Tiroteio e manifestações marcaram o dia a dia da Crimeia e Sevastopol após assinatura de acordo de adesão à Rússia. Enquanto isso, militares ucranianos começam a deixar o território da península.
Anna Fefiólova, especial para Gazeta Russa
Os primeiros dias depois da assinatura do acordo de adesão foram ensombrados por um trágico incidente nas novas regiões russas. Na terça-feira passada (18), um membro da unidade de autodefesa e um soldado ucraniano foram vítimas de disparos de um sniper em Simferopol, além de deixar outros dois feridos.
O Ministério do Interior da Crimeia acredita que o tiroteio foi uma provocação com objetivo de semear nervosismo e dificultar a situação no dia da reunificação da região à Rússia. Segundo o chefe do Conselho de Ministros da Crimeia, Serguêi Aksenov, o ataque foi organizado na mesma linha que os disparos feitos contra os manifestantes na Maidan, em Kiev. “Eles dispararam a partir de um mesmo ponto em duas direções diferentes: sobre os soldados ucranianos e sobre os nossos homens da unidade de autodefesa”, conta.
Após a ocorrência, o Ministério da Defesa ucraniano autorizou os militares nacionais na Crimeia a utilizarem armas. O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Iatseniuk, tentou culpar a Rússia pelo incidente e levar a questão para o nível internacional, anunciando que “os militares russos começaram a atirar sobre soldados ucranianos” e que “o conflito passou da esfera política para a militar por causa das tropas russas”. Iatseniuk exigiu ainda a convocação de uma comissão com a participação dos ministros da Defesa da Ucrânia, EUA, Reino Unido e Rússia.
Nesta quarta-feira, o premiê instruiu o ministro da Defesa ucraniano, Igor Teniukh, e o primeiro vice-premiê, Vitáli Iarema, a seguirem urgentemente para a Crimeia a fim de resolver a situação. No entanto, nenhum dos dois foi autorizado a entrar no território da península. Foi então que, na mesma manhã, aconteceu um outro incidente na Crimeia.
Os moradores de Sevastopol e representantes das unidades de autodefesa tomaram a sede da Marinha ucraniana, apesar de as tropas ucranianas tentarem criar um cordão de isolamento. No local das bandeiras ucranianas, os manifestantes hastearam as bandeiras da Federação Russa e de Santo André (Marinha russa). Em seguida, organizaram um corredor para os militares ucranianos deixarem o território da sede.
Lá permaneceram apenas os participantes da manifestação em apoio à entrada de Sevastopol na Rússia, que propuseram aos militares ucranianos se unirem aos habitantes locais ou deixarem o território de Sevastopol e da Crimeia.
Cabe lembrar que a integração da Crimeia à Rússia pressupõe a inclusão das unidades militares ucranianas estacionadas em seu território nas Forças Armadas russas. “Os militares ucranianos podem se juntar às unidades militares da Crimeia e, posteriormente, ao Exército russo, ou então deixar a península por livre vontade”, declarou o assessor odo Kremlin, Dmítri Peskov.
Segundo relatos publicados pela mídia internacional, unidades das forças de segurança marítima ucranianas já começaram a abandonar a Crimeia, mas o destino dos restantes soldados ucranianos permanece sob questão.