Chanceler russo repetiu necessidade de cumprir acordo de paz assinado em 21 de fevereiro.
Anna Fefiólova, especial para Gazeta Russa
“Faremos de tudo para evitar tanto derramamento de sangue como atentados contra a vida e saúde dos habitantes da Ucrânia, incluindo os cidadãos russos”, declarou Serguêi Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia (FR), resumindo as negociações com seu homólogo espanhol, José Manuel García-Margallo.
O chanceler aproveitou para acusar o novo poder de Kiev de “manipular as relações entre a Rússia e seus parceiros ocidentais” quanto à frota russa do Mar Negro e à instalação de mísseis do sistema antiaéreo estadunidense na Ucrânia. “Não ouvi tal afirmação”, disse Lavrov, “se for verdade, estaríamos diante de mais uma tentativa (…) de manipular as relações entre a Rússia e o Ocidente (…) Acho que nossos colegas ocidentais entendem perfeitamente esse jogo.”
Segundo o ministro, uma vez que as decisões do parlamento ucraniano são ilegítimas, torna-se cada vez mais importante o cumprimento do acordo assinado entre o presidente deposto Viktor Ianukovitch e a oposição em 21 de fevereiro. “Estamos devendo o prometido. Há que se agir honestamente, sem manipulações nem jogadas arquitetadas em benefício próprio”, continuou Lavrov.
A crise ucraniana há havia sido abordada com Catherine Ashton, Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, a quem Lavrov comunicou que Moscou não pretende mudar de rumo político, criticando a UE e os EUA pelo desrespeito ao compromisso assumido.
Promessa unilateral
O ressentimento de Moscou não decorre apenas das ameaças de sanções. O jornal russo “Kommersant” confirmou a recente afirmação de Radoslaw Sikorski, ministro das Relações Exteriores da Polônia, de que Pútin convencera Ianukovitch a fazer concessões à oposição, em um telefonema no dia 21 de fevereiro.
De acordo com a mesma fonte diplomática citada pelo veículo, foi o presidente americano Barack Obama, juntamente com os líderes da Alemanha, França e Polônia, que pediram para Pútin influenciar Ianukovitch. Em troca, o Kremlin recebia garantias de que a oposição ucraniana cumpriria todos os pontos do Acordo de 21 de fevereiro, como a formação de um governo de união nacional, revisão da constituição, convocação de eleições antecipadas e recolha das armas ilegais.
“Ianukovitch cumpriu todas suas obrigações, enquanto a oposição não cumpriu nada”, lamentou a fonte. “Agora, a UE e os EUA querem que ‘olhemos para o futuro’, fingindo que não houve acordo nenhum. Para nós, isso é inaceitável.”
Com materiais do jornal Kommersant e da agência de notícias RIA Nóvosti