O cruzador Admiral Nakhimov receberá em breve novo armamento de ataque, novos complexos de defesa antiaérea e novos componentes eletrônicos. Qual o sentido da renovação radical do interior de um dos mais poderosos navios de guerra do mundo?
Iaroslav Viatkin | Vzgliad | Gazeta Russa
Os trabalhos de reforma e modernização do cruzador de batalha nuclear Admiral Nakhimov foram iniciados na Rússia este ano, com término previsto para 2018. O custo geral da reforma pode chegar a algumas dezenas de trilhões de rublos. O navio deve receber um conjunto de armamentos completamente novo e espera-se que possa servir à frota russa por mais uma década.
Os cruzadores de batalha nucleares do projeto 11442 Orlan têm como objetivo dar apoio às forças da Marinha que atuam em regiões distantes. Além disso, eles podem atacar grupos de porta-aviões e destruir submarinos nucleares e navios de superfície.
Com estrutura sólido, boa proteção e poderoso armamento de ataque e defesa, esse tipo de navio ficou conhecido pelos americanos como "cruzeiro nucleare de mísseis guiados" (BCGN – Battlecruiser Guided-Missiles Nuclear) e "couraçado lançador de mísseis".
O canhão principal
O conjunto de armamentos do navio é o principal alvo da modernização que será feita. O cruzador receberá um novo canhão principal, que será o lançador de mísseis P-700, com mísseis supersônicos antinavios de longo alcance de destinação operativa 3M45 Granit. Esses mísseis são capazes de romper praticamente qualquer defesa antiaérea, com perdas mínimas em distâncias de até 550 km. O 3M45 leva aos alvos uma ogiva semiblindada, cujo peso é de 750kg, envolvida em um invólucro robusto, resistente até mesmo a projéteis perfuradores de blindagem de 30mm, o que torna a tarefa de interceptação ainda mais difícil.
3M45 Granit |
A capacidade do novo complexo principal será de 80 canhões. Os mísseis antinavios serão do tipo P-900 3M55 Oniks e 3M54 Biriuza, com sistemas de armamento Kalibr.
3M54 Biriuza |
3M55 Oniks |
A modernização do Admiral Nakhimov tem oponentes e defensores. Os oponentes acreditam que essa classe de navios é "inútil como as pirâmides", e sua modernização é um gasto de dinheiro desnecessário.
Para eles, em vez de reformar o cruzador a Marinha russa poderia construir certa quantidade de corvetas e fragatas. Entretanto, a frota não pode ser constituída somente desses navios, são necessários navios centrais que possuam potencial máximo tanto de defesa antiaérea, quanto de ataque. O preço da modernização claramente não será maior que o custo de um bom contratorpedeiro, enquanto o potencial bélico é maior ao que parece.
Por outro lado, além dos Orlan, a frota precisa também de submarinos nucleares lançadores de míssil de cruzeiro do projeto 885M, de contratorpedeiros, de fragatas dos modelos 22350 e 11356R e de dezenas de corvetas. É necessário muito dinheiro para tudo isso. E vale lembrar que a Rússia é, em primeiro lugar, uma potencia continental. Ou seja, a frota marítima nunca foi e nunca será a prioridade das Forças Armadas do país.
Quem é o próximo?
Naturalmente, tamanha modernização exigirá a troca da maioria dos radares e equipamentos radiotécnicos do navio, bem como do complexo de computadores e recursos hidroacústicos, resultando em um navio totalmente diferente.
É sabido que a próxima embarcação que sofrerá uma reforma semelhante será o TARKR Pyotr Velikiy, que atualmente está em operação. Provavelmente ele será modernizado de forma mais rápida, pois se encontra em condição bem melhor. A reforma está prevista para terminar em 2021. À essa altura, uma quantidade suficiente de navios de novos projetos já estará pronta, compondo uma frota digna de exportação.
Publicado originalmente pelo Vzgliad