Aeronave de transporte militar russo-ucraniana passou nos testes oficiais, mas não será fabricada.
Tatiana Russakova | Gazeta Russa
O An-70 passou em todos os testes oficiais, em que foram verificados os sistemas da aeronave e sua capacidade de decolagem e pouso curtos, a precisão do equipamentos de navegação, o esforço estrutural e as capacidades da aeronave em transportar específicos tipos de cargas. Mesmo assim, os responsáveis pelo projeto garantem que os testes prévios à produção em série estão fora de questão.
Antonov An-70 |
O Ministério da Defesa russo havia planejado a produção de 60 unidades do modelo An-70, justamente por ser um avião de transporte médio capaz de executar tarefas táticas e utilizar pistas curtas. Ao lado do cargueiro pesado russo Il -76, o An-70 iria atualizar a frota de aeronaves de transporte militar, substituindo o obsoleto An-12.
Com o abandono do projeto, a necessidade russa de um avião de transporte será em parte suprida pelo IL-76, e no futuro pelo novo Avião de Transporte Multiuso (MTS), em parceria com a Índia. “Apesar de poder utilizar pistas não pavimentadas, o MTS terá uma capacidade de carga de menos da metade do An-70”, afirma Panteleev.
A salvação do An-70 poderia vir da exportação para terceiros países, segundo o especialista. “O know-how do avião e dos motores pode ser vendido e seria um negócio interessante para a China e Brasil”, admite Panteleev, embora demonstre ceticismo em relação à ideia. O início da produção em série organizada somente pela Ucrânia também é improvável.
Fadado ao fracasso
Vítima da conjuntura política entre os dois países envolvidos, o projeto já esteve várias vezes prestes a ser cancelado. Durante a presidência de Viktor Iuschenko, entre 2005 e 2010, a cooperação russo-ucraniana em torno do An-70 praticamente entrou em colapso. Os trabalhos foram retomados somente quando Viktor Ianukovitch subiu ao poder.
Apesar da série de contratempos que perseguem o An-70, esse cargueiro militar é amplamente aguardado por especialistas militares mundo afora. Durante a feira internacional de aviação Maks-2013, percebeu-se um evidente aumento do interesse pela aeronave, depois de o enorme cargueiro turboélice de asa alta realizar uma série de voos de demonstração.
A União Europeia tentou criar uma aeronave análoga – A-400M –, mas essa tentativa sofreu dificuldades, e o avião resultante apresenta características piores do que as do An-70, que pode decolar e pousar em pistas curtas (600 a 800 metros) não pavimentadas e voar a uma distância de até 7.800 km. Com uma carga de 20 toneladas, o alcance útil chega a 3.000 km.