavam neles. Os homens acabram interrogados e presos por oficiais de segurança do governo central.
A cerca de 200 km dali, conflitos foram registrados no entorno de uma torre de televisão perto do limite de Slaviansk, um dos redutos dos rebeldes. Isso aconteceu logo antes de as pessoas começarem a passar pelas barricadas feitas de pneus, máquinas e árvores derrubadas, no caminho até as urnas.
"Eu queria vir o quanto antes", disse Zhenya Denyesh, uma estudante de 20 anos, à Reuters. "Todos nós queremos viver em nosso próprio país", acrescentou.
Perguntada sobre o que o referendo, organizado em semanas por rebeldes, iria resultar, ela respondeu: "[O referendo] ainda vai ser uma guerra".
Na cidade de Mariupol, palco de violentos combates na semana passada, as autoridades disseram que havia apenas oito centros de votação para meio milhão de pessoas. Moscou nega qualquer papel na rebelião.
Consequências
A consulta, que pode ter consequências históricas, é considerada ilegal por Kiev e pela comunidade internacional.
"[A separação da Ucrânia] seria um passo para o abismo para essas regiões. Aqueles que defendem a autonomia não entendem que isso significaria a destruição total da economia, dos programas sociais e da vida em geral, para a maioria da população nessas regiões”, afirmou o presidente ucraniano em exercício, Aleksander Turchinov, que considera as votações ilegais.
Em março, a península da Crimeia votou pela independência da Ucrânia e passou a ser governada pelas leis russas, apesar de o resultado da votação, que foi feita à revelia do governo ucraniano, não ser reconhecida por organismos internacionais.
Diferentemente do que ocorreu com a Crimeia, as novas consultas populares não têm o poder de tornar as províncias autônomas, mas podem iniciar um processo que permitirá à Rússia avançar ainda mais sobre o território da Ucrânia.
Caráter simbólico
"[A separação da Ucrânia] seria um passo para o abismo para essas regiões. Aqueles que defendem a autonomia não entendem que isso significaria a destruição total da economia, dos programas sociais e da vida em geral, para a maioria da população nessas regiões”, afirmou o presidente ucraniano em exercício, Aleksander Turchinov, que considera as votações ilegais.
Em março, a península da Crimeia votou pela independência da Ucrânia e passou a ser governada pelas leis russas, apesar de o resultado da votação, que foi feita à revelia do governo ucraniano, não ser reconhecida por organismos internacionais.
Diferentemente do que ocorreu com a Crimeia, as novas consultas populares não têm o poder de tornar as províncias autônomas, mas podem iniciar um processo que permitirá à Rússia avançar ainda mais sobre o território da Ucrânia.
Caráter simbólico
Mesmo esses grupos separatistas não representando o poder constituído – a ocupação de prédios governamentais foi feita à força –, a consulta tem um caráter simbólico do clima pró-Rússia instaurado na região, onde a maioria da população fala russo, e o resultado pode acirrar ainda mais os ânimos.
A Crimeia, península agora controlada pela Rússia, por outro lado, já era uma região autônoma que, embora pertencesse à Ucrânia, possui parlamento próprio. Portanto, tinha poder para realizar a consulta na qual 96,8% da população votou por se anexar à Rússia.
Porém, em ambos os casos, a comunidade internacional não reconheceu a legitimidade dessa opção.
A Ucrânia possui 45 milhões de habitantes, dos quais 16% moram em Donetsk e Luhansk, regiões que concentram as atividades mineradora e industrial do país. Próximas às margens do rio Donets, as atividades de extração de ferro e carvão mineral tornam as localidades uma das mais densamente povoadas da Ucrânia.
Nas duas regiões, rebeldes tomaram vários prédios governamentais. Em 6 de abril, os grupos presentes em Donetsk autoproclamaram uma “república popular independente”.
"O referendo é o único meio de evitar a escalada da violência e da guerra", declarou o diretor da comissão eleitoral de Donetsk, Roman Liaguin.
"Se a resposta ao referendo for 'sim', isto não significa que nossa região vai unir-se à Rússia", observou. A organização montou 1,5 mil postos de votação.