Chanceler russo disse que forças não respondem a Moscou.Ocidente discute potencial resolução para crise com escalada militar.
Do G1, em São Paulo
O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse nesta quarta-feira (5) que a Rússia não pode mandar os grupos armados pró-Rússia na região ucraniana da Crimeia de volta para suas bases porque se tratam de forças de "autodefesa" que não respondem ao governo russo.
Países ocidentais estão discutindo uma potencial resolução sobre a crise provocada pela intervenção russa na Crimeia, segundo a qual a Rússia teria de mandar suas tropas de volta para as bases na península no mar Negro e permitir a entrada de monitores internacionais.
Falando em Madri em declarações transmitidas pela televisão russa, Lavrov repetiu que os homens armados que estão na região não são tropas russas, disse que homens da Marinha russa estão em suas posições normais e afirmou que é responsabilidade das autoridades ucranianas e da Crimeia garantir o acesso de observadores internacionais.
"Eu gostaria que explicassem o que são as forças pró-Rússia: se são as forças de autodefesa criadas pelos habitantes da Crimeia, nós não temos nenhuma autoridade sobre elas. Não recebem nossas ordens".
"Os militares russos da frota do Mar Negro estão em suas posições de destino e adotaram medidas de alerta especial e controle de toda a frota o Mar Negro", completou.
Lavrov também disse que a Rússia não vai permitir um banho de sangue na Ucrânia . “Não vamos permitir um derramamento de sangue, não vamos permitir atentados contra a vida e a saúde daqueles que vivem na Ucrânia, e também dos cidadãos russos que vivem na Ucrânia”, afirmou.
Crise e ofensiva militar
Depois de mais de três meses de crise política na ex-república soviética que resultaram na destituição do presidente Viktor Yanukovitch, a tomada de controle da maior parte da Crimeia por forças russas provocou tensões inéditas entre Moscou e os países ocidentais desde o fim da União Soviética.
O secretário de Estado americano, John Kerry, acusou a Rússia, na terça-feira em Kiev, de "estar trabalhando duro para criar um pretexto que permita seguir invadindo" a Ucrânia, ao mesmo tempo que, em Washington, o presidente Barack Obama colocou em dúvida a boa vontade do presidente russo, Vladimir Putin, ao afirmar que suas declarações "não enganam ninguém".
Ao quebrar o silêncio, Putin havia negado um pouco antes em uma entrevista o envolvimento das tropas russas na Crimeia e denunciou um "golpe de Estado" contra Yanukovytch.
Depois de Madri, onde Lavrov se reuniu na terça-feira com a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton, assim como com o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy e com o rei Juan Carlos, o chanceler russo deve viajar a Paris para um encontro com Kerry.