Defexpo 2014: os planos de construção de novos navios da Marinha de Guerra da Rússia e a cooperação técnico-militar com a Índia
Ilia Kramnik | Voz da Rússia
Na exposição Defexpo 2014, na Índia, o representante da empresa russa Corporação Unida de Construção Naval, Anatoli Shlemov, falou, em entrevista exclusiva à Voz da Rússia, sobre os planos de construção de novos navios da Marinha de Guerra da Rússia e sobre a cooperação técnico-militar com a Índia.
– A Índia recebeu recentemente o porta-aviões Vikramaditya de fabrico russo. Há planos para mais projetos conjuntos da mesma escala?
– Este projeto é o maior de toda a história da cooperação russo-indiana, mas estes trabalhos não se limitam ao Vikramaditya. A Rússia forneceu igualmente o equipamento técnico aeronáutico desenvolvido pelo gabinete de projetos Nevsky para o complexo indiano de simuladores para a aviação embarcada, assim como para o novo porta-aviões indiano do projeto 71. Além disso, estão em curso negociações para a assistência pós-garantia e para o acompanhamento do ciclo de vida útil do porta-aviões.
– Devemos esperar a futura construção de um novo porta-aviões para a Rússia?
– Estão a ser estudadas várias versões de um navio dessa classe, mas só se poderá dizer algo de concreto depois da aprovação do programa de longo prazo para a construção naval militar da Federação Russa, que deverá ser concluído este ano. Esse programa irá definir os parâmetros para as novas construções da marinha russa e as necessidades em navios das classes principais até 2050.
– O que nos pode dizer sobre a reparação do cruzador nuclear Admiral Nakhimov? Podemos considerá-la como uma preparação para a reparação do Petr Velikiy?
– Neste momento estão decorrendo os trabalhos de preparação e num futuro próximo o navio será colocado na bacia de aprestamento em que recentemente esteve o Vikramaditya. O prazo para a entrega do navio à marinha é até 2018. O cruzador irá durante a reparação aumentar as suas capacidades graças aos novos sistemas de armas e ao equipamento radioeletrônico. O Petr Velikiy também tem uma extrema importância para a marinha, ele cumpre um grande volume de tarefas. O navio entrou ao serviço em 1998 e desde então é ativamente utilizado. Está para breve a altura da sua reparação e ele deverá ser modernizado tal como o Admiral Nakhimov.
– Como estão decorrendo os trabalhos do projeto Lider? Qual será a sua classificação – será um contratorpedeiro ou um cruzador?
– No ano passado o Ministério da Defesa assinou um contrato para os trabalhos de desenvolvimento Lider para a construção de um navio de superfície oceânico. Por enquanto falamos de um navio de combate de superfície multifuncional oceânico, esse termo representa de uma forma mais completa as funções e as capacidades desse futuro navio.
A Marinha ainda não decidiu se quer um navio com uma unidade propulsora de turbinas a gás, nesse caso ele terá determinadas dimensões e deslocamento. Se for escolhida uma unidade propulsora nuclear, os parâmetros serão completamente diferentes. Quanto ao seu armamento, muito do que se prevê instalar no navio oceânico deverá ser desenvolvido para a fragata do projeto 22350 (classe de fragata multipropósito de alto mar desenvolvida para o reequipamento da Marinha de Guerra da Rússia).
– O que podemos dizer das perspectivas para as forças de desembarque da Marinha?
– O destino do Ivan Gren e em geral do projeto 11711 (classe de novos navios de desembarque grandes, destinados a forças de desembarque e transporte de material e equipamentos) está associado à alteração do caderno de encargos por parte da Marinha, mas esse navio será entregue no próximo ano. Está prevista a construção de mais 2 ou 3 navios de desembarque grandes desse projeto.
A frota de combate da Marinha de Guerra irá receber brevemente dois NDDH (navio de desembarque doca porta-helicópteros) da classe Mistral, mas se trata de navios bastante caros e eles não serão construídos em massa. Penso que a classe principal de navios de desembarque poderá ser um NDDH semelhante pela sua ideologia ao Rotterdam holandês, com um deslocamento de 13-15 mil toneladas. Desses navios podemos construir umas 6-8 unidades. Em conjunto com os Mistral, com o projeto 11711 e a reparação dos navios de desembarque grandes existentes, nós poderemos manter as nossas forças de desembarque a um nível.