Relatório de peritos do Conselho de Segurança da ONU, publicado em 6 de Março deste ano, revela detalhes de como o Porto de Mariel, em Cuba, recentemente reformado pelo conglomerado brasileiro Odebrecht com aporte de recursos do BNDES da ordem de US$ 900 milhões e forte articulação política do governo brasileiro, foi usado para o contrabando de 240 toneladas de armas, incluindo mísseis e armamento pesado, para a Coréia do Norte.
O relatório explica, inclusive, a razão da escolha do Porto de Mariel para estas transações criminosas, de modo a impedir a detecção da carga ilegal e evitar o seu rastreamento. É o site Capitol Hill Cubans (http://www.capitolhillcubans.com/2014/03/why-odebrechts-port-was-chosen-for.html) o primeiro a trazer a matéria à tona.
Confira o relatório da Organização das Nações Unidas que denuncia a operação:http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/2014/147. É recomendada especial atenção aos anexos do relatório, especialmente do anexo IX ao XXI.
Por Gabriel Castro:
(…) Um relatório elaborado por um painel de especialistas do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que Cuba utilizou o Porto de Mariel para abastecer com 240 toneladas de armamento um navio norte-coreano, em descumprimento a sanções internacionais contra o regime autoritário da Coreia do Norte. A operação, realizada há menos de um ano, fracassou porque a carga secreta foi descoberta por autoridades do Panamá, já no caminho de volta à Ásia.
Por causa do flagrante, foi possível encontrar os registros de navegação e reconstituir a rota do navio: em 4 de junho, o cargueiro Chong Chon Gang parou em Havana, onde descarregou rodas automotivas e outros produtos industriais. Em 20 de junho, o navio aportou secretamente em Mariel. Lá, o material bélico foi embarcado. Em 22 de junho, o Chong Chon Gang chegou a Puerto Padre, onde recebeu a carga de açúcar que seria usada na tentativa de esconder o armamento.
A maior parte da carga era formada por componentes que seriam usados em mísseis terra-ar, dos modelos C-75 Volga e C-125 Pechora. Dois caças MiG-21, desmontados, estavam no carregamento. Muita munição foi encontrada. Também havia lançadores de mísseis, peças de radares, antenas, transmissores e geradores de energia. Para diminuir os riscos, parte do material enviado recebeu uma nova mão de tinta: os containers perderam a cor verde, indicativa da carga militar, e foram pintados de azul.
Entre os fatos que chamaram a atenção dos investigadores, aparece justamente a escolha pelo Porto de Mariel: o relatório cita que a opção, em detrimento de Havana e Puerto Padre, é mais uma prova das más intenções de cubanos e norte-coreanos. “A carga foi aceita pelo navio sem os documentos básicos de envio, recibos de carregamento, relatórios de carregamento e relatórios de inspeção de carga”, diz o texto da ONU. O navio Chon Chong Gang trazia uma declaração falsa de que carregava apenas açúcar-mascavo. E, na lista de portos pelos quais a embarcação passou, não há referência a Mariel.
Os dois governos admitem que Cuba estava enviando as armas para a Coreia do Norte, mas alegam que o material passaria por reparos e seria devolvido à ilha dos irmãos Castro. O painel da ONU não se convenceu: o fato de a carga estar escondida se soma a orientações por escrito, encontradas a bordo, orientando a tripulação a preparar uma declaração falsa e enganar as autoridades do Panamá. O relatório fala em “clara e consciente intenção de burlar as resoluções”.
As sanções que proíbem a venda de armas para a Coreia do Norte são consequência da insistência do regime comunista em manter seu projeto nuclear, inclusive para fins militares.