Recentes ataques aumentam especulações em torno de guerra cibernética no futuro próximo.
Dan Pototsky | Gazeta Russa
Na sexta-feira passada (7), o site do “Rossiyskaya Gazeta”, um dos maiores portais russos russos de notícia e jornal do qual a Gazeta Russa faz parte, ficou bloqueado por alguns minutos. “Não há dúvida de foi um ataque de hackers. Eles deixaram até sua assinatura – ‘Os Cem de Maidan’”, disse o editor-chefe, Vladislav Fronin. O título do jornal no Google também foi alterado para “pwned por CyberMaidan”.
A organização Kibersotnia, uma das suspeitas de conduzir o ataque, negou qualquer envolvimento em sua página no Facebook, dizendo “estar disposta a combater a propaganda russa”, mas isso não incluiria hackear o site do “Rossiyskaya Gazeta”. Mas fato é que, no domingo anterior (2), o site do canal estatal Russia Today já havia sido alvo de ciberterrorismo, e os invasores dão indícios que não pretendem se limitar a portais de informação.
Um dia antes do ataque ao site do “Rossiyskaya Gazeta”, o grupo de hackers Anonymous publicou na internet documentos incriminatórios de ações da Rosoboronexport (principal exportadora de armas da Rússia) e anunciou uma ciberguerra às empresas militares russas. De acordo com mensagem publicada no site cyberguerrilla.org, os hackers estão decididos a criar o máximo de problemas aos elementos de toda a infraestrutura da indústria de defesa nacional, por causa das recentes declarações de autoridades russas contra a Ucrânia.
“É claro que a nossa dependência da tecnologia nos tornaram potencialmente vulneráveis a ataques com objetivos muito diversificados. Já nos deparamos com a ação dos Anonymous em outros países e, apesar de todas as medidas, é pouco provável conseguir impedir ataques em um futuro próximo”, disse Vitáli Kamliuk, especialista do Kaspersky Lab, à Gazeta Russa. Os Anonymous já teriam também infectado computadores do Oboronprom, KB Sukhoi, Gazflot, UC Rusal, e Veles Capital.
Protesto on-line
Os últimos acontecimentos levantaram suspeitas de uma possível guerra cibernética em curso. “A guerra já está acontecendo e o seu objetivo principal é atacar a opinião pública”, garante Iliá Satchkov, diretor do Group IB, especializado na divulgação de crime cibernético. “Para criar agitação são usados recursos de informação: redes sociais, blogs e microblogs.”
Antes do ataque de uma das primeiras manifestações de armas cibernéticas na Rússia, o worm Stuxnet, poucas pessoas pensavam no que iria acontecer em caso de a guerra transitar para o espaço virtual. “A situação mudou dois anos atrás, quando as autoridades russas começaram a se preocupar com a questão”, diz especialista em segurança da informação da Cisco Systems, Aleksêi Lukatski. No ano passado, o Ministério da Defesa russo manifestou a sua prontidão em criar patrulhas especiais para repelir os ataques de outros países e, se necessário, contra-atacar.
Mas Kamliuk, do Kaspersky Lab, não acredita que os ataques da semana passada vão evoluir para tal cenário. “Não é muito apropriado falar de guerra cibernética, neste caso estamos lidando com hacktivismo. É uma forma de ataques cibernéticos como expressão de protesto político ou social”, disse à Gazeta Russa. “É muito mais fácil de atacar um site governamental ou informativo do que organizar um protesto ou manifestação real. Os hackers começam a revelar uma atividade particularmente ativa em condições de eventos políticos tensos.”